sexta-feira, 30 de julho de 2010

Quando Fugimos da Voz de Deus (Jonas 1.1-3)

    Até creio que há, de fato momentos que Deus se cala, apesar de me apegar também á eloqüência do silêncio de Deus. Porém, percebo que em algumas situações que nós é que dificultamos, pois em alguns casos, Deus não se calou, mas está falando incessantemente e nós, ou não entendemos, ou entendemos e fazemos de conta que não entendemos, ou mesmo, até concordamos que Deus falou e nos deu sua direção, mas decidimos equivocadamente não obedecermos à sua voz.
   Quando desobedecemos de forma consciente à uma ordem direta de Deus, estamos na verdade nos curvando ao nosso velho homem que se levanta já em um avançado estágio de putrefação, e nos entregamos à sua vontade, isto é, à vontade do ego corrompido. O mais impressionante dentrode tudo isso, é que conseguimos enumerar uma série de justificativas e de "mas" para nossos atos de desobediência consciente à voz de Deus.
   Em outras palavras, temos nossos motivos para não obedecermos à voz de Deus. E uma das formas de se desobedecer é a fuga. E essa fuga nos traz uma série de conseqüências, pois se estamos errando, mais cedo ou mais tarde, colheremos o fruto daquilo que estamos plantando.
    Jonas tinha suas justificativas para não obedecer à voz de Deus. Nínive era a capital da Assíria, conhecida por sua crueldade, violência sobretudo contra os profetas de Deus. Provavelmente, Jonas conhecedor de toa a história e toda tradição judaica, conheceu algum caso de alguns profetas de Deus que foram martirizados pelos ninivitas. A malícia desse povo foi tão grande que chegou a incomodar o Senhor, e Ele resolve visitar essa nação com seus Juízos. Para você ter uma idéia esse povo era tão cruel, que eles conduziam seus escravos aos seus "aposentos" com anzóis presos aos seus narizes.
   Jonas, com toda certeza, foge da voz de Deus, na expectativa de que não houvesse outro profeta que pregasse a essa cidade, e que conseqüentemente fosse subvertida pelo juízo de Deus. Então, ele foge para longe da presença de Deus. Na concepção de Jonas, esse povo deveria morrer. Deus demonstrou sua graça a esse povo dando-lha a oportunidade de se arrepender. Mas Jonas já havia dado a sentença. E a sentença era Morte. Ele não admitia que um povo tão cruel escapasse e sobrevivesse. Ele esperava se vingar dos ninivitas por toda a maldade e crueldade existente. Mas quando Jonas foge, não propriamente da presença do Senhor, porque Deus está em toda parte e nem no fundo do mar ele se escondeu de Deus, mas ele foge dos propósitos e da vontade soberana de Deus. E Inevitavelmente colhe o que plantou pela sua desobediência.
   Gostaria, meus amados de meditar sobre as conseqüências de se fugir da voz de Deus, como Jonas as enfrentou:
    1) NOS AFASTAMOS CADA VEZ MAIS DELE (1.1-3). O que Jonas mais queria nesse momento era fugir de sua responsabilidade como servo de Deus. Portanto ele embarca para longe da presença (ou da vontade) de Deus. Isso implica que Deus não estava com ele em sua decisão. Jonas tomou todas as decisões que o levariam para longe da vontade de Deus. Meu amado, não fuja da presença nem da vontade de Deus para sua vida. Quando decidimos não obedecer, seja mais difícil que for a ordem de Deus, entramos num barco sem direção, que pode naufragar a qualquer momento, porque Deus não nos quer longe de sua vontade.
    2) ENFRENTAMOS TERRÍVEIS TEMPESTADES EM NOSSAS VIDAS (1.4-5). Toda aquela variação climática era por causa da desobediência de um profeta de Deus. Uma embracação inteira sofreu por causa de Jonas. Não somente nós, mas todos a nossa volta enfrentam terríveis tempestades por causa de um ato de desobediência de nossa parte: amigos, família, parentes, colegas de trabalho, igreja, etc. Não seja um causador de tempestades. Abençoe as pessoas a sua volta, cumprindo a vontade que Deus determinou para sua vida.
    3) NOS ESCONDEMOS EM NOSSOS PORÕES E FINGIMOS ESTAR TUDO BEM (1.5-6). Essa cena talvez poderia ser registrada como uma das cenas mais bizarras e impressionantes de toda a vida de Jonas. Não me impressiono com o grande peixe que tragou a Jonas, não me impressiono pelo fato de Jonas ser atirado ao mar como peso morto, nem com o fato de Jonas ser vomitado em terra perto de Nínive. Me impressiono com sua atitude de se esconder de Deus, dormir tranquilamente um sono profundo, sabendo que estava desobedecendo a Deus, e fingindo estar tudo bem. Essa é muitas vezes nossa atitude quando fugimos da voz de Deus. Nos escondemos, e fingimos que tudo está bem, quando nossa embarcação está prestes a afundar. Meu amado, se você quer ser abençoado por Deus, não há uma fórmula mágica para isso. Simplesmente seja fiel à Deus e obedeça a sua voz. Saia desse navio perigoso que está te levando para longa da presença de Deus, enquanto ainda é tempo. Seja usado por Deus.
    4) SOMOS TRAGADOS PELAS FERAS EXISTENCIAIS QUE NOS CERCAM. (1.17) Meus queridos, essas feras podem ser mais tribulações em nossas vidas, talvez enviadas pelo próprio Deus como um ato de correção. É aí que somos tratados por Deus. Não adianta ignorar a voz de Deus. É melhor obedecermos a Deus por amor do que pela estrada do sofrimento. Os problemas vão surgindo, e o próprio Deus pode ser o autor desses problemas para tratar o nosso caráter. Perceba que no ventre do peixe, Jonas ora de forma dramática, e agora onde está o orgulho do profeta? Onde está a coragem para enfrentar a Deus? Desapareceram. Como Jonas mudou. Veja um Jonas diferente agora. Até fala a Deus que iria cumprir com seu voto profético de anunciar a Palavra de Deus. Meu irmão, minha irmã, não passe por lutas para aprender a obedecer a vontade de Deus, que é boa, perfeita e agradável. Venha por amor e seja ricamente abençoado e honrado por Deus. Jonas foi vomitado nos limites de Nínive. Quanto sofrimento poderia ter sido evitado. Ele cumpriu com sua missão, mas teve de sofrer muito para entender isso.
    O que Deus tem te falado utimamente? Você tem dado ouvidos? ou tem fingido que não está escutando. Notem que quando Jonas prega aos ninivitas, Deus resolve poupar esse povo porque esse povo se converteu. Jonas deveria ter comemorado o fato dessa nação ter sido salva através da sua pregação, mas não. Ele mais uma vez se justifica, dizendo mais ou menos assim: "eu sabia Senhor, eu sabia, pois o Senhor é misericordioso." Curiosamente, no livro do profeta naum visualisamos a cena da destruição de Nínive, que mais tarde se desvia e inevitavelmente é arrasada. Mas isso não aconteceu nos tempos de Jonas, porque a mensagem pregada por ele foi aceita pelos ninivitas.
   Meu amado, obedeça a voz de Deus, não sofra, não leve pessoas a sua volta a sofrerem, e que não seja você o causador da morte espiritual e condenação eterna de muitos a sua volta. Que em nome de Jesus, em todos os aspectos, você possa obedecer à voz de Deus e não fugir da sua presença. E experimente o melhor de Deus na sua vida. Que Deus te abençoe em nome de Jesus. Reverendo Adeir Goulart da Cruz.

