quinta-feira, 31 de março de 2011

“Santos Ladrões”

      Sei que o titulo parece ser uma grande uma desfaçatez, um equívoco. Mas o título é irônico mesmo. Um ladrão pode ser santo? Eu não quero dizer que é alguém santificado, mas me refiro a alguém que está inserido num ambiente sagrado, lida com coisas sagradas, e rouba algo sagrado. Me refiro a crentes, que segundo a Palavra de Deus são santos (Dt. 14.2). Me refiro a “santos” roubando coisa santa, isto é, algo que é única e exclusivamente de Deus.
      Mas isso é possível? “Roubará o homem à Deus”? É a pergunta que Deus faz ao seu povo em Ml. 3.8. O povo era tão infiel que não se dava conta de que estavam tomando posse do que não era seu. Eles roubavam a Deus e se perguntavam: “Em que te roubamos?” O próprio Deus responde a pergunta: “Nos dízimos e nas ofertas” (Ml. 3.8). Como o homem pode roubar a Deus? Retendo seu dízimo e a oferta que é do Senhor.
      Percebo que crente que rouba o Senhor tem algum problema não financeiro apenas, mas principalmente espiritual. É um ladrão e os ladrões segundo a Palavra não tem parte com Deus.
      Muitos crentes hoje se disfarçam de uma pseudo santidade e se apresentam diante das pessoas em locais públicos mostrando sua piedade, levantando as mãos (as mesmas que roubam), choram, riem, sapateiam (?), caem no chão, oram em voz alta, falam em línguas (?), profetizam (?), são “arrebatadas” (?) depois de tanto êxtase, externando para as pessoas que são os crentes mas consagrados do mundo. Mas são ladrões demagogos, piores do que os políticos que roubam, pois roubam coisas santas. E eu me pergunto: será que Deus aceita essa adoração?
      Penso que uma das formas de se medir a temperatura espiritual da igreja é, de fato o nível de fidelidade nos dízimos e ofertas. Por outro lado não podemos atribuir santidade simplesmente pelo fato de alguém ser dizimista, pois há pessoas que dão por obrigação. Para mim, quem não é dizimista é ladrão e não se converteu inteiramente ao Senhor Jesus.
      Há muitos “santos” dormindo com o devorador, porque roubam de Deus e o devorador roubará o que sobrar, para que não sobre nada.
      Porque existem “santos ladrões” entre nós? 1) não se converteram totalmente; 2) duvidam do poder e da provisão divina; 3) não crêem nas promessas divinas; 4) são avarentos e só pensam em dinheiro; 5) são egoístas e querem que Deus lhes dê atenção total e exclusiva, afinal, são santos; 6) não estão com o coração na obra, pois roubam do próprio Deus; 7) pensam que na igreja há pessoas ricas e que sua contribuição não vai fazer falta; 8) interpretam o texto sem contexto para virar pretexto para roubar de Deus; 9) não conhecem a Bíblia; 10) não amam a Deus completamente.
      Dois resultados podemos esperar dependendo de nossa atitude: Maldição, quando se rouba de Deus (por mais santo e piedoso que você seja - Ml. 3.9) e Bênção sem medida, quando se é fiel a Deus (Ml. 3.10).
      Minha oração hoje, é uma das orações mais perigosas e poderosas que um crente pode fazer: “Deus abençoe o crente fiel e cumpra sobre ele todas as suas promessas decorrentes de sua fidelidade e que o crente fiel seja cada vez mais fiel e abençoado por ti; E não abençoe os ladrões, mas feche as portas para eles, para que se convertam ao Senhor e abandonem a infidelidade. E que na tua igreja, Senhor só existam santos fiéis e não “santos ladrões”. Em nome de Jesus, Amém”.

