sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A PARÁBOLA DOS LAVRADORES MAUS (MATEUS 21.33-46)


SERMÃO EXPOSITIVO EM PARÁBOLAS - A PARÁBOLA DOS LAVRADORES MAUS

    Quando leio esta parábola, sou fortemente levado a me lembrar de um história que faz parte da mitologia grega, que já se transformou em vários filmes. Trata-se de uma história chamada A ODISSÉIA, que ocorreu logo após a guerra de Tróia, quando Odisseu, ou Ulisses envia um grande cavalo de madeira recheado de soldados. Essa história fala das façanhas de Ulisses, que se ausenta de seu reino de Ìtaca por causa de dificuldades impostas por seu deus Posseidón, e passa por grandes desafios, perigos e lutas durante 20 anos, para retornar à sua amada Penélope, que era pretendida pelos seus inimigos que também usurparam seu trono.
    Após 20 anos, por ordem de Zeus, Ulisses é libertado de sua prisão e então retorna ao seu reino, onde encontra Penélope sendo disputada, seu trono usurpado, seu filho Telêmaco (o herdeiro legítimo do trono) humilhado, ridicularizado, após ter sido agredido fisicamente por aqueles maus súditos, que riam e se divertiam de suas próprias façanhas. Ao retornar, Ulisses, então juntamente com seu filho Telêmaco exercem vingança contra aqueles que usurparam seu reino, disputavam Penélope, e humilharam o filho amado, o herdeiro do trono de Ítaca. O castigo então é imposto a cada um desses perversos homens, quando Ulisses e Telêmaco julgam um a um com a sentença de morte, entregando suas almas a Hermes, que os conduzem ao inferno de Hades. Os usurpadores do reino são então punidos, e o trono é restituído à Ulisses e ao seu herdeiro Telêmaco.
    Apesar de esta história ser apenas uma mitologia, encontramos semelhanças com esta Parábola em alguns aspectos, como por exemplo, a ausência do rei, a usurpação do reino, a humilhação de seu herdeiro, o retorno e a vingança real sobre os infiéis.
    Quando Jesus conta essa Parábola aos seus ouvintes, ele não o faz simplesmente para ilustrar algo que era direcionado aos doutores da lei e aos fariseus. Sabemos que os líderes da comunidade judaica da época conheciam os escritos proféticos de forma profunda, e o próprio Jesus também os conheciam. Portanto, quando Jesus usa esta parábola para confrontar esses líderes religiosos, ele, na verdade faz referências a escritos proféticos que estavam se cumprindo, e ainda se cumpririam.
    A Parábola dos Lavradores Maus, bem como muitas outras parábolas apontam para O Reino de Deus, seu Gerenciamento confiado aos homens, e a rejeição do único herdeiro, o filho amado do Dono da vinha. Jesus aponta para o cumprimento profético de sua vinda marcada pela sua humilhação até a sua exaltação. Ele assim, faz alusão ao texto de Isaías 5.1,2: “Agora, cantarei ao meu amado o cântico do meu amado a respeito da sua vinha. O meu amado teve uma vinha num outeiro fertilíssimo. Sachou-a, limpou-a das pedras e a plantou de vides escolhidas; edificou no meio dela uma torre e também abriu um lagar. Ele esperava que desse uvas boas mas deu uvas bravas.”
    O povo Judeu sabia esse cântico de cor. Haviam aprendido-o na sinagoga onde era cantado de tempos em tempos. Talvez seja esse o motivo pelo qual Jesus não explicou essa parábola aos seus ouvintes como o fez na Parábola do Semeador. O próprio profeta Isaías já explicara no mesmo texto o significado desse cântico, que se cumpria na época de Jesus: “Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel; e os homens de Judá são a planta dileta do Senhor; este desejou que exercessem juízo, e eis aí quebrantamento da lei; justiça, e eis aí clamor” (Isaías 5.7). Portanto, o dono da vinha é o Deus YHWH, a vinha é o povo de Israel, os lavradores são os líderes religiosos que deveriam cuidar do povo de acordo com os preceitos de Deus, o que não fizeram, os servos enviados para a prestação de contas e o recolhimento da parte do lucro, são os profetas, que foram manietados, maltratados, humilhados e mortos, pelas mãos desses perversos lavradores e o filho amado, o herdeiro da vinha é o próprio Jesus, o filho de Deus, rejeitado (a pedra angular rejeitada – Salmos 118.22,23), maltratado, arrastado para fora da vinha e morto pelos administradores infiéis conforme Marcos 12.1-12).