EU NÃO POSSO IR (LUCAS 14.15-24)


    É evidente que todas as parábolas que Jesus conta, traz aplicações diretas ao seu reino inaugurado já entre nós. Jesus se utilizava de Parábolas para, em algumas ocasiões facilitar o entendimento dentro do seu ensino e mensagem. Em outras situações, Ele se valia dessas parábolas para confundir a mente e o entendimento dos líderes religiosos de sua época, pelo simples fato de não ser ainda chegada a sua hora.
    A Parábola da Grande Ceia expressa na verdade, o convite da graça que é direcionado a todas as classes de pessoas. Em um primeiro momento, entendemos que Jesus dirige seu convite aos seus (Israel), bem como aos chefes religiosos de sua época, e como esses rejeitam esse convite, ele é estendido àqueles desprezados por toda a sociedade, e que talvez poucos gostariam de ter quaisquer tipos de contatos. Nesse ínterim descobrimos uma relação conflitante entre o que convida e entre o convidado. Um honra, e o outro é honrado. O dono dessa festa honra o pecador ao convidá-lo para esse banquete, e o pecador convidado, por sua vez despreza o convite, não fazendo caso dele, apresentando suas desculpas.
    Quando convidamos um amigo íntimo para uma festa muito importante, e descobrimos que ele não foi por motivos fúteis, nos sentimos desonrados e desprezados. Da mesma sorte, se somos convidados de honra a alguma festa de alguém importante que se lembrou de nós e não comparecemos por motivos desprezíves, quando poderíamos ter aceito o convite, estamos desprezando e desonrando o anfitrião.
   O Dono da Festa é, de fato o Senhor Jesus. Os convidados são, em primeira instância, o povo de Israel, e depois, os demais pecadores, isto é, todos nós. Os servos que convidam e avisam que tudo já está preparado são aqueles que anunciam a mensagem da parte de Deus.
    Encontramos aqui ainda, algumas desculpas que são usadas no reino de Deus ainda hoje, como encontramos no texto proposto para essa mensagem. Notem, meus queridos que o reino de Deus é comparado a uma festa de casamento, um banquete nupcial, e todas as classes de pessoas indistintamente, são convidadas pelos ministros, evanglistas, missionários, enfim, todos os que anunciam a chegada do reino de Deus. E muitos são os que hoje se esquivam do convite da graça. As desculpas são diversas e eu gostaria de mencionar algumas delas que são tão antigas, que pensamos que são novas:
    1) NÃO POSSO IR A ESSA FESTA POR QUE TENHO NEGÓCIOS A TRATAR. (vs. 18 e 19). Os negócios dessa vida são mais importantes para muitos. A necessidade de possuir, a necessidade de enriquecer são mais importantes, do que dar ouvidos a um convite para uma mera festa. Só que eles se esquecem que estão rejeitando o convite da graça. Mas se utilizam de meras desculpas. Dois dos convidados se ocupam da mesma mentira: negociamos e precisamos ver o que compramos. Um compra um campo sem vê-lo. Outro compra uma junta de bois e precisa testá-la. Quem em sã consciência faria negócios assim? Seria um tolo. Percebemos a desculpa esfarrapada para não ir a essa festa. E hoje esse mesmo erro se repete. Não tenho tempo, não posso ir, porque tenho que lucrar e cuidar dos meus negócios. Estou ocupado... tenho coisas mais importantes para fazer. O materialismo predomina na vida dessas pessoas, que mais cedo ou mais tarde terão que acertar contas com o anfitrião da festa, e não haverá desculpas. A oportunidade está sendo dada. O convite está sendo feito pelos servos. O que é mais importante para você: seus negócios, suas transações ou seu futuro na eternidade?
    2) NÃO POSSO IR A ESSA FESTA PORQUE MEU TRABALHO É MAIS IMPORTANTE. (vs. 18 e 19). Meus amados, ao mesmo tempo que essa desculpa é utilizada, extraímos dessa falácia, uma outra faceta, que torna uma desculpa em duas. Esses dois homens faziam suas transações porque isso era o trabalho que desempenhavam. Jesus não está condenando o vender e o comprar, mas sim a mentira e a perversidade dos corações dos homens que mentem quando não querem assumir um compromisso com seu reino. E outra desculpa muito difundida em nossos dias é essa: não vou seguir a Jesus, não vou a essa festa, porque não tenho tempo para isso. Meu trabalho é mais importante. Sabemos que não passa de desculpas, porque nós é que fazemos o tempo. Somos mordomos do nosso próprio tempo, e quando queremos arranjar tempo para lazer, descanso, diversão, o tempo simplesmente aparece. Mas para festejar com Jesus não temos tempo. Estamos assim perdendo o nosso tempo.
    3) NÃO POSSO IR A ESSA FESTA PORQUE MINHA FAMÍLIA ME IMPEDE (v. 20). Essa terceira desculpa, nos oferece um material imenso para muitas brincadeiras. É provável que esse terceiro ironizou, e intencionalmente culpou a mulher como uma forma de ridicularizar, pois agora é um homem sério dedicado á família. De fato, essa desculpa também é difundida com freqüência em nossos dias: ah não posso servir à Jesus, porque minha esposa não deixa, meu tempo é todo dela agora, minha mãe não concorda, minha família já tem seu seguimento religioso, e não vão aceitar. Não posso ir a essa festa por causa da minha família. A desculpa dada por esse terceiro homem é a mais ridícula de todas, visto ser ele o chefe da casa, e no seu caso, agora que já é um homem casado, e com responsabilidades conjugais, ele poderia perfeitamente ir acompanhado de sua esposa à essa festa. Mas a mentira predominou.
    Meus amados, a verdade é que essa festa está sendo preparada. A festa de casamento entre Cristo e sua Igreja. Os convites estão sendo feitos. De uma forma ou de outra, Jesus manda seus servos encherem a casa, e o convite direcionado aos que o rejeitam é feito à outros que irão valorizar esse convite e honrá-lo, aceitando Jesus como seu único e suficiente Salvador. Rejeitar o convite é uma decisão que perdurará por toda a eternidade. Faça parte dessa festa. Não peça exclusão da lista de convidados. Aceite o convite para o banquete da graça, e festeje com Jesus. Entre nessa festa. Reverendo Adeir Goulart da Cruz.

Saindo do Buraco. (João 14.6)

Sinal Vermelho (1 Samuel 23.1-14)