Reverendo Adeir Goulart da Cruz.



domingo, 27 de março de 2011

A MENSAGEM DA CRUZ (1º CORÍNTIOS 1.18-25)

       O evangelho está se espalhando na medida em que o reino do Messias progride. Igrejas estão sendo plantadas, comunidades se espalham por toda a parte, e ser evangélico hoje traz para uma boa parte das pessoas uma conotação completamente financeira, e centrada na pessoa do homem.
      Na medida em que muitas pessoas são atraídas por uma proposta inovadora, percebemos também um aumento das fábulas, heresias e ensinamentos profanos. Muitas pessoas, embora sejam evangélicas estão longe da cruz de Cristo. Talvez nunca estiveram perto dela.
Na realidade, com o avanço do evangelho da prosperidade, da confissão positiva, de ministrações proféticas, muitos hoje simplesmente odeiam a cruz de Cristo.
       Com toda a certeza, a cruz usada na antiguidade, como uma pena capital estabelecida pelos romanos, era sinal de maldição, humilhação e morte. Porém, para a Igreja Salva e remida em Cristo Jesus, hoje, é sinônimo de benção, glorificação e vida eterna.
      Há muitos líderes religiosos que estão se tornando hoje, inimigos da cruz de Cristo, como se vê em Filipenses 3.17-21. Paulo os chama de inimigos da cruz, porque eles a rejeitam, e vivem suas vidas centradas em si próprios, buscando sua satisfação pessoal.
      Hoje, há muitos inimigos da cruz de Cristo espalhados pelas igrejas afora. Pessoas que usam o evangelho para o bel prazer humano, sem compromisso com a cruz. Não há evangelho sem a cruz; não há benção de Deus sem a cruz, não há salvação sem a cruz. A cruz é na verdade o resumo de tudo o que nós cremos, tudo o que buscamos e a ponte que nos conduz aos aposentos celestiais (João 14.6).
      Paulo ao escrever sua epístola aos crentes em Corinto, precisamente no capítulo 1, ele pretende mostrar que todos aqueles que amam e abraçam a mensagem da cruz, tem suas vidas completamente transformadas por meio do Redentor, Jesus Cristo.
      Na dispensação da graça nos primeiros séculos da igreja primitiva, haviam pessoas de diversos povos que deveriam ouvir essa mensagem. Os judeus pediam sinais do cumprimento profético das Escrituras; os gregos desejavam uma explicação lógica e racional para o evangelho de Cristo Jesus, isto é, sabedoria, e os gentios no meio desse fogo cruzado buscavam uma direção para suas vidas.
      Paulo pregava a esse grupo de pessoas fazendo apologia a um evangelho centrado na cruz, isto é, na morte e na ressurreição de Cristo.
      Por isso, amamos a cruz de Cristo, não como um objeto de adoração que se pendura na parede ou no pescoço, mas como símbolo da nossa redenção, da misericórdia de Deus, da nossa justificação e da nossa ressurreição gloriosa.
      Não devemos odiar a Cruz, nem o que ela significa para nós. Devemos amar a mensagem da cruz porque:
      1) A MENSAGEM DA CRUZ É O PODER DE DEUS, PARA OS SALVOS (1Coríntios 1.18)
      O poder da cruz não é manifesto quando a penduramos numa parede ou no pescoço, mas sim, quando anunciamos a sua mensagem salvífica, pois aquele que foi pendurado nela, nela morreu, mas ressuscitou ao terceiro dia e foi glorificado como o Rei dos Reis ressurreto.
      Essa mensagem é poderosa para livrar o homem de seus pecados;