    Tudo isso, na verdade caracteriza o reino de Deus, que estava em progressão, sendo que os líderes religiosos (os lavradores maus), deveriam alimentar, conduzir, edificar o povo de Israel (a vinha escolhida, a planta dileta do Senhor), mas foram infiéis ao dono da vinha (Deus), corrompendo o povo e transformando-o em “uvas bravas”, quebrando a lei, maltratando e matando os anunciadores do reino (os profetas) que preparariam a chegada e inauguração desse reino (prestação de contas), rejeitando o legítimo herdeiro, o filho do dono da vinha (Jesus), arrastando-o e matando-o, com a maléfica intenção de se apossar da vinha (Israel, o reino).
    Todos judeus que ouviram essa parábola entenderam claramente seu significado. Jesus queria mostrar o cumprimento profético das Escrituras Sagradas no que diz respeito à inauguração do Reino de Deus, sua progressão e administração na nova dispensação, e da obra de Cristo a ser realizada sob a sua iminente humilhação e posteriormente sua exaltação sobre o Reino que lhe é dado por Deus. Os fariseus não admitiam a hipótese de perderem o que considerava seu. Queriam usurpar o reino de Deus que foi dado à Cristo, o Filho Amado, por isso conjecturavam a possibilidade de o matarem. Com base nessa história relatada, bem como a aplicação de seu significado, podemos firmar que diferente de todos os reinos já existentes desde os tempos mais remotos até aos nossos dias, O REINO INABALÁVEL E ABSOLUTO É INSTITUÍDO NO MEIO DOS HOMENS. Esse reino é um reino diferente; é um reino eterno, inabalável, gracioso, justo. Essas são algumas características desse reino, onde nem todos farão parte. Existem ainda outras características que devem ser mencionadas mas quero aqui destacar somente três, a saber:
      1) DEUS É O DONO LEGÍTIMO DO REINO (Vs. 33-36).
    O texto é enfático ao afirmar logo no v. 33 que “havia um homem”, que na verdade simboliza o próprio Deus, que é o Dono da casa (reino), que plantou uma vinha (seu povo). O próprio Jesus, na oração do Pai Nosso reivindica para Deus o Senhorio e a posse do reino conforme (Mateus 5.10,13). Deus como dono da casa e do terreno, é, logicamente, o dono da vinha. Portanto, Ele é soberano sobre tudo o que decide fazer a respeito daquilo que lhe pertence. Então Ele confiou essa vinha, que na realidade expressa o conteúdo do reino, aos homens, que deveriam cuidar para que o reino Dele frutificasse.
Deus é cuidadoso, ao plantar essa vinha, que é seu próprio povo, no terreno que Ele escolheu. De acordo com Simon Kistemaker, em seu livro intitulado As Parábolas de Jesus, esse seria um investimento de alto risco, pois levaria um determinado tempo para que frutificasse na medida em que fosse cuidada e adubada. Notamos aqui a fidelidade de Deus com relação ao seu povo que deveria frutificar. Mas o povo estava dando maus frutos (Isaías 5.1,2; Mateus 7.15-21; Jr. 2.21)
    No entanto, segundo a parábola, esse Dono da vinha se ausenta do país, e arrenda a vinha (o povo) a uns lavradores (os líderes religiosos). Esses líderes deveriam incentivar o povo a buscar a Deus, edifica-los nos estatutos de Deus e prepará-los para a inauguração do Reino de Deus, com a chegada do Messias. Após algum tempo, o dono da vinha envia alguns servos para recolherem o fruto da fé e das virtudes religiosas, que deveriam ser tributadas a Deus, o dono da vinha.
   Porém,, eles se apossaram da vinha, maltrataram e mataram os servos, e simplesmente, não deram satisfação ao seu senhor a respeito daquela vinha. Nota-se o progressivo cumprimento das escrituras (Mt. 5.12; 24.9) pois na verdade, eles é quem cuidavam, e portanto a vinha seria deles (é o que pensavam). Durante esse tempo de ausência do dono da vinha, o quadro se repete por várias vezes, e percebemos então o quão longânimo, paciente e gracioso é o dono da vinha dando várias oportunidades a eles de mudarem de atitude quanto à rebelião organizada (34-36). Abusaram da graça e da paciência do dono da vinha. Assim, fizeram os fariseus naquela época aos profetas de Deus (como no caso do profeta Zacarias, que foi morto no pátio do templo, entre o santuário e o altar – 2 Cr. 24.20,21; Mt. 23.25). Assim fazem os homens até ao dia de hoje. Ainda hoje existe e até a vinda do Senhor Jesus continuará existindo homens perversos, que apascentam a si mesmos, usurpam um reino que não lhes pertencem, e enganam o povo, pensando que escaparão. Eles brincam com a paciência de Deus (Gálatas 6.7).