    Todos nós conhecemos o famoso semáforo que tem por objetivo regulamentar o tráfego de veículos e trazer segurança. Sabemos que o sinal verde é a permissão para avançar, o amarelo, por sua vez nos alerta quanto a mudança para o vermelho que nos obriga a parar.
    O texto acima nos traz um dos momentos mais dramáticos da vida de Davi, quando fugia de Saul. Davi nessa ocasião, logo após se esconder em uma caverna chamada Adulão, agora se vê na responsabilidade de defender um povo que mais tarde trairia para salvar a própria pele.
    Davi livrou uma cidade chamada Queila, das mãos dos filisteus, e em todos os momentos, ele olhou para o semáforo de Deus. Na primeira ocasião, Davi olha para Deus e pergunta: Senhor, posso prosseguir? Sinal verde, Deus para lutar contra os Filisteus? (v2), e Deus responde: Sim Davi, Sinal verde, pode avançar, vença os filisteus e defenda essa cidade. (v.2,4).
    Davi foi um herói livrando os habitantes de Queila que por sua vez o trairiam. Isso sempre acontece conosco. Somos entregues por quem nos lutamos e amamos. Por mais esforço que você empenhe para defender aquele seu sonho, ideal, objetivos, família, e até pessoas que você quer bem, amanhã, elas podem te trair.
    Num segundo momento, Davi se vê no sinal amarelo de Deus e antes, ele pergunta a Deus se deve ficar ou fugir. Notem, meus amados, que Davi defendeu Queila dos filisteus, mas um segundo ataque estava já elaborado por Saul, por causa da presença de Davi nessa cidade. Saul destruiria uma cidade inteira só para matar a Davi, e Davi percebe o sinal amarelo, o perigo iminente. Davi tinha esperança que seu esforço em salvar essa cidade seria reconhecido, e que esses homens o defendessem e demonstrassem as lealdade. Mas isso não ocorreu.
    Diante do sinal amarelo, Davi fica na Dúvida: E agora, o que eu faço? Já se viu numa situação semelhante? Já ficou num dilema de decidir algo que pode sua vida, sua paz, sua família, sua vida profissional, seu ministério? Particularmente, me sinto assim o tempo inteiro.
    Davi diante do sinal amarelo ele pergunta: Sinal amarelo, Senhor? Me tira uma dúvida: se eu ficar, aqui, Saul destruirá essa cidade por minha causa? Ele descerá até mim? Deus responde: Sinal vermelho, Davi. Saul descerá sim para destruir essa cidade e te matar. (v.10-11)
    E agora, a pior parte. Davi pela terceira vez ora a Deus e diante do sinal amarelo, ele pergunta a respeito do povo, já se antecipando quanto ao que poderia acontecer se Deus não intervisse: Sinal verde, Senhor? Esse povo vai me defender? Esse povo vai me ajudar e me preservar? Ou eles me entregarão? A triste, mas necessária resposta de Deus foi a que talvez Davi já soubesse: Não, Davi. Sinal vermelho. Eles te entregarão a Saul. (v.12).
    Baseado nas respostas de Deus, Davi tomou suas decisões. Meu amado, diante dos dilemas da vida, que você possa buscar a resposta para a sua vida, no Senhor. E não espere que pessoas a sua volta estejam do seu lado, pois na hora que o sinal ficar vermelho, elas te abandonam. Mas o Senhor te acolhe e não te vira as costas. Ele te honrará.seja firme e não desanime. Olhe para o semáforo de Deus, observe seus sinais, e tome as decisões corretas. Reverendo Adeir Goulart da Cruz.

domingo, 18 de julho de 2010

CRISTO IMUTÁVEL (HEBREUS 13.8)


    “Nunca despreze o seu presente, pois ele te ajuda a reparar o passado e a construir um futuro.”
    Essa frase filosófica nos leva a entender que nossa vida é composta de passado presente e futuro. Todos nós passamos por essas etapas e quando olho para elas, percebo o quanto somos limitados. O homem tem um início, um meio e um fim, e esse processo o homem passa por diversas mutações. Muda seu semblante, seu pensamento, seu comportamento, suas roupas, sua aparência, enfim, o homem muda de diversas formas.
    Em face a essas mudanças, inevitavelmente surge um contraste entre a personalidade eterna de Jesus, e nossa personalidade mutante. Cristo sendo eterno, não se prende a tempo e espaço. Ele é o verbo eterno de Deus, pré-existente com Deus na eternidade (João 1.1). Não mudou, não muda e nunca mudará.
    Agarrado a essa premissa, quero fazer três considerações importantes e indispensáveis: 1) Cristo é Imutável em sua Pessoa; 2) Cristo é Imutável em sua Palavra; Cristo é Imutável em Sua obra Redentora.
    O texto em que baseamos nossa mensagem de hoje, traz em primeira instância, recomendações aos crentes hebreus a espelharem suas vidas nos exemplos passados de homens que pregaram a Palavra de Deus e que viveram de forma digna do evangelho de Cristo.
    O autor de Hebreus aponta para o exemplo deixado no passado, de pessoas que foram fiéis a Deus e sua Palavra e não perverteram a Palavra da Verdade.
    Mas muito mais do que nos espelharmos em homens, o escritor dessa carta apela para o exemplo eterno de Cristo, que intervém em todas as eras da existência humana. Meus amados, além de sermos fiéis a Deus em todas as épocas e não pervertermos as Escrituras, podemos inferir também que Jesus se preocupa conosco em todos os tempos e épocas. Jesus está atento ao que enfrentamos em todas as gerações. Ainda que o problema seja grande, Ele possui o mesmo poder, a mesma substância divina, e o mesmo objetivo de salvar, abençoar, executar seus juízos e cumprir com sua Palavra em nossas vidas.
    Nessa certeza, podemos afirmar que:
    1) CRISTO É O MESMO PARA MUDAR MINHA HISTÓRIA. (ONTEM)
    ... considerai o vosso passado. (Ageu 1.5). 
    Meu amado, eu queria que você agora entrasse na máquina do tempo chamada mente, e se transportasse para situações que você sofreu e que talvez você tenha vergonha de lembrar.
    Momentos duros, sofrimentos, crises na sua família, na saúde, nos relacionamentos, pecados cometidos. Como foi seu passado até aqui?
    Há alguma situação passada, uma decisão errada, um pecado cometido que você ainda sofre? Jesus é o mesmo para reparar o seu passado e apagar as marcas. Ele pode curar suas feridas, sua dor, ele pode reescrever a história.
    Jesus não mudou e ele tem o mesmo poder para mudar sua história e te resgatar da tragédia do seu passado. Nós sofremos no presente por causa de escolhas erradas que fizemos no passado. Jesus é o mesmo para mudar essa triste história.
    2) CRISTO É O MESMO PARA INTERVIR NO SEU PRESENTE. (HOJE)
    ...Hoje, se ouvires a sua voz, não endureçais o coração... (Salmos 95. 7b, 8a).
    Queridos, Jesus pode intervir também em nosso presente. Decisões erradas que tomamos agora se constituem tragédias históricas em nossas vidas, que podem refletir negativamente pelo resto da vida.
    A situação conflitante e dura que enfrentamos agora, pode ser mudada miraculosamente se ouvirmos a voz de Deus, isto é, sua Palavra. Não há fórmula mágica para ser abençoado por Deus. Deus promete abençoar seu povo, quando há humilhação, oração, busca da presença de Deus, e conversão. (1 Crônicas 7.14).
    Jesus é imutável em seu agir. O mesmo poder que ele teve no passado para curar, intervir, perdoar, abençoar e salvar, ele tem hoje. Você ainda sabe em quem você tem crido? Não endureça seu coração. Que tipo de luta você tem enfrentado em seu presente? Doença? Aflição? Perturbação? Conflito no Lar? Dificuldade Financeira? Depressão? Isso pode ser resultado de dureza de coração, frieza espiritual, e acima de tudo, decisões erradas que você tomou no passado que está refletindo agora. Se uma decisão não for tomada hoje, você pode transferir isso para seus filhos. Deixe Jesus entrar e mudar seu presente, já, meu amado. Deixe ele assumir o controle total de sua vida.
    3) CRISTO É O MESMO PARA PROJETAR SEU FUTURO. (AMANHÃ).
    Ele é como a árvore plantada junto a corrente das águas; que no devido tempo dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido. (Salmo 1.3).
    Meu amado, a escolha é sua. Se você deixar Jesus guiar sua vida, buscar intimidade com Deus, sua vida será abençoada e frutífera. Mas caso contrário, seu futuro será amanha um presente atribulado e depois uma história trágica.
    Nosso futuro está nas mãos de Jesus. Talvez você olhe a sua volta e não vê perspectiva de mudança. Talvez você pense que é impossível ter uma vida abençoada. Quero te dizer que Jesus veio para trazer vida e vida em abundância.
    Se ele veio para isso, Ele tem poder para fazê-lo. Entregue seu futuro a Jesus, seja íntegro e reto, busque intimidade com Deus, e deixe-o governar sua casa, sua família, seus negócios, etc. Deixe seu futuro nas mãos de Jesus.
    Pare de sofrer. Pare de tomar decisões erradas. Pare de agonizar as dores do seu coração petrificado. Jesus não te chamou para sofrer. Ele quer te dar alívio hoje à sua dor.
    Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele e o mais ele fará. (Salmos 37.5).
    Meu amado, quero encerrar dizendo, que na história do povo de Deus que inclui a mim e a você, Jesus jamais desamparou seus servos, nunca se esqueceu deles, e ele também não nos desampara.
    Conhecemos essa história e sabemos que Deus sempre restaurou o passado, interviu no presente e projetou o futuro.
    Se seu passado é triste, Jesus restaura o seu Ontem
    Se o seu presente é atribulado, Jesus intervém no seu Hoje
    Se o seu futuro é incerto e você não tem esperança de mudança, Jesus projeta seu Amanha.
    Tome a decisão e entregue sua vida inteiramente ao Senhor. Amém.