      Essa mensagem é poderosa para salvar o homem da perdição eterna;
      Essa mensagem é poderosa para restaurar famílias;
      Essa mensagem é poderosa para trazer alegria;
      Essa mensagem é poderosa para trazer paz;
      Essa mensagem é poderosa para nos ressuscitar no último dia;
      Essa mensagem é poderosa para nos dar esperança de que um dia estaremos com o Senhor na eternidade.
      2) A MENSAGEM DA CRUZ É A ÚNICA MENSAGEM QUE PRECISAMOS (1 Coríntios 1.22-24)
      Os gregos pediam sabedoria para entenderem o poder de Deus, e os judeus pediam um sinal para constatarem o poder de Deus. Mas a mensagem que Paulo não abre mão é, ao mesmo tempo a sabedoria de Deus, e o poder de Deus. Paulo entendeu que a mensagem que todo homem precisa, seja qual for sua raça ou etnia, é a mensagem da Cruz (2 Coríntios 2.1-5).
      Existem dois extremos: de um lado muitos hoje pedem somente explicações racionais e querem até mesmo questionar a natureza dos milagres históricos de Jesus e dos milagres hodiernos. Se a razão não explicarem, não crêem.
      Do outro lado existem aqueles que querem sinais sobrenaturais o tempo todo. Usam a cruz como objeto de adoração, invalidam a obra que Jesus já realizou na cruz do Calvário, e se tornam inimigos da cruz de Cristo, odiando-a e usando-a como algo mágico simplesmente para resolver seus problemas particulares. São os inimigos da cruz.
      A mensagem que conheço que transformou minha vida e a vida de muitos que hoje se encontram aqui, é Cristo, crucificado e ressurreto, o resto é entretenimento de bodes, um show, um engodo do inimigo para aprisionar almas num sistema religioso herético. Somente Jesus pode transformar nossas vidas.
      3) A MENSAGEM DA CRUZ NOS DÁ SEGURANÇA AQUI E NO PORVIR (João 3.16)
      Existe uma matéria muito bela e profunda na teologia sistemática, ensinada por Calvino e Louis Berkhof chamada União Mística de Cristo com a Igreja. Isso significa que estamos unidos a Cristo na sua crucificação, na sua morte, na sua ressurreição, na sua ascensão, na sua glorificação e no seu reino eterno. Isso significa que se estamos unidos a ele em toda sua vida, também temos segurança de que ele nos abençoará aqui e na eternidade, já que essa união é total, indissolúvel e eterna.
      O que nos faz crer nessa união que nos traz segurança é a cruz, que foi símbolo de tortura e humilhação para Jesus, mas para nós símbolo de redenção, pois a maldição foi removida.
      A mensagem da Cruz nos dá a certeza de que pertencemos eternamente à Jesus;
      A mensagem da Cruz nos dá a segurança de que estamos salvos;
      A mensagem da Cruz nos dá alegria em Cristo Jesus;
      A Mensagem da Cruz nos dá a certeza de que Jesus olha por nós aqui e na eternidade.
      Não seja mais um inimigo da Cruz de Cristo.
      Viva o evangelho transformador de Cristo, não o evangelho massageador do ego humano.
      Não perverta essa mensagem.
      Não dê crédito à outro evangelho.
      Seja fiel à esta mensagem e ore a Deus para que as novidades e as fábulas heréticas não lhe enganem.
      Amamos a cruz, pois ela nos proporcionou a reconciliação com Deus por intermédio de Jesus.
      Que Deus nos ajude nessa árdua, mas gloriosa tarefa em nome de Jesus, amém.