    Enxergamos perfeitamente aqui, a soberania absoluta de Deus sobre todas as coisas criadas por Ele próprio (Romanos 11.36), e a rebeldia do homem, em querer se apossar daquilo que não é seu e assumir o insubstituível lugar de Deus.
    A parábola atinge agora seu clímax, quando o dono da vinha, por fim, envia, agora, na intenção de convencer aqueles maus lavradores, de que Ele é o dono legítimo da vinha e que lhe devem respeito, devoção, seu próprio filho, o legítimo herdeiro da vinha.
      II) CRISTO É O HERDEIRO LEGÍTIMO DO REINO (vs. 37-39)
     Após terem matado os servos (os profetas), Deus então como único e suficiente recurso envia seu “Filho Amado”, para convencer aqueles homens a mudarem de atitude com relação a Ele (v. 37). Cristo é o herdeiro legítimo do Reino (Hb. 1.1,2), que lhe foi dado desde a fundação dos tempos. É o ponto culminante do amor de Deus: enviar seu único filho para salvar sua vinha (entendendo que hoje, os que não fazem parte do Israel de Deus, e são usualmente chamados gentios, isto é, nós, também somos parte dessa vinha – João 1.11-13)
    Nem mesmo assim esses maus lavradores temeram. Ainda com essa demonstração incomparável de amor, de paciência e graça, eles continuaram rebeldes, e o que mais me impressiona, é que eles reconheceram que o filho era o herdeiro (v.38), uma indicação de que eles conheciam os escritos proféticos. Isso implica que os fariseus sabiam bem no fundo que Jesus, de fato, era o Filho de Deus, mas não queriam abrir mão da posição de status e poder, e decidiram então USURPAR o reino (v. 38b), uma vez que eles controlavam o povo, enganavam as pessoas, e interpretavam as escrituras de acordo com sua própria ambição. Mas sabiam que as escrituras se cumpriam pouco a pouco e a progressão do reino era notável. Porém queriam o reino para si, não se importando com quem de fato era Jesus. Rejeitaram o herdeiro da vinha.
    Para eles, a única saída, portanto era matar o herdeiro. Jesus é, portanto o herdeiro de Deus rejeitado pelos homens. E assim fizeram. Arrastaram o herdeiro para fora da vinha, o espancaram, o humilharam e o mataram (v. 39; Hb. 13.12), arrazoando entre si, que seriam então donos desse reino. Era uma loucura muito grande, a atitude tomada por esses mordomos perversos, pensarem que o reino seria deles, isto é, continuaremos a dominar essa vinha. A incalculável maldade dos fariseus e doutores da lei se estendeu até a consumação do plano de morte, quando lançam mão de Jesus, o arrastam para fora da cidade e o crucificam. Crucificaram o herdeiro do Reino de Deus. Crucificaram e mataram o filho do dono da vinha, o legítimo herdeiro do Reino.
    É importante enfatizar mais uma vez, que esses homens conheciam os escritos e todas as predições proféticas a respeito de Jesus. Sabiam sim, quem ele era, presenciavam seus milagres que autenticavam sua dupla natureza como filho do homem e filho de Deus, ouviam suas palavras e tinham sim, consciência de quem era Jesus. Mas ainda assim, o crucificaram.
    Fico a pensar, que o amor de Deus é ilimitado e incondicional, pois qualquer pai, não perdoaria os homens por assassinarem seu filho. No entanto, eu me pergunto: o que mudou em nossos dias? Me pergunto: se Jesus viesse pela segunda vez da mesma forma que veio da primeira vez o que aconteceria? Se as predições bíblicas estabelecessem que o messias retornasse de forma humilde, simples e se deparasse com essa gama imensa de líderes religiosos como pastores, bispos, evangelistas, missionários, apóstolos entre outros, talvez o assassinato do herdeiro do reino se repetiria. Muitos lideres religiosos não gostariam de devolver o lugar legítimo do Rei dos Reis. Provavelmente o agarrariam, o vilipendiariam novamente e o matariam, para não perder seus postos importantes de poder, riqueza, controle, status e fama. Creio que se Jesus voltasse novamente como cordeiro de Deus, seria hoje metralhado num paredão, morto por um tiro, executado através de algum meio moderno.