sexta-feira, 16 de julho de 2010

É NECESSÁRIO ATRAVESSAR (JOÃO 4.1-4)

   "Quando, pois o Senhor veio a saber que os fariseus tinham ouvido dizer que Ele, Jesus, fazia e batizava mais discípulos que João, (se bem que Jesus mesmo não batizava, e sim, os seus discípulos) deixou a Judéia retirando-se outra vez para a Galiléia. E era-lhe necessário atravessar a província de Samaria."
   Talvez todos aqui já tiveram de tomar decisões difíceis na vida, como por exemplo, uma viagem indesejada. Já tive de fazer várias viagens no decorrer da minha vida profissional, o que nem sempre era muito agradável. Algumas dessas viagens eram maçantes, cansativas e principalmente perigosas, por causa do percurso e das condições da estrada. Nossa vida também é como se fosse um trajeto de várias estradas e algumas delas nós não gostaríamos de trilhar. Mas há situações que nos forçam a trilhar, mesmo contra nossa vontade essas estradas terríveis.
   No texto proposto, páro propositalmente no versículo 4 porque não é meu objetivo falar da mulher Samaritana, mas sim de Jesus. Precisamente no versículo 4, Jesus se vê na eminência de fazer uma viagem, que não seria agradável. Ele partiria da Judéia para a Galiléia, mas segundo o texto, era necessário passar por Samaria. O percurso dessa viagem seria difícil, porque Jesus sendo Judeu iria passar dentro dos limites de Samaria. Todos nós sabemos que os Judeus e os Samaritanos não se comunicavam. Os Judeus consideravam os Samaritanos ritualmente imundos, por causa do sincretismo religioso e por causa da mistura de raças. Os Samaritanos porém criam que eles é que eram o verdadeiro povo de Deus, e acreditavam que suas práticas estavam corretas e que os Judeus tinham um problema com o local de adoração a Deus.
   Havia uma briga entre eles. Eles não combinavam entre si, não havia amizade nenhuma entre eles. Por causa desse e de uma série de motivos, passar por Samaria era perigoso, principalmente, falar com samaritano ou samaritano falar com judeu. Jesus também enfrentaria outros perigos nesse percurso: animais peçonhentos pelo caminho, perigo de salteadores, emboscadas, entre outros. Mas era necessário passar por essa rota. Era necessário não por causa da localização geográfica, pois Jesus poderia ter desviado por outro caminho, mas sim, por causa de sua obra restauradora na vida de uma mulher pecadora que precisava de sua ajuda.
   Jesus enfrentou todos os obstáculos previsíveis nesse trajeto, mas teve total desprendimento e coragem e cumpriu com sua missão, mesmo passando por essa estrada difícil. Quero inferir aqui, para nossa meditação, três estradas que inevitavelmente teremos que atravessar ainda que fujamos delas e neguemos a necessidade de trilhá-la. Devemos aprender com Jesus se quisermos vencer esses três percursos. É necessário atravessar:
   1) A Samaria da tentação (Mt. 4) - A tentação de Cristo (Eu vs. o diabo). Nenhum ser humano está isento de atravessar essa estrada terrível; principalmente aos cristãos, essa estrada tenebrosa estará sempre em seu caminho. Nem Jesus escapou dessa estrada, em diversos episódios de sua vida. Mas atravessou invicto, com coragem e consciência de sua missão. Ele não parou no meio do trajeto. Ele foi até o fim. A Palavra de Deus nos assegura que Deus passa conosco na tentação e nos dá forças suficiente para suportarmos essa estrada terrível. (1 Coríntios 10.13)
  2) A Samaria da provação (Mt. 26.36-46) - Jesus no Getsêmani (Eu e Deus). Não somos tentados por Deus porque Deus a ninguém tenta. Mas na verdade somos Provados por Ele, porque seu desejo é nos aprovar e não nos reprovar. Várias situações podem constituir grandes provações em nossa vida, como por exemplo, doenças, fracasso, abandono, instabilidade financeira, amargura, trancamento de portas, orações não respondidas, etc. Qual será a nossa atitude diante das provações? Vamos passar com fé, ou vamos esmorecer e desanimar? Jesus foi provado no Getsêmani. Deus não atendeu sua oração, pedindo para ficar livre do sofrimento que viria, mas Deus o honrou quando ele venceu essa estrada.
   3) A Samaria da Humilhação (Fp. 2.5-11) - A Teoria da Kenósis (Eu e meu Ego). Para Deus não tem grau de pecado, mas talvez sob a ótica humana, um dos mais abomináveis de todos os pecados seria o orgulho, a vaidade e o desejo de estar no centro de tudo. O que destituiu lúcifer de seu posto foi o desejo de ser como Deus, e cheio de soberba se elevar como o Altíssimo. O próprio Jesus não reivindicou seu título, de Messias, de Filho de Deus, de o Leão da Tribo de Judá, mas a si mesmo se humilhou (não deixando de ser Deus), mas sofreu as angústias da miséria humana em todos os seus estágios de sofrimento, até ser exaltado por Deus. Ele se humilhou sendo obediente até a morte e morte de cruz. No segundo livro das Crônicas, capítuo 7 vs 14, Deus faz uma alerta a Salomão com relação ao seu povo, e esse alerta serve de condição para ser abençoado por Deus e ter uma vida feliz e bem sucedida. O primeiro requisito de Deus é a Humilhação. Quando nos humilhamos, destronamos nosso ego, nosso velho homem, nossa natureza carnal e entregamos o controle de nossas vidas ao Senhor. Essa talvez seja uma das estradas mais difíceis de trilhar.
   Não sei que tipo de luta você tem enfrentado, mas saiba que você não pode desistir de trilhar essas três estradas tortuosas, que te levam a glorificar a Deus, quando são vencidas. A estrada da tentação enfrentaremos até a nossa redenção final. Ela nos fortalece quando vencemos cada milha. A estrada da provação é, na verdade o toque sobrenatural e amoroso do oleiro em nosso caráter frágil e deformado. Não se rebele contra Deus. Volte, assuma seu posto como filho e como servo fiel e vença a estrada da provação. A estrada da humilhação, é o atalho para a estrada brilhante e gloriosa chamada vitória. Supere essas três estradas, pois para você vencer, é necessário atravessar. Que Deus te abençoe ricamente em Cristo Jesus.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