Reverendo Adeir Goulart da Cruz

domingo, 13 de março de 2011

ANTES DE CRISTO/DEPOIS DE CRISTO (2 CORÍNTIOS 5.17)

      Podemos dividir nossa vida da mesma forma em que se divide a cronologia cristã. Antes de Cristo e Depois de Cristo. AC/DC. E de fato, há uma linha tênue e ampla que separa esses dois extremos.
      O Apóstolo Paulo ao escrever aos crentes de Éfeso, no capítulo 2 de efésios versículo 2, afirma que nos antes de Cristo éramos desobedientes, seguíamos o curso deste mundo sob a influência do inimigo, e do espírito que atua nos filhos da desobediência. Antes de Cristo estávamos mortos em nossos delitos e pecados.
      Essa morte a princípio se refere à morte espiritual, que separa eternamente todos do criador, concedendo-lhes a perdição eterna. Mas se estávamos mortos em nossos delitos e pecados no sentido de salvação eterna, podemos inferir que todas as outras áreas de nossas vidas também estavam mortas, pois não havia a presença de Cristo nem sua aprovação gloriosa e soberana. Toda a nossa vida estava morta espiritualmente falando, pois nenhum de nossos esforços poderia reverter esse quadro.
      Porém com a encarnação de Jesus, o Verbo de Deus, experimentamos a realidade transformadora do que chamamos de “Depois de Cristo”. O quadro aterrorizante de morte total em nossas vidas foi revertido pelo poder sobrenatural de Cristo Jesus, nosso redentor.
      O apóstolo Paulo ao escrever para os crentes de Corinto, o fez porque essa comunidade não estava vivendo o novo de Deus. Marcas da antiga vida ainda afetava a vida dos crentes dessa cidade. Havia nessa comunidade cristã competições, imoralidade, facções, inveja, fanatismo religioso, litígio, e muitos outros problemas que na realidade demonstravam nesses irmãos que o velho homem não tinha de fato sido mortificado e sepultado.
      Com toda a certeza, outros problemas eram vividos por essa comunidade. Se havia imoralidade, então havia problemas na família; se havia litígio, competição e inveja, então havia raiva, rancor, e talvez ódio e espírito vingativo. Se existia isso tudo, era um sinal de que essas pessoas precisavam sair do Antes, sem Jesus e entrar no Depois com Jesus.
      Aquele que vive o Depois com Jesus então passou da morte para a vida. Passou de uma vida de derrota para uma vida de vitória. Passou da escuridão para a luz. E não somente no sentido de eternidade mas no plano atual, foi salvo da perdição e da derrota eminente. Cristo pode mudar nossa sorte a partir de uma verdadeira transformação espiritual, que nos traga uma nova vida. Como isso se processa?
      I) A PARTIR DO NOVO NASCIMENTO, NOSSA VIDA ESPIRITUAL É RENOVADA. (V. 17)
      Meus amados, quando nascemos de novo, há um compromisso maior de Deus para conosco e conseqüentemente, nos também assumimos um compromisso real com Ele. Isso implica que agora vivo sua vida e não mais a minha. As marcas do passado ficam para traz, junto com a antiga natureza. Se eu era mentiroso agora falo somente a verdade. Se eu era invejoso, agora sou amoroso, se eu tinha ódio, agora tenho amor para abençoar as vidas das pessoas. As coisas antigas passaram, e tudo se fez novo. Esse tudo significa tudo mesmo. Antes éramos mortos e agora estamos vivos, ressuscitados com Cristo.
      A nova natureza precisa substituir a antiga. Meu querido quando o Senhor nos faz nascer Dele, nossa vida Espiritual é totalmente renovada. Tudo se torna novo. Nasça de novo e deixe sua vida espiritual ter uma reviravolta sobrenatural, positiva e transformadora.
      II) A PARTIR DO NOVO NASCIMENTO, DEIXAMOS DE SER DERROTADOS E PASSAMOS A SER MAIS QUE VENCEDORES EM CRISTO. (EZ. 37.10)
      Igreja, o que aconteceu no vale de ossos secos segundo a visão dada por Deus ao profeta Ezequiel representa de forma autêntica o que o apóstolo Paulo menciona em Efésios 2. Porém, no versículo 10 de Ezequiel 37 a seguinte sentença é propositalmente enfatizada: os mortos derrotados se transformam em soldados a partir da obra vivificadora de Cristo Jesus, e de mortos derrotados agora se transformam em pessoas preparadas para vencer. Romanos 8.37 nos afirma que aquele que nasceu de novo em Cristo e nele permanece é mais do que vencedor.
      Se você realmente nascer de novo e permanecer em Cristo, a Palavra de Deus vai se cumprir sobre sua vida espiritual, sua vida familiar, sobre seu casamento, sobre suas finanças, sobre sua saúde, etc.
      III) A PARTIR DO NOVO NASCIMENTO RECEBEMOS DE CRISTO, O MINISTÉRIO DA RECONCILIAÇÃO. (2 CO. 5. 18, 19)
      Isso quer dizer que somos instrumentos de Deus para reconciliação daqueles que andam em trevas, afastados do Senhor. Meu amado, minha amada, nós antes de Cristo estávamos separados do criador devido à natureza pecaminosa que herdamos de Adão. Mas agora, depois que Cristo entrou em nossos corações agora herdamos a natureza santificadora e restauradora do segundo Adão, Jesus, que veio para reverter a queda e nos ligar novamente ao Pai.
      Recebemos como privilégio e ao mesmo tempo como responsabilidade, a palavra da reconciliação. Somos responsáveis por levarmos as pessoas a Cristo. Eu e você fomos reconciliados para reconciliar.
      Deus quer nos usar para reconciliar pessoas com Deus, mas somos chamados também para promover a transformação reconciliadora de Cristo em nossos lares, na vida das pessoas que nos cercam, no trabalho, na escola, enfim em todos os lugares. Você e eu fomos chamados para sermos instrumentos de transformação nas mãos do redentor.
      Que nessa noite você volte para sua casa não vivendo o “antes” de Cristo, quando sua vida era uma completa derrota e você não tinha salvação, nem agora nem no porvir mas que em nome do redentor, você viva o “depois” de Cristo, isto é, uma vida moldada na palavra de Deus, pautada em seus eternos auspícios, e que em nome de Jesus, você possa gerar reconciliação por onde quer que passar. Enfim, Sê tu uma Bênção (Genesis 12.2) Em nome de Jesus, amém.

