SERMÃO EXPOSITIVO EM PARÁBOLAS - A PARÁBOLA DOS LAVRADORES MAUS
Quando leio esta parábola, sou
fortemente levado a me lembrar de um história que faz parte da mitologia grega,
que já se transformou em vários filmes. Trata-se de uma história chamada A
ODISSÉIA, que ocorreu logo após a guerra de Tróia, quando Odisseu, ou Ulisses
envia um grande cavalo de madeira recheado de soldados. Essa história fala das
façanhas de Ulisses, que se ausenta de seu reino de Ìtaca por causa de
dificuldades impostas por seu deus Posseidón, e passa por grandes desafios,
perigos e lutas durante 20 anos, para retornar à sua amada Penélope, que era
pretendida pelos seus inimigos que também usurparam seu trono.
Após 20 anos, por ordem de Zeus,
Ulisses é libertado de sua prisão e então retorna ao seu reino, onde encontra
Penélope sendo disputada, seu trono usurpado, seu filho Telêmaco (o herdeiro
legítimo do trono) humilhado, ridicularizado, após ter sido agredido
fisicamente por aqueles maus súditos, que riam e se divertiam de suas próprias
façanhas. Ao retornar, Ulisses, então juntamente com seu filho Telêmaco exercem
vingança contra aqueles que usurparam seu reino, disputavam Penélope, e
humilharam o filho amado, o herdeiro do trono de Ítaca. O castigo então é imposto
a cada um desses perversos homens, quando Ulisses e Telêmaco julgam um a um com
a sentença de morte, entregando suas almas a Hermes, que os conduzem ao inferno
de Hades. Os usurpadores do reino são então punidos, e o trono é restituído à
Ulisses e ao seu herdeiro Telêmaco.
Apesar de esta história ser
apenas uma mitologia, encontramos semelhanças com esta Parábola em alguns
aspectos, como por exemplo, a ausência do rei, a usurpação do reino, a humilhação
de seu herdeiro, o retorno e a vingança real sobre os infiéis.
Quando Jesus conta essa Parábola
aos seus ouvintes, ele não o faz simplesmente para ilustrar algo que era
direcionado aos doutores da lei e aos fariseus. Sabemos que os líderes da
comunidade judaica da época conheciam os escritos proféticos de forma profunda,
e o próprio Jesus também os conheciam. Portanto, quando Jesus usa esta parábola
para confrontar esses líderes religiosos, ele, na verdade faz referências a
escritos proféticos que estavam se cumprindo, e ainda se cumpririam.
A Parábola dos Lavradores Maus,
bem como muitas outras parábolas apontam para O Reino de Deus, seu
Gerenciamento confiado aos homens, e a rejeição do único herdeiro, o filho
amado do Dono da vinha. Jesus aponta para o cumprimento profético de sua vinda
marcada pela sua humilhação até a sua exaltação. Ele assim, faz alusão ao texto
de Isaías 5.1,2: “Agora, cantarei ao meu amado o cântico do meu amado a
respeito da sua vinha. O meu amado teve uma vinha num outeiro fertilíssimo.
Sachou-a, limpou-a das pedras e a plantou de vides escolhidas; edificou no meio
dela uma torre e também abriu um lagar. Ele esperava que desse uvas boas mas
deu uvas bravas.”
O povo Judeu sabia esse cântico
de cor. Haviam aprendido-o na sinagoga onde era cantado de tempos em tempos. Talvez seja
esse o motivo pelo qual Jesus não explicou essa parábola aos seus ouvintes como
o fez na Parábola do Semeador. O próprio profeta Isaías já explicara no mesmo
texto o significado desse cântico, que se cumpria na época de Jesus: “Porque a
vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel; e os homens de Judá são a
planta dileta do Senhor; este desejou que exercessem juízo, e eis aí
quebrantamento da lei; justiça, e eis aí clamor” (Isaías 5.7). Portanto, o dono
da vinha é o Deus YHWH, a vinha é o povo de Israel, os lavradores são os
líderes religiosos que deveriam cuidar do povo de acordo com os preceitos de
Deus, o que não fizeram, os servos enviados para a prestação de contas e o
recolhimento da parte do lucro, são os profetas, que foram manietados,
maltratados, humilhados e mortos, pelas mãos desses perversos lavradores e o
filho amado, o herdeiro da vinha é o próprio Jesus, o filho de Deus, rejeitado
(a pedra angular rejeitada – Salmos 118.22,23), maltratado, arrastado para fora
da vinha e morto pelos administradores infiéis conforme Marcos 12.1-12).