NOSSA CULPA (EZEQUEL 3.16-21)

   Se tem algo que todos querem é ser abençoado por Deus. Os momentos em que Deus mais é buscado é quando estamos interessados em suas bênçãos. Aliás, correr atrás de bênçãos têm sido o objetivo de muitos crentes do século 21. Deus de fato nos abençoa, por sua Graça, mas o que sua Palavra nos recomenda é que sejamos também uma bênção em suas mãos. Uma das formas de sermos bênçãos é evangelizarmos no nosso dia a dia. Só que nem todos estão interessados em servir a Deus, mas sim em ser servido por Deus.
   O texto que acabamos de ler é uma palavra profética que Deus dirige a Ezequiel, no tocante a seu trabalho como atalaia de Israel, que deveria cuidar e avisar ao povo do seu mau caminho. O povo estava se perdendo, ao se afastar de Deus. O Senhor levanta a Ezequiel e lhe confia a missão de propagar as boas novas de salvação a todo o Israel. Israel era o povo que estava longe da presença do Senhor e alguns gradativamente iam se distanciando, seguindo ao curso das trevas. Deus se dirige a Ezequiel e lhe traz uma advertência dura e severa, com relação ao trabalho missionário que ele deveria desempenhar dentro de Israel. Ele mostra que almas estão morrendo debaixo de seus olhos, e que ele sabia disso.
   Como Deus mostra a Ezequiel, há um perigo muito grande quando não fazemos missões, e eu gostaria de enumerar à luz do texto que acabamos de ler:
   1) O DESCRENTE MORRE EM SUA DESGRAÇA POR CULPA NOSSA (v. 18)
   A Bíblia é clara e enfática ao afirmar que a responsabilidade é nossa. A função da igreja como agência de Atalaias na terra é a de avisar o perverso da perdição eminente. Não é somente uma tarefa do pastor, do evangelista, dos missionários, mas da igreja. Até mesmo dentro da igreja tem pessoas se perdendo e não damos a mínima. A responsabilidade é nossa.
   2) O JUSTO MORRE EM SUA DESGRAÇA POR NOSSA CULPA (v. 20)
   Tem muitas pessoas que se desviam da igreja e dos caminhos do Senhor por que não encontram um ambiente favorável para crescer. Não há ministração da Palavra de Deus, e os atalaias não lhe oferecem palavras de arrependimento, que confronte seu pecado e seu distanciamento de Deus. Mas por medo de perdermos a simpatia, não alertamos essas pessoas, não oramos, não intercedemos, não cuidamos, e essas pessoas se perdem por causa do nosso despreparo.
   3) SEREMOS PENALIZADOS PELAS ALMAS QUE SE PERDEM POR NOSSA CULPA. (v. 18, 20).
   Não sei que tipo de penalidade receberemos pela nossa negligência mas tudo indica que é algo severo. A culpa das almas que se perdem é da igreja, que está dormindo o sono da negligência e do descaso. Deus vai requerer de nossas mãos o sangue dos que se perdem quando nós não fazemos missões. Jesus na parábola dos dez talentos nos adverte quanto a negligência dizendo que ao que muito lhe foi dado, muito lhe será cobrado. Se você tem buscado muito as bênçãos de Deus, as tem recebido, e não testemunha, levando a mensagem redentora de Deus, pelo fato de você ser muito abençoado, você muito será cobrado.
   Se você ainda não investiu seu tempo nem suas orações em trabalhos de evangelização, você pode ser um dos responsáveis pelos problemas de sua igreja. Deus honra aqueles que o servem com o coração apaixonado. Que você possa, em nome de Jesus responder à pergunta que Deus faz a Isaías: “a quem enviarei e quem há de ir por nós?”. Que Deus nos abençoe em nome de Jesus.

terça-feira, 13 de julho de 2010

VENCENDO BEN-HADADE, O SAQUEADOR DAS ALMAS (1 REIS 20.1-21)

  A história do povo de Deus marcada por altos e baixos. Percebemos claramente que quando o povo dava ouvidos à voz profética, isto é, às instruções de Deus, esse povo prosperava. Mas quando esse mesmo povo desprezava as instruções de Deus, eram surpreendidos pelos inimigos, muitas vezes, incitados pelo próprio Deus como uma forma corretiva de tratar com seu povo.
  A era monárquica de Israel e a era profética, de certa maneira se fundiram. Os reis governavam, segundo as instruções proféticas. Mas nem todos os reis ouviam essas instruções, como foi o caso do Rei Acabe. No entanto, em um dos momentos raríssimos de sua vida, ele demonstra um pouco de coragem num misto de acertos e erros no seu reinado.
  Israel foi invadido por um rei da Síria chamado Ben-Hadade, que traduzindo significa “filho do deus da tempestade”. De fato, esse homem, veio trazer tempestade para Israel. Esse homem mesquinho e conquistador manda suas tropas cercarem Israel e faz algumas exigências. Meus amados, existe um Ben-Hadade maligno fazendo sempre suas exigências, que é o próprio Satanás. Notem que Ben-Hadade envia mensageiros para tomar todo o que Acabe tinha de mais valioso em Israel. Acabe atravessou nesse momento uma grande crise de valores.
  Sua crise de valor se torna evidente, quando ele, ao perceber que ficaria talvez apenas com a roupa do corpo, protesta, buscando agora, uma orientação dos sábios de Israel. (v.5-7). Meus amados, não podemos abrir mão do que Deus tem nos dado, seja família, seja bens, seja saúde, seja a comunhão com Deus... não podemos entregar à Ben-Hadade. Os sábios dão instruções a Acabe, que pelo menos aqui resolve seguir, e escapa de Ben-Hadade. Essas instruções nos traz os métodos de Deus para vencermos às exigências de Ben-Hadade, o homem que vem trazer tempestade para nossas vidas, e nos ajudam a vencê-lo:
  1) NÃO DÊ OUVIDOS À VOZ DO SALTEADOR DE ALMAS (V.8a). Queridos, Satanás nunca descansará. Ele sempre retorna para fazer suas exigências, para saquear nossa paz, destruir nossa comunhão com Deus e matar a nossa alma. Esse era o objetivo de Ben-Hadade: roubar, matar e destruir. Acabe na primeira vez, deu ouvidos às ameaças desse homem e se acovardou. Não de ouvidos às suas exigências. Não temos que dar nada à Satanás. Devemos nossas vidas todo o que somos e temos à Jesus. Não dê ouvidos às ameaças de Ben-Hadade (satanás).
  2) NÃO FAÇA CONCESSÕES (V.8b).Não podemos abrir mão do que Deus nos dá. Acabe, na primeira vez cedeu e abriu mão do que ele tinha de mais valor. Descobrimos aqui, meus queridos que o rei de Israel atravessava uma grande crise de valores, pois abriu mão daquilo que era mais valioso em sua vida. Sua família (mulheres e os mais fortes de seus filhos) (v.3). o pior é que o rei de Israel, se colocou como servo, ao dispor desse homem pagão que não iria parar em suas exigências (v.4). Não devemos nada à satanás. Não abra mão de sua família, seus relacionamentos, sua paz, o amor no lar, a harmonia de Deus em sua vida, seus bens, enfim, sua comunhão com Deus. Não negocie com satanás. Ele não tem direito nenhum sobre sua vida. Chega de concessões. Acabe num dos raros momentos de firmeza e coragem obedece à Deus e permanece firme, e não abre mão de mais nada em seu palácio. (V.9).
  3) RESPONDA FIRMEMENTE ÀS AMEAÇAS DE BEN-HADADE (V.11). Ben-Hadade, faz suas ameaças ironizando, dizendo que Israel não seria forte e numeroso o bastante como seu exército (V.10). A resposta de Acabe foi uma resposta de fé: “...não se gabe quem se cinge como aquele que vitorioso se descinge” (V.11). Em outras palavras, “Ben-Hadade, não cante vitória antes da hora, ainda não acabou, não tenho medo de você”. Essa é a resposta que eu e você precisamos dar aos salteadores das nossas almas. “nós não temos medo”. Não se acovarde, meu amado. Deus é maior e mais forte que Ben-Hadade. Você e Deus são a maioria contra Satanás e suas tropas.
  4) NÃO ESPERE QUE ALGUEM TOME A INICIATIVA PARA VOCÊ (V. 14). Acabe esperava quem alguém liderasse o exército de Israel e se esqueceu de que ele mesmo é quem deveria fazê-lo. Após sua resposta nos vs. 9 e 11, a guerra foi oficialmente declarada por Ben-Hadade (v. 12). Mas Deus estava no controle. O número de soldados de Israel foi aumentando. Os chefes das províncias que eram curiosamente 200 vezes mais o número dos reis aliados de Ben-Hadade, agora ajuntam um exército de 7 mil soldados. Mas precisavam de alguém para liderar o confronto. Acabe pergunta ao homem de Deus: “Quem vai liderar esse exército?” o profeta responde: “É você mesmo Acabe.” Não espere por outro. Meu irmão não espere que alguém lute por você e assuma sua guerra contra Ben-Hadade, o salteador de almas. Você precisa se prontificar e tomar coragem nessa luta.
  Nos vs. 16-21, Deus intervém na história de Israel, e liderado por Acabe, o povo de Israel humilha os sírios que são feridos em grande número nessa batalha, e os fazem fugir amedrontados. O próprio Ben-Hadade, o saqueador foge a cavalo para não ser morto. Meu amado se você não se acovardar diante de Ben-Hadade (satanás) você terá condições de vencê-lo. Resista, meu amado, não abra mão das coisas mais valiosas que o Senhor te deu. Ben-Hadade fugiu de Acabe porque ele resistiu. E isso se cumprirá em sua vida também se você resistir: “Sujeitai-vos, portanto a Deus; mas resisti ao diabo e ele fugirá de vós”. Que Deus te abençoe e que essa Palavra se cumpra sobre a sua vida. Rev. Adeir Goulart da Cruz