    Pasmem! Isso não é exagero. Muitos homens que se dizem fiéis despenseiros, fiéis lavradores da vinha, no entanto, são verdadeiros fariseus, hipócritas, ambiciosos e usurpadores, pois ocupam um lugar que é de Jesus o centro e o herdeiro do reino, não aceitariam o senhorio do filho do dono do reino. Não ouviriam sua palavra, não devolveriam seu lugar que lhes rendem fama, poder, controle, lucro. Mas graças a Deus que o herdeiro voltará para assumir seu reino, de forma triunfante, gloriosa, não como cordeiro mas como leão, não como advogado, mas como juiz, não de forma humilde e simples, mas com todo resplendor e glória e seu reino será tomado a força e será finalmente consumado.
      III) CRISTO É O JUSTO JUIZ (V. 40-46)
    Toda ação, segundo as leis da natureza produz uma reação, e assim toda atitude tomada pelos homens nesse plano têm suas conseqüências, boas ou ruins dependendo da atitude tomada.
Essa parábola mostra o amor de Deus escolhendo líderes para cultivar e edificar um povo, a infidelidade desses líderes e também do povo, a rebeldia desses homens e a graça ilimitada do Altíssimo, a longanimidade do dono da vinha, mas ao mesmo tempo revela a justiça de Deus. Esses homens cruzaram a linha que delimita a graça do juízo. Mesmo sendo eles instrumento no cumprimento das profecias bíblicas foram ao mesmo tempo alvo do juízo para que fique notório que ninguém zomba de Deus. Ninguém escapa da justiça do Soberano dono da vinha. Nos versos 40-46 agora mostram que Deus, apesar de longânimo, amoroso e misericordioso é também justo e zela pelo seu próprio nome.
    Uma indagação é feita por Jesus no verso 40: “Quando pois vier o Senhor da vinha, que fará àqueles lavradores?” A intenção de Jesus aqui, era de confronta-los em suas próprias consciências, fazendo-os dar uma resposta que todos eles já sabiam, conforme v. 41. Era exatamente o que aconteceria a esses homens. Seriam alvos da justiça divina imposta pelo Senhor da Vinha que retornaria agora para colher os frutos. Aqui percebemos ainda que após a ressurreição de Jesus segue-se o juízo sobre os que rejeitaram o verdadeiro Senhor do Reino.
    Quando o Senhor da vinha retorna, Ele exerce justiça. Podemos entender que esse Senhor (no grego Kuryos) é o próprio Senhor Jesus (como herdeiro ressuscitado e exaltado), e exerce seu justo juízo. Cristo o herdeiro do reino, agora, exaltado, pune aqueles homens maus com a pena de morte, e entrega o reino a outros conforme Romanos 11.11; 22-25, para que cumprissem sua vontade, aceitassem seu Senhorio. Historicamente uma profecia sobre a destruição de Jerusalém que representava nesse período a raiz embrionária do reino, se cumpriu por volta do ano 70 d.C., quando essa cidade é destruída pelos romanos e o templo queimado. A vinha a partir daí se dispersa por toda a terra perdendo então a primazia do reino, que é oferecido então, a todos os povos.
     O reino de Deus é oferecido a todos os povos que aceitem o senhorio de Jesus e produzam frutos. Os judeus não quiseram aceitar a herança do Reino de Deus, rejeitando a mensagem de salvação e instalação desse reino. A igreja redimida passa a fazer parte desse reino e se torna co-herdeira com Cristo. A todos quanto receberam a Jesus como Senhor e Salvador são agora transformados em filhos de Deus e se tornam co-herdeiros com Ele (João 1). A igreja agora, na dispensação da nova aliança se torna a legítima arrendatária da vinha, e ao mesmo tempo mordomos dessa plantação bendita. O reino de Deus é entregue a todos quanto aceitam a Jesus, o que inclui os judeus que serão salvos posteriormente.
    Pensemos portanto agora numa visão escatológica na parousia de Cristo, isto é sua segunda vinda, precedida pela epifania ou seja, sua pública manifestação no cenário mundial. Nesse acontecimento consumador, Ele exercerá juízo sobre todas as nações povos tribos línguas e sobre todos os líderes que rejeitaram seu reino e usurparam o seu lugar. Cristo então no seus atos de justiça justificará publicamente os que aceitaram seu Senhorio e quanto aos demais, serão lançados nas trevas exteriores onde há choro e ranger de dentes.