Tudo isso, na verdade caracteriza
o reino de Deus, que estava em progressão, sendo que os líderes religiosos (os
lavradores maus), deveriam alimentar, conduzir, edificar o povo de Israel (a
vinha escolhida, a planta dileta do Senhor), mas foram infiéis ao dono da vinha
(Deus), corrompendo o povo e transformando-o em “uvas bravas”, quebrando a lei,
maltratando e matando os anunciadores do reino (os profetas) que preparariam a
chegada e inauguração desse reino (prestação de contas), rejeitando o legítimo
herdeiro, o filho do dono da vinha (Jesus), arrastando-o e matando-o, com a
maléfica intenção de se apossar da vinha (Israel, o reino).
Todos judeus que ouviram essa
parábola entenderam claramente seu significado. Jesus queria mostrar o
cumprimento profético das Escrituras Sagradas no que diz respeito à inauguração
do Reino de Deus, sua progressão e administração na nova dispensação, e da obra
de Cristo a ser realizada sob a sua iminente humilhação e posteriormente sua
exaltação sobre o Reino que lhe é dado por Deus. Os fariseus não admitiam a
hipótese de perderem o que considerava seu. Queriam usurpar o reino de Deus que
foi dado à Cristo, o Filho Amado, por isso conjecturavam a possibilidade de o
matarem. Com base nessa história relatada, bem como a aplicação de seu
significado, podemos firmar que diferente de todos os reinos já existentes
desde os tempos mais remotos até aos nossos dias, O REINO INABALÁVEL E ABSOLUTO É INSTITUÍDO NO MEIO DOS HOMENS. Esse
reino é um reino diferente; é um reino eterno, inabalável, gracioso, justo.
Essas são algumas características desse reino, onde nem todos farão parte.
Existem ainda outras características que devem ser mencionadas mas quero aqui
destacar somente três, a saber:
O texto é enfático ao afirmar
logo no v. 33 que “havia um homem”, que na verdade simboliza o próprio Deus,
que é o Dono da casa (reino), que plantou uma vinha (seu povo). O próprio
Jesus, na oração do Pai Nosso reivindica para Deus o Senhorio e a posse do
reino conforme (Mateus 5.10,13). Deus como dono da casa e do terreno, é,
logicamente, o dono da vinha. Portanto, Ele é soberano sobre tudo o que decide
fazer a respeito daquilo que lhe pertence. Então Ele confiou essa vinha, que na
realidade expressa o conteúdo do reino, aos homens, que deveriam cuidar para
que o reino Dele frutificasse.
Deus é cuidadoso, ao plantar essa
vinha, que é seu próprio povo, no terreno que Ele escolheu. De acordo com Simon
Kistemaker, em seu livro intitulado As Parábolas de Jesus, esse seria um
investimento de alto risco, pois levaria um determinado tempo para que
frutificasse na medida em que fosse cuidada e adubada. Notamos aqui a
fidelidade de Deus com relação ao seu povo que deveria frutificar. Mas o povo
estava dando maus frutos (Isaías 5.1,2; Mateus 7.15-21; Jr. 2.21)
No entanto, segundo a parábola,
esse Dono da vinha se ausenta do país, e arrenda a vinha (o povo) a uns
lavradores (os líderes religiosos). Esses líderes deveriam incentivar o povo a
buscar a Deus, edifica-los nos estatutos de Deus e prepará-los para a
inauguração do Reino de Deus, com a chegada do Messias. Após algum tempo, o
dono da vinha envia alguns servos para recolherem o fruto da fé e das virtudes
religiosas, que deveriam ser tributadas a Deus, o dono da vinha.
Porém,, eles se apossaram da
vinha, maltrataram e mataram os servos, e simplesmente, não deram satisfação ao
seu senhor a respeito daquela vinha. Nota-se o progressivo cumprimento das
escrituras (Mt. 5.12; 24.9) pois na verdade, eles é quem cuidavam, e portanto a
vinha seria deles (é o que pensavam). Durante esse tempo de ausência do dono da
vinha, o quadro se repete por várias vezes, e percebemos então o quão
longânimo, paciente e gracioso é o dono da vinha dando várias oportunidades a
eles de mudarem de atitude quanto à rebelião organizada (34-36). Abusaram da
graça e da paciência do dono da vinha. Assim, fizeram os fariseus naquela época
aos profetas de Deus (como no caso do profeta Zacarias, que foi morto no pátio
do templo, entre o santuário e o altar – 2 Cr. 24.20,21; Mt. 23.25). Assim
fazem os homens até ao dia de hoje. Ainda hoje existe e até a vinda do Senhor
Jesus continuará existindo homens perversos, que apascentam a si mesmos,
usurpam um reino que não lhes pertencem, e enganam o povo, pensando que
escaparão. Eles brincam com a paciência de Deus (Gálatas 6.7).
