sexta-feira, 11 de março de 2011

TULIP (OS CINCO PONTOS DO CALVINISMO)

     Em resposta ao movimento arminiano que tinha por finalidade confundir e desfazer as doutrinas elementares do presbiterianismo e de outras instituições reformadas, os Cânones de Dort deram origem ao Tulip, pois um homem chamado Jacob Armínius, se desviou do protestantismo reformado de onde se originou na Holanda, trazendo confusão às doutrinas da Graça. Em resposta à suas posições humanistas que herdou de Erasmo, o sínodo nacional da igreja da Holanda se reuniu durante sete meses para refutar essas heresias, em 1618, dando origem aos Cânones de Dort, uma reafirmação fiel das doutrinas do protestantismo.
     O Tulip na realidade nada mais é do que um acróstico que delimita resumidamente o que nós cremos ser a mais fiel das interpretações doutrinárias para todos aqueles que amam a Escritura sagrada. O acróstico pode ser explicado assim: TULIP: (T: Total Depravity – Depravação Total); (U: Unconditional Election – Eleição Incondicional); (L: Limited Atonement – Expiação Limitada); (I: Irresistible Grace – Graça Irresistivel); (P: Preseverance of Saints – Perseverança dos Santos):
     T: Depravação Total: Na visão arminiana, a queda do homem não foi total. Portanto restou um pouco de bondade e méritos humanos que o condicione a usar seu livre arbítrio para escolher o caminho da salvação de mera espontânea vontade sem a interferência do Espírito Santo. Porém, em resposta a esta falácia, o calvinismo crê, à luz da Palavra de Deus que o homem sem Jesus é escravo de Satanás, e embora possua livre agência (livre arbítrio para decisões relacionadas a este plano), ele está desabilitado espiritualmente, a sair do estado da queda, devido à prisão espiritual a que vive. (Gn. 6.5) Cremos que o Espírito Santo é quem habilita o pecador a decidir pela salvação. A queda do homem foi total.
     U: Eleição Incondicional: Jacob Armínius, o pai do Arminianismo, ensinou que a eleição do homem para a salvação, está condicionada ao ato do homem de Crer. Na verdade, para ele, Deus apenas tem um pré-conhceimento daqueles que irão se tornar seus a partir do ato de crer. Porém, o calvinismo aponta biblicamente para a soberania de Deus. Ora se a ação de Deus está condicionada à uma decisão humana, então Deus deixa de ser soberano. O ato gracioso de Deus se evidencia no seu amor ao eleger para salvação pessoas pecadoras e sem quaisquer méritos (Efésios 2.1-10). A Eleição se restringe aos que o Senhor escolheu, não aos que pensam que escolheram a Deus.
     L: Expiação Limitada: enquanto os arminianos defendem que o plano de redenção é para todos os povos universalmente e individualmente falando, os calvinistas defendem que a morte de Cristo foi de proporção limitada. Isto significa que Cristo morreu pelos seus eleitos. Quando a Bíblia diz que Cristo veio salvar o mundo, quer dizer que ele veio salvar todos os povos, e não todas as pessoas. Se a expiação de Cristo fosse ilimitada, então a morte de Jesus na cruz do Calvário seria um fracasso total. E se não houvesse a delimitação dos que serão salvos, Deus poderia perfeitamente, pela sua vontade salvar a todos, inclusive a Satanás e aos anjos caídos. Mas a expiação limitada triunfa em 100%, pois a justiça de Deus será exercida tanto aos justos quanto aos ímpios. Cristo amou a sua igreja, como noiva eleita, e a si mesmo se entregou por ela. (Efésios 5.25). A expiação se restringe aos eleitos de Deus
     I: Graça Irresistível: Como os arminianos defendem, a graça pode ser resistida. Quem é o homem, porém que pode resistir ao toque sobrenatural e transformador do Espírito Santo? Se os pecadores cem por cento caídos podem resistir ao Espírito Santo e à graça insondável de Deus, então Deus, além de ser soberano, onisciente, deixou de ser também onipotente, e perde nessa queda de braços com o homem. No entanto, nós calvinistas cremos segundo as Escrituras que a graça de Deus não pode ser resistida, mesmo porque não temos condição alguma para isso. Jesus enfatizou que “todo aquele que o pai me dá, esse virá a mim e o que vem a mim, de maneira nenhuma o lançarei fora.” (João 6.37).
     P: Perseverança dos Santos: Por mais incrível que pareça a idéia de que o crente pode perder a salvação ensinada por Armínius, está presente na mente e no coração de muitos crentes, inclusive presbiterianos. De acordo com os arminianos, e isto inclui uma série de igrejas protestantes que discordam desde o método do batismo até, nas mais puras doutrinas da verdadeira fé cristã, os crentes podem cair do estado de graça para a sua antiga miséria pecaminosa. Biblicamente, o calvinismo insiste que o homem uma vez realmente salvo, está salvo eternamente. Deus não brinca conosco, e se quem cuida de nós nos livrando de laços de morte diversos, entendemos que esse mesmo Deus não permite que o verdadeiro crente se perca. Jesus ao se referir às suas ovelhas prometeu: “Eu lhes dou a vida eterna e jamais perecerão ETERNAMENTE, e ninguém pode arrebatá-las da minha mão” (João 10.28). O verdadeiro crente persevera na fé, e ainda que peque, e arrepende e não vive na prática do pecado, e não pode cair da graça de Deus.
     Meu amado irmão, meu amado leitor, Deus é soberano em seus propósitos e não está condicionado à vontade humana. Ele é onisciente em seu ser, e conhece tudo o que se passa em todo o universo. Ele é onipotente e tem infinitamente mais poder do que o homem pecador. Ele é Onipresente, está em todo lugar ao mesmo tempo. Não se pode esquadrinhar seu entendimento. No entanto ao mesmo tempo que Ele é um Deus tão poderoso tão severo, é também um pai gracioso. Ore a Deus e peça a ele Espírito se submissão à sua Palavra e em nome de Jesus, seja um edificador da sua igreja e não um destruidor. Seja um instrumento do Senhor no combate ao arminianismo e a todas as heresias de nossa era.

Rev. Adeir Goulart da Cruz.