     Nos versos 42-44, Jesus, profeticamente se interpõe como a Pedra Rejeitada pelos infiéis lavradores e pela própria vinha do Senhor, tendo em vista que  expressão “edificar” tem tudo a ver com a construção e propagação do reino de Deus. Na verdade, a citação de Jesus é o cumprimento profético do texto de Salmos 118:22,23 que diz: “A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular; isso procede do Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos.” Jesus aponta nessa citação profética sua morte e exaltação iminentes. Os homens maus haviam rejeitado o filho do dono da vinha, que é o herdeiro, e agora Jesus utiliza outro texto do Antigo Testamento para evocar esse significado profético que se cumpria já naquela época: a pedra rejeitada (que é o próprio Cristo) também se transformou na principal pedra angular, ou pedra de esquina do edifício (reino). Então o reino se torna a vinha onde o povo que é a vinha produzirá bons frutos. O Salmo 118 está na realidade mostrando que essa pedra de esquina, ou pedra angula possui suas características, seu lugar de destaque entre todas as pedras numa construção: a) é a pedra principal; b) reduz a pedaços as pedrinhas; c) esmaga os oponentes do filho. Essa pedra, para os eleitos, se torna um poderoso alicerce, mas para os perversos, se torna pedra de tropeço onde caem, rocha de ofensa, na qual muitos tropeçarão e serão quebrantados (Isaías 8.13-15). Outros textos que se referem à essa pedra: Isaías 28.16; Daniel 2.34, 44-45; Atos 4.11; Romanos 9.33; Efésios 2.20; e 1 Pedro 2.6.
    O texto da parábola (v. 45 e 46) encerra levando o leitor a enxergar que esses homens entenderam a mensagem e absolutamente tudo o que Jesus proferiu, perceberam que tudo o que Jesus falou era dirigido diretamente a eles, e como toda parábola exigia uma resposta imediata, e uma reação eminente, a resposta deles foi a seguinte: “esperamos a oportunidade certa para dar cabo da vida desse homem, mas não agora, pois isso pode causar uma revolução, uma revolta, um grande alvoroço no meio do povo, pois eles o admiram e podem se voltar contra nós.” Esses homens perversos preferiram continuar em seus erros a mudar de atitude e assim, permaneceram até consumarem suas obras malignas, recebendo, no final justa punição. Quando o Herdeiro retornar, coroará sua vinha fiel e sofredora. Porém punirá com castigo eterno, os maus administradores, e toda vinha brava, que não produz bons frutos.
    Finalmente, podemos concluir que no reino de Deus, muitos serão lançados fora, por causa da má administração, e da rebelião contra o senhorio do Dono da vinha e de Seu Filho, o legítimo herdeiro. Deus chama seus filhos e servos ao arrependimento. Há pessoas em nossos dias, em nossas igrejas, que se acham os verdadeiros donos da vinha, que na verdade é do Senhor. Agem como donos absolutos. Mas como maus lavradores pervertem a mente do povo, mentem, interpretam as Escrituras ao seu bel-prazer, enganam, visam a própria glória e não a de Deus, e por fim, tentam se assentar no próprio trono do Altíssimo. A esses homens já está reservada a punição que é a expulsão do Reino para um lugar de tormentos eternos.
     Portanto, meus amados, o reino de Deus é formado pela vinha dileta do Senhor que é a igreja eleita, em todos os tempos e em toda sua extensão, os lavradores são os líderes religiosos, os servos maltratados são os perseguidos por causa do Reino, o Dono da Vinha é o Senhor, o Herdeiro é Jesus.
    A Parábola dos Lavradores Maus tem por objetivo evidenciar o amor de Deus e ao mesmo tempo a rebeldia existente no coração de muitos lideres religiosos e até mesmo homens e mulheres que estão debaixo dessas lideranças.
    A segunda vinda de Cristo, o Filho Amado, a Pedra Angular, será marcada pela sua exaltação na sua epifania, seguindo-se então o juízo sobre toda a carne que se opôs ao Senhor do Reino. O reino aqui é, então consumado quando os rejeitadores são lançados fora e a igreja (a vinha do Senhor) reina eternamente com Cristo o Herdeiro nesse glorioso reino.
    Que eu e você possamos fazer parte dessa vinha, desse reino e fielmente cultivemos a vinha do Senhor, e edifiquemos a igreja na Sagrada Escritura, preparando-a para se encontrar com o Senhor. E que naquele dia eu e você possamos ouvir do próprio Senhor: “Vinde Benditos de Meu Pai! Entrai na posse do Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.” (Mateus 25.34). Aleluia! Que Deus nos abençoe ricamente e aplique essa palavra em nossos corações, em nome de Jesus, Amém.

Reverendo Adeir Goulart da Cruz.