Enxergamos perfeitamente aqui, a
soberania absoluta de Deus sobre todas as coisas criadas por Ele próprio
(Romanos 11.36), e a rebeldia do homem, em querer se apossar daquilo que não é
seu e assumir o insubstituível lugar de Deus.
A parábola atinge agora seu
clímax, quando o dono da vinha, por fim, envia, agora, na intenção de convencer
aqueles maus lavradores, de que Ele é o dono legítimo da vinha e que lhe devem
respeito, devoção, seu próprio filho, o legítimo herdeiro da vinha.
Após terem matado os servos (os
profetas), Deus então como único e suficiente recurso envia seu “Filho Amado”,
para convencer aqueles homens a mudarem de atitude com relação a Ele (v. 37).
Cristo é o herdeiro legítimo do Reino (Hb. 1.1,2), que lhe foi dado desde a
fundação dos tempos. É o ponto culminante do amor de Deus: enviar seu único
filho para salvar sua vinha (entendendo que hoje, os que não fazem parte do
Israel de Deus, e são usualmente chamados gentios, isto é, nós, também somos
parte dessa vinha – João 1.11-13)
Nem mesmo assim esses maus
lavradores temeram. Ainda com essa demonstração incomparável de amor, de paciência
e graça, eles continuaram rebeldes, e o que mais me impressiona, é que eles
reconheceram que o filho era o herdeiro (v.38), uma indicação de que eles
conheciam os escritos proféticos. Isso implica que os fariseus sabiam bem no
fundo que Jesus, de fato, era o Filho de Deus, mas não queriam abrir mão da
posição de status e poder, e decidiram então USURPAR o reino (v. 38b), uma vez
que eles controlavam o povo, enganavam as pessoas, e interpretavam as
escrituras de acordo com sua própria ambição. Mas sabiam que as escrituras se
cumpriam pouco a pouco e a progressão do reino era notável. Porém queriam o
reino para si, não se importando com quem de fato era Jesus. Rejeitaram o
herdeiro da vinha.
Para eles, a única saída,
portanto era matar o herdeiro. Jesus é, portanto o herdeiro de Deus rejeitado
pelos homens. E assim fizeram. Arrastaram o herdeiro para fora da vinha, o
espancaram, o humilharam e o mataram (v. 39; Hb. 13.12), arrazoando entre si,
que seriam então donos desse reino. Era uma loucura muito grande, a atitude
tomada por esses mordomos perversos, pensarem que o reino seria deles, isto é,
continuaremos a dominar essa vinha. A incalculável maldade dos fariseus e
doutores da lei se estendeu até a consumação do plano de morte, quando lançam
mão de Jesus, o arrastam para fora da cidade e o crucificam. Crucificaram o
herdeiro do Reino de Deus. Crucificaram e mataram o filho do dono da vinha, o
legítimo herdeiro do Reino.
É importante enfatizar mais uma
vez, que esses homens conheciam os escritos e todas as predições proféticas a
respeito de Jesus. Sabiam sim, quem ele era, presenciavam seus milagres que
autenticavam sua dupla natureza como filho do homem e filho de Deus, ouviam
suas palavras e tinham sim, consciência de quem era Jesus. Mas ainda assim, o crucificaram.
Fico a pensar, que o amor de Deus
é ilimitado e incondicional, pois qualquer pai, não perdoaria os homens por
assassinarem seu filho. No entanto, eu me pergunto: o que mudou em nossos dias?
Me pergunto: se Jesus viesse pela segunda vez da mesma forma que veio da
primeira vez o que aconteceria? Se as predições bíblicas estabelecessem que o
messias retornasse de forma humilde, simples e se deparasse com essa gama
imensa de líderes religiosos como pastores, bispos, evangelistas, missionários,
apóstolos entre outros, talvez o assassinato do herdeiro do reino se repetiria.
Muitos lideres religiosos não gostariam de devolver o lugar legítimo do Rei dos
Reis. Provavelmente o agarrariam, o vilipendiariam novamente e o matariam, para
não perder seus postos importantes de poder, riqueza, controle, status e fama.
Creio que se Jesus voltasse novamente como cordeiro de Deus, seria hoje
metralhado num paredão, morto por um tiro, executado através de algum meio
moderno.
Pasmem! Isso não é exagero.