Rev. Adeir Goulart da Cruz





sexta-feira, 11 de março de 2011

TULIP (OS CINCO PONTOS DO CALVINISMO)

     Em resposta ao movimento arminiano que tinha por finalidade confundir e desfazer as doutrinas elementares do presbiterianismo e de outras instituições reformadas, os Cânones de Dort deram origem ao Tulip, pois um homem chamado Jacob Armínius, se desviou do protestantismo reformado de onde se originou na Holanda, trazendo confusão às doutrinas da Graça. Em resposta à suas posições humanistas que herdou de Erasmo, o sínodo nacional da igreja da Holanda se reuniu durante sete meses para refutar essas heresias, em 1618, dando origem aos Cânones de Dort, uma reafirmação fiel das doutrinas do protestantismo.
     O Tulip na realidade nada mais é do que um acróstico que delimita resumidamente o que nós cremos ser a mais fiel das interpretações doutrinárias para todos aqueles que amam a Escritura sagrada. O acróstico pode ser explicado assim: TULIP: (T: Total Depravity – Depravação Total); (U: Unconditional Election – Eleição Incondicional); (L: Limited Atonement – Expiação Limitada); (I: Irresistible Grace – Graça Irresistivel); (P: Preseverance of Saints – Perseverança dos Santos):
     T: Depravação Total: Na visão arminiana, a queda do homem não foi total. Portanto restou um pouco de bondade e méritos humanos que o condicione a usar seu livre arbítrio para escolher o caminho da salvação de mera espontânea vontade sem a interferência do Espírito Santo. Porém, em resposta a esta falácia, o calvinismo crê, à luz da Palavra de Deus que o homem sem Jesus é escravo de Satanás, e embora possua livre agência (livre arbítrio para decisões relacionadas a este plano), ele está desabilitado espiritualmente, a sair do estado da queda, devido à prisão espiritual a que vive. (Gn. 6.5) Cremos que o Espírito Santo é quem habilita o pecador a decidir pela salvação. A queda do homem foi total.
     U: Eleição Incondicional: Jacob Armínius, o pai do Arminianismo, ensinou que a eleição do homem para a salvação, está condicionada ao ato do homem de Crer. Na verdade, para ele, Deus apenas tem um pré-conhceimento daqueles que irão se tornar seus a partir do ato de crer. Porém, o calvinismo aponta biblicamente para a soberania de Deus. Ora se a ação de Deus está condicionada à uma decisão humana, então Deus deixa de ser soberano. O ato gracioso de Deus se evidencia no seu amor ao eleger para salvação pessoas pecadoras e sem quaisquer méritos (Efésios 2.1-10). A Eleição se restringe aos que o Senhor escolheu, não aos que pensam que escolheram a Deus.
     L: Expiação Limitada: enquanto os arminianos defendem que o plano de redenção é para todos os povos universalmente e individualmente falando, os calvinistas defendem que a morte de Cristo foi de proporção limitada. Isto significa que Cristo morreu pelos seus eleitos. Quando a Bíblia diz que Cristo veio salvar o mundo, quer dizer que ele veio salvar todos os povos, e não todas as pessoas. Se a expiação de Cristo fosse ilimitada, então a morte de Jesus na cruz do Calvário seria um fracasso total. E se não houvesse a delimitação dos que serão salvos, Deus poderia perfeitamente, pela sua vontade salvar a todos, inclusive a Satanás e aos anjos caídos. Mas a expiação limitada triunfa em 100%, pois a justiça de Deus será exercida tanto aos justos quanto aos ímpios. Cristo amou a sua igreja, como noiva eleita, e a si mesmo se entregou por ela. (Efésios 5.25). A expiação se restringe aos eleitos de Deus
     I: Graça Irresistível: Como os arminianos defendem, a graça pode ser resistida. Quem é o homem, porém que pode resistir ao toque sobrenatural e transformador do Espírito Santo? Se os pecadores cem por cento caídos podem resistir ao Espírito Santo e à graça insondável de Deus, então Deus, além de ser soberano, onisciente, deixou de ser também onipotente, e perde nessa queda de braços com o homem. No entanto, nós calvinistas cremos segundo as Escrituras que a graça de Deus não pode ser resistida, mesmo porque não temos condição alguma para isso. Jesus enfatizou que “todo aquele que o pai me dá, esse virá a mim e o que vem a mim, de maneira nenhuma o lançarei fora.” (João 6.37).
     P: Perseverança dos Santos: Por mais incrível que pareça a idéia de que o crente pode perder a salvação ensinada por Armínius, está presente na mente e no coração de muitos crentes, inclusive presbiterianos. De acordo com os arminianos, e isto inclui uma série de igrejas protestantes que discordam desde o método do batismo até, nas mais puras doutrinas da verdadeira fé cristã, os crentes podem cair do estado de graça para a sua antiga miséria pecaminosa. Biblicamente, o calvinismo insiste que o homem uma vez realmente salvo, está salvo eternamente. Deus não brinca conosco, e se quem cuida de nós nos livrando de laços de morte diversos, entendemos que esse mesmo Deus não permite que o verdadeiro crente se perca. Jesus ao se referir às suas ovelhas prometeu: “Eu lhes dou a vida eterna e jamais perecerão ETERNAMENTE, e ninguém pode arrebatá-las da minha mão” (João 10.28). O verdadeiro crente persevera na fé, e ainda que peque, e arrepende e não vive na prática do pecado, e não pode cair da graça de Deus.
     Meu amado irmão, meu amado leitor, Deus é soberano em seus propósitos e não está condicionado à vontade humana. Ele é onisciente em seu ser, e conhece tudo o que se passa em todo o universo. Ele é onipotente e tem infinitamente mais poder do que o homem pecador. Ele é Onipresente, está em todo lugar ao mesmo tempo. Não se pode esquadrinhar seu entendimento. No entanto ao mesmo tempo que Ele é um Deus tão poderoso tão severo, é também um pai gracioso. Ore a Deus e peça a ele Espírito se submissão à sua Palavra e em nome de Jesus, seja um edificador da sua igreja e não um destruidor. Seja um instrumento do Senhor no combate ao arminianismo e a todas as heresias de nossa era.

