Vivemos
na era da informação. Temos acesso a todas as ferramentas da informação.
Livros, revistas, jornais, televisão, rádio, internet, outdoor, entre outras.
Isso nos possibilita termos informações de praticamente todos os assuntos à
nossa volta. Porém em certos aspectos, como no cristianismo, acúmulo de
informações não significa conhecimento propriamente dito. Eu vou explicar.
Muitas pessoas que se dizem cristãs, frequentadoras de igrejas ou não, têm
todas as informações necessárias sobre Jesus Cristo, O Filho de Deus e nosso
Salvador, mas não o conhecem de fato.
Frequentam
igrejas, algumas são essencialmente religiosas, e apresentam um estereótipo de
piedade, e vou mais além, algumas até são realmente piedosas, porém não
conhecem Jesus na sua essência, de experimentar, de seguir, de viver. Jó após
sofrer terríveis calamidades dessa vida algoz, chega a conclusão que todas as
informações a respeito de Deus não passava de mera teoria, apesar de ser um
homem íntegro, temente a Deus e que se desviava do mal. Ele fala sobre o
conhecimento de Deus no capítulo 42.1-6 e no versículo 5 ele confessa que saiu
da teoria pois só conhecia a Deus de ouvir falar mas agora seus olhos o
contemplavam, pois ele provou o poder de Deus na sua vida. Jó se submete ao
ensino do Senhor e passa a conhecê-lo.
Na
última semana de Jesus em Jerusalém, um povo que tinha todas as informações a
respeito de Jesus, o Messias, mas não o conhecia, o aclamou como rei (Lucas
19.28-40), isso, no domingo. Porém, no fim dessa semana, esse mesmo povo
reunido numa espécie de júri popular, respondeu a pergunta de Pilatos sobre
qual seria o destino de Jesus dizendo: "Crucifica!" (Lucas 23.13-25).
O mesmo povo que o aclamou pediu também sua condenação.
Percebemos
que acúmulo de informações não significa necessariamente conhecimento, assim
como inteligência nem sempre redunda em sabedoria. Mas eu queria que você
atentasse agora para um grupo de seguidores de Jesus (seus discípulos), que
também evidenciaram em suas atitudes de uma forma clara e perceptível não
conhecerem de fato e de verdade quem é Jesus.
Pouco
antes de ser capturado no Getsêmani pela guarda romana, Jesus se retira para
esse local com o intuito de orar, provavelmente se preparando psicologicamente,
emocionalmente, fisicamente, e espiritualmente para o que estava por acontecer.
A partir de então, detectamos algumas atitudes que evidenciam que não somente
os discípulos mas muitos hoje também, afirmam conhecer a Jesus mas não o
conhecem. Vejamos quais são essas atitudes:
1) QUEM NÃO CONHECE A JESUS, O
ABANDONA EM TEMPOS DE ANGÚSTIA (LC. 22.39-46)
Notem meus queridos, que lá
no Getsêmani, os discípulos estavam entristecidos, e dormiam de tristeza. Pode
ser que foram acometidos por uma tristeza indizível, o que poderíamos até
inferir que estavam depressivos naquele momento, buscando refúgio no sono. Mas
se eles sabiam que as notícias não eram tão agradáveis pois o mestre os
advertiu, deveriam ter olhado para o que o próprio Jesus estava por enfrentar.
Mas eles o deixaram sozinho numa hora de angústia. Jesus sabia que dali a
poucas horas a guarda romana o levaria algemado para a condenação, e ele bem
conhecia o tipo de morte que enfrentaria. Jesus sentiu falta da companhia de
seus amigos. Eles o deixaram. Foram tomados de uma terrível depressão, que os
levou a dormir (Lc. 22.45), ao invés de fazerem companhia para Jesus em oração.
Aqueles
que conhecem a Jesus de experimentar, e não somente de ouvir, não o abandonam
jamais, porém vão até o fim. Jesus mesmo já sabia que isso ia acontecer. Mateus 8.20: "Respondeu-lhe Jesus: as raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça." O Apóstolo Paulo também se sentiu abandonado pelos seus amigos (2 Timóteo 4.16). Quem realmente conhece a Jesus persevera até o fim, e não o abandonam.
Muitos afirmam conhecê-lo, mas quando estão cercados por muitas circunstâncias difíceis, o desejo é, na verdade de salvar sua própria pele, como aconteceu com os discípulos após a prisão de Jesus. Quem quer seguir a Jesus sem aprender com ele, mais cedo ou mais tarde irá abandoná-lo. Não abandone a Jesus, meu querido. Fique perto dele, e ouça a sua voz: "orai para que não entreis em tentação." (v. 40).
2) QUEM NÃO CONHECE A JESUS SE PRECIPITA EM SUAS ATITUDES (LC. 22.47-53)
Notem que nesse bloco de versículos, Jesus estava já sendo capturado, e a partir de então ele seria ainda mais humilhado pelos homens e posteriormente condenado. Jesus alertava seus discípulos e no verso 47 ele falava ainda com eles quando foram cercados pela guarda romana. No meio desse alvoroço Pedro sacou de sua espada (v.50; João 18.10) e na tentativa de iniciar talvez um grupo de resistência à ditadura romana, cortou a orelha de um soldado chamado Malco (v. 50; João 18.10).