Muitos homens que se dizem fiéis despenseiros, fiéis lavradores da vinha, no
entanto, são verdadeiros fariseus, hipócritas, ambiciosos e usurpadores, pois
ocupam um lugar que é de Jesus o centro e o herdeiro do reino, não aceitariam o
senhorio do filho do dono do reino. Não ouviriam sua palavra, não devolveriam
seu lugar que lhes rendem fama, poder, controle, lucro. Mas graças a Deus que o
herdeiro voltará para assumir seu reino, de forma triunfante, gloriosa, não
como cordeiro mas como leão, não como advogado, mas como juiz, não de forma
humilde e simples, mas com todo resplendor e glória e seu reino será tomado a
força e será finalmente consumado.
Toda ação, segundo as leis da
natureza produz uma reação, e assim toda atitude tomada pelos homens nesse
plano têm suas conseqüências, boas ou ruins dependendo da atitude tomada.
Essa parábola mostra o amor de
Deus escolhendo líderes para cultivar e edificar um povo, a infidelidade desses
líderes e também do povo, a rebeldia desses homens e a graça ilimitada do
Altíssimo, a longanimidade do dono da vinha, mas ao mesmo tempo revela a
justiça de Deus. Esses homens cruzaram a linha que delimita a graça do juízo.
Mesmo sendo eles instrumento no cumprimento das profecias bíblicas foram ao mesmo
tempo alvo do juízo para que fique notório que ninguém zomba de Deus. Ninguém
escapa da justiça do Soberano dono da vinha. Nos versos 40-46 agora mostram que
Deus, apesar de longânimo, amoroso e misericordioso é também justo e zela pelo
seu próprio nome.
Uma indagação é feita por Jesus
no verso 40: “Quando pois vier o Senhor da vinha, que fará àqueles lavradores?”
A intenção de Jesus aqui, era de confronta-los em suas próprias consciências,
fazendo-os dar uma resposta que todos eles já sabiam, conforme v. 41. Era
exatamente o que aconteceria a esses homens. Seriam alvos da justiça divina
imposta pelo Senhor da Vinha que retornaria agora para colher os frutos. Aqui
percebemos ainda que após a ressurreição de Jesus segue-se o juízo sobre os que
rejeitaram o verdadeiro Senhor do Reino.
Quando o Senhor da vinha retorna,
Ele exerce justiça. Podemos entender que esse Senhor (no grego Kuryos) é o
próprio Senhor Jesus (como herdeiro ressuscitado e exaltado), e exerce seu
justo juízo. Cristo o herdeiro do reino, agora, exaltado, pune aqueles homens
maus com a pena de morte, e entrega o reino a outros conforme Romanos 11.11;
22-25, para que cumprissem sua vontade, aceitassem seu Senhorio. Historicamente
uma profecia sobre a destruição de Jerusalém que representava nesse período a
raiz embrionária do reino, se cumpriu por volta do ano 70 d.C., quando essa
cidade é destruída pelos romanos e o templo queimado. A vinha a partir daí se
dispersa por toda a terra perdendo então a primazia do reino, que é oferecido
então, a todos os povos.
O reino de Deus é oferecido a
todos os povos que aceitem o senhorio de Jesus e produzam frutos. Os judeus não
quiseram aceitar a herança do Reino de Deus, rejeitando a mensagem de salvação
e instalação desse reino. A igreja redimida passa a fazer parte desse reino e
se torna co-herdeira com Cristo. A todos quanto receberam a Jesus como Senhor e
Salvador são agora transformados em filhos de Deus e se tornam co-herdeiros com
Ele (João 1). A igreja agora, na dispensação da nova aliança se torna a
legítima arrendatária da vinha, e ao mesmo tempo mordomos dessa plantação
bendita. O reino de Deus é entregue a todos quanto aceitam a Jesus, o que
inclui os judeus que serão salvos posteriormente.
Pensemos portanto agora numa
visão escatológica na parousia de Cristo, isto é sua segunda vinda, precedida
pela epifania ou seja, sua pública manifestação no cenário mundial. Nesse
acontecimento consumador, Ele exercerá juízo sobre todas as nações povos tribos
línguas e sobre todos os líderes que rejeitaram seu reino e usurparam o seu
lugar. Cristo então no seus atos de justiça justificará publicamente os que
aceitaram seu Senhorio e quanto aos demais, serão lançados nas trevas
exteriores onde há choro e ranger de dentes.