Rev. Adeir Goulart da Cruz.

domingo, 6 de março de 2011

QUANDO NÃO PERCEBEMOS A PRESENÇA DE DEUS (GÊNESIS 28.16)

Quando Jacó acordou do sono, disse: ‘Sem dúvida o SENHOR está neste lugar, mas eu não sabia!” (Gênesis 28.16)

    Diz um ditado antigo que “o pior cego é aquele que não quer enxergar”. Pois eu digo que o pior cego é aquele que perdeu sua visão, e por mais que se esforce e queira não consegue mais enxergar. Em se tratando de nossa vida espiritual, o pior cego é aquele que foi acometido pelas escamas circunstanciais e perdeu a visão de Deus. As variadas situações arrebatam nossa confiança no Senhor, nos distrai espiritualmente, e nos enchem de medo, preocupações, inquietações e tendem a nos fazer perder a percepção da presença soberana e constante de Deus.
    É do conhecimento de todos que Deus é onipresente, isto é, pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo, e o que testifica da presença do Deus invisível em nossas vidas é o Espírito Santo.
    Jacó estava fugindo de seu irmão Esaú, logo após suas trapaças culminarem no ódio desse seu irmão profano. Ele havia enganado o irmão, e o pai, recebendo no lugar do primogênito, a Bênção principal que destacaria o primogênito como ordenava a lei, dos outros filhos, embora eles também fossem abençoados (cap. 27).
    E uma vez liberada essa bênção, não havia retorno (27.33,35). Quando Esaú se coloca diante de Isaque e sem saber de nada (27.30-34), pede a bênção que era sua por direito, descobre que tanto ele como Isaque foram enganados pelo trapaceiro. Isso lhe despertou um ódio tão grande que Jacó teve que fugir para não ser morto.
    O que mais me impressiona nesta história, não é o engano de Jacó, nem o ódio de Esaú, jurando seu irmão de morte, mas sim a manifestação da graça divina de Deus na vida de ambos os irmãos, Jacó e Esaú, que foram prósperos em suas trajetórias, mas com caminhos e resultados diferentes.
    Porém quando atentamos para essa história no versículo que é parte de um episódio inteiro, enxergamos claramente que Jacó por diversos motivos havia perdido a percepção da presença do Senhor. Talvez ele pensasse que Deus só estivesse presente em locais fixos. Mas o que levou Jacó a perder a percepção da presença do Senhor? Notem que ele tem um sonho e nesse sonho ao acordar, ele exclama claramente que não sabia que Deus estava presente em Harã. Jacó estava tomado pelo medo, pavor, saudade da família, preocupação com seu destino, e isso lhe trouxe o pior tipo de cegueira, a mesma que acometeu o assistente do profeta Eliseu (2 Reis 6.15-17). Jacó não sabia o que iria encontrar pelo caminho, mas foi agraciado por Deus nessa emocionante visão.
    Não podemos perder a percepção da presença do Senhor regendo soberanamente nossas vidas e nossos caminhos, porque:
    1) DEUS ESTÁ NO CONTROLE DE TODAS AS COISAS. (Rom. 8.28: “... todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito).