Sem sombra de dúvidas foi uma atitude muito precipitada, pois não era o plano de Jesus causar uma rebelião, nem tampouco resistir a essa prisão, uma vez que ele mesmo afirmou que se quisesse receberia o livramento de doze legiões de anjos, bastava ele clamar ao Pai (Mateus 26.53 e 54). Isso prova meus queridos que muitos que querem seguir a Jesus sem conhecê-lo realmente vivem uma vida regada de atitudes precipitadas, muitas vezes impulsionados pela euforia do momento, talvez pelo desespero, ou mesmo na tentativa de ajudar.
Quem conhece a Jesus, não somente experimenta sua vontade mas também a concretização dos planos de Deus na sua vida, e não tomará nenhuma atitude precipitada, mas aguardará as diretrizes do Mestre. Jesus frustra os desígnios de todos os que queriam se tornar subversivos e tomar o reino pelo intermédio de espadas e derramamento de sangue. Jesus ensina seus discípulos que seu reino é autenticado pelo seu próprio sangue derramado na cruz do calvário. Quando conhecemos Jesus de verdade experimentamos sua vontade e não tomamos atitudes precipitadas.
3) QUEM NÃO CONHECE A JESUS O NEGA EM MOMENTOS DE PRESSÃO (LC. 22.54-62)
Parece ser essa uma atitude alarmante, mas infelizmente é a atitude mais comum que ladrilham a caminhada de muitos cristãos. Eu e você conhecemos cristãos nominais, talvez até com uma forte empolgação a seguir a Jesus, mas quando o obstáculos surgem, infelizmente negam a Jesus para salvarem sua própria pele. Também identificamos facilmente cristãos nominais que estão atrás de Jesus apenas interessado nas bênçãos que pode oferecer, mas sem atentar para a linda, gloriosa, brilhante, mas pedregosa carreira cristã.
E quando são colocadas num labirinto sem saída, a única forma que encontram para escaparem das retaliações da vida, é negarem a Jesus. Os discípulos juntamente com Pedro negaram a Jesus. Digo que todos o negaram porque ninguém ficou perto. Todos se espalharam com medo de serem também condenados. Mas Pedro evidencia essa negação ao declarar três vezes que não conhecia a Jesus. Na verdade ele realmente não o conhecia no sentido de entender os planos proféticos de Deus, e idealizar um Jesus que nunca existiu. O Jesus revolucionário (v. 49). Nós negamos a Jesus cada vez que cedemos às pressões e isso mostra um desconhecimento relacional, isto é vivemos um cristianismo de teoria, e não de prática.
Após ser restaurado por Jesus (João 21.15-19), logo após a ressurreição, Pedro se tornou um dos mais proeminentes apóstolos de Cristo Jesus, a ponto de morrer também crucificado de cabeça para baixo, como conta a tradição, assumindo sua identidade, revelando agora uma nova visão de quem é o Filho de Deus.
Cada vez que pecamos contra Deus agimos como se não conhecêssemos a Jesus. Cada vez que demonstramos que não conhecemos a Jesus, nós o negamos em muitos episódios de nossa vida. Quem conhece a Jesus, assume não somente sua identidade como cristão, mas também o ônus de todas as desventuras que nos sobrevém muitas vezes apenas por servirmos ao Senhor.
4) QUEM NÃO CONHECE A JESUS ZOMBA DE SUA PESSOA E OBRA (LC. 22.63-65).
Poderiamos estabelecer um perfil psicológico, e comportamental de muitos personagens inseridos no enredo da crucificação. Judas traiu a Jesus, os demais discípulos o deixaram sozinho, Pedro se precipitou e o negou, os soldados escarneceram dele, etc.
Esse escárnio se evidencia, nas atitudes de vendar os olhos de Jesus, e mandar que ele descubra quem o espancou. Estavam "brincando" com a onisciência de Jesus. Eles bem tinham ouvido que Jesus era o Messias, o Mestre, O Filho de Deus, O Rei dos reis, O Senhor dos Senhores e Profeta de Deus. Mas nenhuma dessas informações os levaram a conhecerem a Jesus. Continuaram de corações duros, brincaram a valer com coisa séria.
Percebo hoje muitos cristãos nominais zombando de Jesus, brincando com coisa séria. O próprio Pedro, se envolveu nas zombarias, uma vez que se infiltrou na roda dos escarnecedores que estavam aguardando o desfecho dessa história (v. 54-60). Na realidade Pedro não deveria estar entre eles. Há muitos cristãos nominais hoje assentado na roda dos escarnecedores participando de brincadeiras, piadas e ofensas às coisas de Deus, brincam com a Palavra, contam até anedotas irônicas que afrontam os atributos de Deus.
Os soldados assim o fizeram porque não conheciam a Jesus a pesar de terem todas as informações a respeito dele. Mas preferiram a escura e escorregadia estrada da zombaria. As Escrituras nos advertem quanto à zombaria contra Deus: "Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isto também ceifará." (Gálatas 6.7). Quem zomba de Jesus não o conhece.
Concluindo, quero salientar mais uma vez, que acúmulo de informações não significa necessariamente conhecimento. Conhecimento para mim é aplicação do que aprendemos. Não podemos acumular informações a respeito de Jesus e vivermos uma vida medíocre. Isso não é conhecer a Jesus. Conhecer é experimentar, viver, servir, se entregar por inteiro, e provar do cumprimento da vontade do Senhor que é boa, perfeita e agradável. "Corramos e prossigamos em conhecer o Senhor". (Oséias 6.3). Deus te abençoe, em nome de Jesus.
Reverendo Adeir Goulart da Cruz.