O PODER DA PALAVRA PROFÉTICA (EZEQUIEL 37.1-10)

  A morte é o fim de toda a existência. A morte encerra todas as coisas. A única certeza que todos nós, crentes ou não temos, é a certeza de que partiremos desse plano material, para uma realidade eterna. Ainda que nem todos tenham consciência ou aceitem essa verdade, mais cedo ou mais tarde terão que enfrentar o aguilhão da morte.
  Porém, há muitas pessoas entre nós que estão já, agora, nesse exato momento experimentando a morte em suas vidas, mesmo estando vivos. A morte da sua fé, a morte da sua perseverança, a morte da sua paz, a morte do seu casamento, a morte dos seus relacionamentos, a morte dos seus sonhos, etc. Tem vivido como uma espécie de morto-vivo existencial.
  Esse texto foi escrito pelo profeta Ezequiel pouco antes de Jerusalém ser invadida pelos babilônicos no ano 585 a.C. Deus levou o profeta numa visão a um vale de ossos secos para lhe ensinar algumas lições preciosas através da Palavra Profética Restauradora. Ezequiel recebe a incumbência de Deus como profeta, para profetizar vida onde só existia morte. O profeta passa a cantar uma canção diferente, que eu gostaria de chamar de A Canção da Vida no Deserto da Morte.
  Ezequiel ao ser levado pelo Espírito ao vale de ossos secos, descobriu que esse vale não era uma sepultura, mas um local onde pessoas morreram e não tiveram a dignidade de terem um enterro decente. Ele descobre também que esse vale, representa um lugar de derrota, de tristeza e de desesperança. Ele descobre ainda que não havia possibilidade de reverter a situação daqueles mortos.
  Mas o quadro começa a mudar quando a Palavra Profética Restauradora é liberada por Deus ao Profeta. Quando Ezequiel caminha no meio desses ossos, que estavam secos, apodrecendo na ação do sol e da chuva, Deus lhe faz uma pergunta: “acaso poderão viver esses ossos?” ou seja, “Ezequiel, tem jeito para essas pessoas? Há como reverter o estado em que se encontram esses mortos? Há solução para esses derrotados?”
  Deus te faz essa mesma pergunta, meu amado. Há solução para sua vida? Você crê que tudo pode mudar? Qual é a sua resposta meu amado? Se você crê que sua vida pode mudar, então, como isso pode acontecer? O texto nos apresenta a resposta: O Poder da Palavra Profética.
  A Palavra Profética Restauradora segue os processos, que eu e você passamos, estamos passando e passaremos até a segunda vinda de Cristo Jesus.
  I) A PALAVRA PROFÉTICA ORGANIZA O CAOS DA NOSSA VIDA (v. 3-7)
  Meu amado, quando Deus quer agir em nossas vidas, ele organiza tudo o que foi desorganizado em nossa vida. Notem que nesse vale, os ossos estavam misturados, já era impossível agrupar aqueles corpos, pois os seus ossos não estavam separados, cada um em seu devido lugar.
  Se há áreas de sua vida que está fora do lugar, Deus, através da Palavra profética, pode estabelecer a ordem, daquilo que se desorganizou.
  Esse é o primeiro passo, no processo da restauração. Se você crer nessa Palavra Profética Restauradora, meu amado, Deus vai organizar sua vida.
  Deixe Deus intervir em seus problemas e colocar cada coisa em seu devido lugar. Em nome de Jesus, deixe Deus tomar a direção de sua vida e ele vai abençoar você de forma tremenda e colocar cada coisa em seu devido lugar.
  II) A PALAVRA PROFÉTICA RESTITUI AQUILO QUE PERDEMOS COM O TEMPO (v. 8)
  Ezequiel contempla agora, a cena mais assombrosa de toda a sua vida. A reversão da morte. Meu amado, o mesmo Deus que tem poder para ressuscitar pessoas, como ele o fez na casa de Jairo, na casa da viúva de Naim, tem poder para restituir o que nós perdemos.
  Notem que esses corpos definharam. Perderam as células, perderam o sangue, perderam a carne, os músculos, os tendões. O processo agora se reverte, através do poder da Palavra Profética restauradora. A morte é tragada agora pelo agir sobrenatural de Deus, e o que o tempo consumiu nesses mortos, é restituído agora. A carne desses ossos é restaurada pelo poder de Deus.
  Deus pode restituir, pelos méritos de Cristo Jesus na cruz do Calvário o que nós perdemos. Se você perdeu sua paz meu amado, ele pode restituir. Se você perdeu a alegria, ele pode restituir. Se você perdeu a fé ele pode te conceder uma nova fé. Deus é o Deus da restituição. Satanás quer te roubar o que Jesus através do derramar do seu sangue na cruz do Calvário te deu. Mas ainda que isso aconteça, Deus quer te devolver.
  Ele pode, nessa noite se você crer na palavra profética, restituir o que você perdeu.
  III) A PALAVRA PROFÉTICA TRAZ VIDA ONDE SO EXISTE MORTE (v. 9)
  Meus queridos, após o profeta, por ordem de Deus, profetizar a organização desses ossos e a restituição do corpo físico deles, agora, vê um fato inusitado. O problema ainda não estava totalmente resolvido. Embora a organização tenha acontecido, e a restituição desses corpos tenha se consumado, ainda estavam mortos. Não havia neles o espírito, ou seja, a vida. Continuavam mortos. A vida dessas pessoas não mudou. A restauração não foi completa.
  Meus amados, Deus ordena ao profeta mais uma vez, que faça uso da Palavra Profética Restauradora, e ao obedecer a voz de Deus, Ezequiel vê esses mortos sendo vivificados e se levantando. Uma cena medonha, mas poderosa que mostra o poder da Palavra de Deus.
  Meus irmãos, Deus não faz nada por incompleto. Ele sempre termina o que começou. Ele não somente organiza sua vida, mas como também restitui o que se perdeu, mas sopra sobre nós a sua própria vida. Um dia nos fomos visitados pelo poder da Palavra Profética, e fomos transportados do estado de morte para a vida. Deus pode pela sua Palavra vivificar sua vida, em todos os aspectos. Ele quer colocar em nós a vida de Cristo, de sorte que já não somos mais nós quem vivemos, mas Cristo vive em nós.
  IV) A PALAVRA PROFÉTICA TRANSFORMA DERROTADOS EM SOLDADOS PODEROSOS (v. 10)
  Depois que toda essa cena se desenrola, esses homens se colocam em pé diante de Ezequiel, agora transformados. Já não são mais ossos abandonados, sem esperança sem vida, sem objetivos. Agora são pessoas valorosas, diferentes, fortes, e determinadas a vencer. Deus pelo poder da Palavra Profética Restauradora, mudou a sorte dessas pessoas que representavam a própria casa de Israel.
  Deus não somente organiza a bagunça em nossas vidas, como também restitui o que perdemos, colocando vida onde só existe morte, e nos tirando do estado de morte e derrota, para o estado da vida e vitória.
  Deus quer te transformar num soldado valoroso, forte, invicto, corajoso, e te fazer mais do que vencedor. Não aceite a derrota em sua vida, não aceite a tristeza, a angústia, mas que em nome de Jesus, você se levante como um soldado.
   A Palavra Profética Restauradora é o próprio Jesus, que tem poder para restaurar toda a nossa vida. Não existe outra mensagem regeneradora. Não existe outra forma de sermos abençoados por Deus a não ser por intermédio da Palavra Profética chamada Jesus. Você precisa crer que o logos de Deus, pré-existente na eternidade com o pai e encarnado, tem todo o poder para nos trazer de um estado de mortos vivos, para pessoas vivas, vivendo a vida de Cristo. Essa Palavra que se fez carne chamada Jesus pode fazer um milagre em sua vida hoje.
  Profetiza, oh filho do homem, profetiza a organização, a restituição, a vida, e a transformação em sua casa, sua família, seu marido, esposa, filhos, no seu trabalho, no meio da sua igreja.
  Profetiza a restauração. Você e eu somos profetas de Deus que devem anunciar Jesus, a Palavra Profética Restaurador. E faça parte desse Exército numeroso. Saia do vale da derrota, e venha para o paraíso dos vencedores em nome de Jesus, amém.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