    Meus amados, com toda a certeza, Jacó amava a Deus, e foi chamado para ser o veículo da promessa divina. Mas no contexto do texto que lemos, ele não teve a percepção disso. Estava emocionalmente abalado e preocupado. Por isso perdeu a visão de que Deus estava ali presente. Talvez em virtude de suas trapaças, talvez ele tenha até mesmo pensado que não iria muito longe. Mas Deus aplica sua graça a pecadores como nós, mesmo não merecendo.
    Meus amados irmãos, Deus está controlando nossa história de forma soberana e sábia, para que no fim cumpramos com seus propósitos e glorifiquemos o seu nome. Nunca perca a percepção da presença constante, imanente e transcendente, pois ele faz o que é melhor para nós e se preocupa com pecadores trapaceiros e impuros como nós. "Porventura sou eu Deus de perto, diz o SENHOR, e não também Deus de longe?" (Jeremias 23.23).
    2) ELE NÃO NOS ABANDONA. (Deuteronômio 31:8: “O Senhor, pois, é aquele que vai adiante de ti; ele será contigo, não te deixará, nem te desamparará; não temas, nem te espantes”; Hebreus 13.5b. “nunca te deixarei, nem te desampararei.”)
    Talvez Jacó em suas caminhadas tenha pensado que já havia sido abandonado por Deus. Não precisamos temer porque o Deus de graça se preocupa conosco. Tanto é que Jesus em João 14 nos conforta dizendo que não nos deixaria órfãos, mas enviaria o consolador.
    Deus nunca nos abandona, pois ele nos fez para sermos Bênção em suas mãos. Há pessoas que no primeiro sinal de luta já vão logo dizendo que foram abandonadas por Deus. Meu irmão, Deus é fiel em suas promessas e não volta atrás. Ele sempre cumpre o que promete. Nós não estamos sozinhos. Não podemos perder a visão gloriosa da presença do Senhor porque ele não nos abandona jamais, como diz sua Palavra. Então creia e viva esta Palavra.
    3) ELE QUER CUMPRIR SUA VONTADE EM NÓS (Gênesis 28:15: “Eis que estou contigo e te guardarei por onde quer que fores, e te farei voltar a esta terra porque não te desampararei, até cumprir eu aquilo que te hei referido.”; Romanos 12.2: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa a agradável e perfeita vontade de Deus.; Hebreus 10.7: “Então eu disse: Eis aqui estou (no rolo do teu livro está escrito a meu respeito), para fazer ó Deus, a tua vontade”.
    Como já disse em diversas ocasiões, não precisa ser um profeta com poderes de vidência para dizer que Deus tem um plano em nossas vidas. Se ainda somos conservados em vida, é porque Deus quer cumprir sua vontade em nós. Mas para isso não podemos perder a sensibilidade de que Deus está presente em toda a nossa história seja ela boa ou aparentemente ruim. O mais importante é que a vontade de Deus se cumpra em todas as nuances de nossa vida: na área espiritual, na família, na vida material, na saúde, nos projetos de vida, enfim, que seja feita a vontade de Deus, assim na terra como no céu.
    Meu amado irmão, minha amada irmã, nunca perca a percepção da presença constante de Deus em sua vida. E que em nome de Jesus, os problemas, as lutas do dia a dia, as tribulações que eu e você passamos que são inevitáveis, sirvam de fortalecimento, e que nos problemas possamos nos lançar nos braços do Senhor, e como filhos realmente dependentes dele, possamos descansar sabendo que ELE ESTÁ PRESENTE. Em nome de Jesus, amém.
Reverendo Adeir Goulart da Cruz