Nos versos 42-44, Jesus,
profeticamente se interpõe como a Pedra Rejeitada pelos infiéis lavradores e
pela própria vinha do Senhor, tendo em vista que expressão “edificar” tem tudo a ver com a
construção e propagação do reino de Deus. Na verdade, a citação de Jesus é o
cumprimento profético do texto de Salmos 118:22,23 que diz: “A pedra que os
construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular; isso
procede do Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos.” Jesus aponta nessa citação
profética sua morte e exaltação iminentes. Os homens maus haviam rejeitado o
filho do dono da vinha, que é o herdeiro, e agora Jesus utiliza outro texto do
Antigo Testamento para evocar esse significado profético que se cumpria já
naquela época: a pedra rejeitada (que é o próprio Cristo) também se transformou
na principal pedra angular, ou pedra de esquina do edifício (reino). Então o
reino se torna a vinha onde o povo que é a vinha produzirá bons frutos. O Salmo
118 está na realidade mostrando que essa pedra de esquina, ou pedra angula
possui suas características, seu lugar de destaque entre todas as pedras numa
construção: a) é a pedra principal; b) reduz a pedaços as pedrinhas; c) esmaga
os oponentes do filho. Essa pedra, para os eleitos, se torna um poderoso
alicerce, mas para os perversos, se torna pedra de tropeço onde caem, rocha de
ofensa, na qual muitos tropeçarão e serão quebrantados (Isaías 8.13-15). Outros
textos que se referem à essa pedra: Isaías 28.16; Daniel 2.34, 44-45; Atos
4.11; Romanos 9.33; Efésios 2.20; e 1 Pedro 2.6.
O texto da parábola (v. 45 e 46)
encerra levando o leitor a enxergar que esses homens entenderam a mensagem e
absolutamente tudo o que Jesus proferiu, perceberam que tudo o que Jesus falou
era dirigido diretamente a eles, e como toda parábola exigia uma resposta
imediata, e uma reação eminente, a resposta deles foi a seguinte: “esperamos a
oportunidade certa para dar cabo da vida desse homem, mas não agora, pois isso
pode causar uma revolução, uma revolta, um grande alvoroço no meio do povo,
pois eles o admiram e podem se voltar contra nós.” Esses homens perversos
preferiram continuar em seus erros a mudar de atitude e assim, permaneceram até
consumarem suas obras malignas, recebendo, no final justa punição. Quando o
Herdeiro retornar, coroará sua vinha fiel e sofredora. Porém punirá com castigo
eterno, os maus administradores, e toda vinha brava, que não produz bons
frutos.
Finalmente, podemos concluir que
no reino de Deus, muitos serão lançados fora, por causa da má administração, e
da rebelião contra o senhorio do Dono da vinha e de Seu Filho, o legítimo
herdeiro. Deus chama seus filhos e servos ao arrependimento. Há pessoas em
nossos dias, em nossas igrejas, que se acham os verdadeiros donos da vinha, que
na verdade é do Senhor. Agem como donos absolutos. Mas como maus lavradores
pervertem a mente do povo, mentem, interpretam as Escrituras ao seu bel-prazer,
enganam, visam a própria glória e não a de Deus, e por fim, tentam se assentar
no próprio trono do Altíssimo. A esses homens já está reservada a punição que é
a expulsão do Reino para um lugar de tormentos eternos.
Portanto, meus amados, o reino de
Deus é formado pela vinha dileta do Senhor que é a igreja eleita, em todos os
tempos e em toda sua extensão, os lavradores são os líderes religiosos, os
servos maltratados são os perseguidos por causa do Reino, o Dono da Vinha é o
Senhor, o Herdeiro é Jesus.
A Parábola dos Lavradores Maus
tem por objetivo evidenciar o amor de Deus e ao mesmo tempo a rebeldia
existente no coração de muitos lideres religiosos e até mesmo homens e mulheres
que estão debaixo dessas lideranças.
A segunda vinda de Cristo, o
Filho Amado, a Pedra Angular, será marcada pela sua exaltação na sua epifania,
seguindo-se então o juízo sobre toda a carne que se opôs ao Senhor do Reino. O reino
aqui é, então consumado quando os rejeitadores são lançados fora e a igreja (a
vinha do Senhor) reina eternamente com Cristo o Herdeiro nesse glorioso reino.
Que eu e você possamos fazer
parte dessa vinha, desse reino e fielmente cultivemos a vinha do Senhor, e
edifiquemos a igreja na Sagrada Escritura, preparando-a para se encontrar com o
Senhor. E que naquele dia eu e você possamos ouvir do próprio Senhor: “Vinde
Benditos de Meu Pai! Entrai na posse do Reino que vos está preparado desde a
fundação do mundo.” (Mateus 25.34). Aleluia! Que Deus nos abençoe ricamente e
aplique essa palavra em nossos corações, em nome de Jesus, Amém.
Reverendo
Adeir Goulart da Cruz.