AS INDULGÊNCIAS VOLTARAM!

  “Agora ouçam as vozes de seus queridos parentes e amigos mortos! Eles estão pedindo a vocês: Tenham piedade de nós! Tenham piedade de nós! Estamos em terríveis tormentos! Somente vocês podem nos salvar. Tudo o que precisamos é de uma pequena contribuição! Por que vocês não nos ajudam? Abram seus ouvidos... ouçam os pais clamando aos filhos: nós lhes demos a vida, os alimentos e os educamos! Deixamos a vocês nossa herança! Por que vocês são tão cruéis que não queiram nos salvar agora? Vocês vão nos deixar aqui em chamas para sempre? Vocês querem realmente retardar nossa entrada no céu?”
  Essa era a propaganda herética veiculada por João Tetzel, o pregador das indulgências pelas ruas da Alemanha em 1517. Um dos momentos mais dramáticos que ocasionou o cisma da igreja em duas partes: protestantes e católicos, se deu entre muitos outros motivos, por causa das indulgências (um tipo de taxa para salvação ou por qualquer outra coisa). Lutero, revoltado com essa mensagem mentirosa, escreve 95 teses contra esse sistema enganador, e como resultado é excomungado da igreja, visto não ter se retratado. O problema era tão grave já nessa época que vendia-se água milagrosa, pedaço da cruz de Cristo, dente de João Batista, e as pessoas pagavam achando que isso traria algum benefício. O misticismo tomou conta das pessoas já nesses séculos. Vários homens fiéis a Deus morreram, foram torturados pelo tribunal da “santa inquisição” por protestarem contra esse sistema anti-bíblico chamado “mercado da fé”. A reforma protestante surge do esforço desses homens em manter a pureza doutrinária da igreja.
  Hoje esse trabalho tem sido ignorado por muitos crentes, líderes religiosos e pregadores da Palavra de Deus. As pessoas hoje estão pagando pelo milagre de Deus, negociando curas, depositando suas economias no banco da prosperidade e depositando sua fé em objetos ungidos, sem qualquer valor sobrenatural. E assim ficam escravizadas à mentira, continuam doentes, atribuladas e pobres.
  O que mais me choca é saber que esses fatos eclodiram do embrião herético dos tempos do Apostolo Paulo que nos adverte que a apostasia os últimos tempos iria acontecer dentro das igrejas. E muitos dariam ouvidos as loucuras que são pregadas de forma bem superficial, sem embasamento bíblico e numa inclinação bem irracional. ( Tm. 4.1-5).
  Muitos pastores e líderes fiéis ao Evangelho estão sendo excomungados de suas igrejas e sofrido com suas famílias as angústias da rejeição, porque amam a Palavra e odeiam as heresias. Percebo que para nós Pastores que buscamos a pureza do evangelho, as coisas fiquem cada vez mais complicadas, pois muitos falsos profetas se levantam para combater o evangelho enganando, predizendo mentiras, vendendo milagres, seduzindo o povo, usando a psicologia da miséria humana, enriquecendo às custas dos pobres e desventurados caçadores de milagres que por sua vez continuam padecendo. Igrejas estão se dividindo porque muitos acreditam nessas mentiras e por falta de conhecimento bíblico pensam que estão certos.
  As Indulgências Voltaram. Os Tetzel’s de hoje estão entre nós... vendendo, negociando barganhando as Bênçãos de Deus que nos dá de graça e nos exige apenas uma coisa: fidelidade, amor e obediência a Ele. Mas os Hananias (Jr. 28.1-17) do século XXI não vão desistir de pregarem aquilo que as pessoas querem ouvir, aquilo que massageia o ego, mas não transforma o caráter. Faça uma reflexão, meu amado: você tem apoiado sua igreja, ajudando-a a se fortalecer, orando, defendendo-a, participando dos trabalhos, ou você tem apoiado João Tetzel, o pregador das indulgências (barganha) e Hananias, o pregador que proclama o que todos gostam de ouvir? Pense reflita sobre isso... sua igreja pode estar sofrendo por causa disso. Ame sua igreja, ame a Palavra de Deus, desperte, pois Deus quer te usar, Ele quer te abençoar, e ele quer fazer isso DE GRAÇA. Que Deus tenha misericórdia de todos nós e nos livre. Em nome de Jesus, Amém. Rev. Adeir Goulart da Cruz.

EU CREIO NO PAI, NO FILHO E NO ESPÍRITO SANTO (RESUMO)

  Desde os mais simples símbolos na história até os símbolos de fé mais sistemáticos que hoje temos, as declarações credais estão presentes no cotidiano de cada pessoa, implícita ou explicitamente, tendo em vista que o homem é um ser essencialmente simbólico. Os símbolos existentes, servem para representar algo, sem o uso de palavras. Eles se classificam em: símbolo convencional, símbolo acidental e símbolo universal. A própria Bíblia está cheia de símbolos. Ex: cores, números, animais, metais, pedras preciosas,etc. esses símbolos servem para elucidar um significado específico.
  Na história da igreja, o credo apostólico se tornou o símbolo de uma declaração essencialmente apostólica, visto que seu conteúdo traz princípios e declarações sistemáticas de fé. Em se tratando de credos, o termo “credo” surgiu do latim “credo” e significa “eu creio”. Dentro dessa premissa, surge os catecismos maior e menor e mais tarde as Institutas de Calvino. As principais confissões que surgiram a partir daí, foram: A Segunda Confissão Helvética, Cânones de Dort, Confissão de Augusburgo, Confissão de Fé de Westminster, Confissão dos Valdenses, etc. Essas confissões norteavam e instruíam com relação à fé Bíblica e embora os reformadores não desejassem um cisma na igreja, eles defendiam a firmeza doutrinária e ensinavam aos fiéis que não fizessem acordos em pontos doutrinários das Escrituras. Os 3 objetivos principais dos credos eram: evidenciar os fundamentos bíblicos de seus ensinos; demonstrar consenso entre os credos (Apostólico, Niceno, Constantinopolitano); mostrar sua postura teológica diante da teologia romanista.
  Após a afirmação pública da fé e das convicções teológicas da igreja Cristã, inevitavelmente ocorre a Reforma Protestante, que não se deu da noite por dia, mas teve seu início em Lutero (1517) e se estendeu por longos anos. Após o rompimento dos Fiéis Reformados da Igreja Romana, o Evangelho foi direcionado a diversas partes do mundo, agora com uma mensagem diferente. Nessa progressão encontramos a instalação da Igreja Presbiteriana no Brasil em 12/08/1859. A partir desse período vários ministros vieram de fora na intenção de evangelizar e organizar igrejas, o que de fato, foi ocorrendo com o passar dos anos. Pastores foram chegando, pessoas convertendo-se, homens chamados para o ministério foram ordenados, presbitérios foram organizados, sociedades internas surgiram, e o evangelho tomou uma grande proporção no Brasil. Esses homens adotavam os catecismos e os símbolos de fé da igreja e transmitiam esses princípios tanto para adultos quanto para crianças. O ensino foi muito enfatizado nesse período por esses homens que agiam como os reformadores que os antecederam, visto que os credos e catecismos também tinham esse fim.
  Os Padrões de Westminster foram adotados por todas as igrejas reformadas de origem inglesa ou escocesa. Porém no uso dessas confissões e catecismos é necessário enfatizar que são limitados, uma vez que o único livro infalível é a Palavra de Deus. Porém cremos que são a mais fiel sistematização doutrinária das Sagradas Escrituras. Enquanto permanecem fiéis as escrituras esses símbolos devem ser cridos e obedecidos.
  As várias controvérsias que surgiram no decorrer dos séculos desde as heresias mais antigas até o liberalismo moderno sempre tendem a questionar a autoridade, inspiração e inerrância das Escrituras Sagradas negando que sejam inspiradas por Deus. Não há como subscrever um credo, como por exemplo, o Apostólico adotado por várias igrejas reformadas sem crer na inspiração divina das Escrituras. Aliás é impossível ter uma verdadeira fé em Deus negando essa verdade.
  As Escrituras foram inspiradas por Deus. Deus soprou, expirou todo o conteúdo na mente e nos corações de seus co-autores. Isso não implica que eles foram acometidos por um transe sobrenatural e inexplicável, mas eles estavam conscientes de sua limitação de sorte que Deus preservou suas características humanas. Em outras palavras, a Bíblia nasceu da mente de Deus, e Ele próprio transmitiu todo o conteúdo para os escritores, de sorte que a inspiração foi plenária (de forma plena), dinâmica (Deus não anulou a personalidade dos escritores), verbal (Deus falou). Esses escritores exerceram o papel passivo (receberam de Deus) e ativo (usaram suas aptidões naturais nos seus registros). Vários testemunhos são dados com relação à inspiração e inerrância das Escrituras: os profetas, os apóstolos, Jesus Cristo e a própria Escritura.
  No quesito fé, sabemos que ela é indispensável para a Salvação. Mas o mais importante no ato de se crer, é basicamente no que se crê. A fé deve repousar na Palavra de Deus e em suas promessas. A fé salvadora é a habilitação divina a nós concedida para nos capacitar a crer em Cristo. Essa fé envolve nosso intelecto, nossas emoções e nossa vontade, mas contudo, ela vem de Deus. Essa graça, portanto, antecede à fé e ao conhecimento. A fé salvadora é direcionada para Deus e para sua Palavra, sendo que quem crê no filho, crê no pai, e não é possível crer em Cristo sem Crer em Deus, e vice versa. Essa fé deve ser baseada em toda a Palavra, visto que toda ela aponta Jesus. A fé salvadora apóia-se no poder e na fidelidade de Deus, e é o resultado da nossa eleição. Só recebe a fé salvadora, aquele que foi eleito para a eternidade com Deus. A fé salvadora não é fruto da auto-sugestão psicológica humana, mas é um ato gracioso de Deus aplicado em nossos corações. A fé vem de Deus.
  A fé salvadora evidencia-se na transformação genuína do pecador arrependido, no seu desejo de professá-la publicamente, no desejo de se batizar, e da crescente necessidade prazerosa de se relacionar com Deus e viver para Ele. Toda a plenitude da obra da redenção realizada no pecador se dá pela ação da fé salvadora produzida em nossos corações através do Espírito Santo que nos convence do pecado, da justiça e do juízo.
  Deus é mencionado tanto no Antigo Testamento quanto no novo como Pai. No AT, como pai de Israel, e no NT como o Pai Nosso. Deus é o pai de todos os seres no sentido criacionista. Mas no sentido relacional e salvífico, Ele é pai somente dos Eleitos arrependidos que passaram pelo processo da adoção em Cristo Jesus. Todos esses argumento derrubam a idéia do paternalismo e fraternalismo universais, ensinados pelos liberais modernos. Somos portanto, filhos adotivos de Deus, resultante de sua própria graça e de seu amor eterno. No entanto, para sermos de fato filhos de Deus, devemos: nascer de novo, receber a Cristo e depositar nele nossa fé. Nos tornamos herdeiros de Deus e Co-Herdeiros com Cristo através da adoção em Cristo.
  Uma das primeiras ênfases do Credo Apostólico é no poder de Deus. Sobre essa matéria podemos mencionar que “poder” é a capacidade de fazer ou realizar algo. Deus tem todo o poder como afirma o credo. Ele é livre e pela sua soberania pode todas as coisas. Dentro desse conceito de poder, encontramos umas características: auto-existência, determinação livre, execução livre, auto-limitação, de sorte que seu poder se manifesta na criação, nas obras da providência, no controle absoluto dos anjos caídos, na vida de Cristo (nascimento virginal, ministério, morte, ressurreição, no lugar ocupado à destra de Deus), na vida dos eleitos (salvação, fortalecimento diário, nas bênçãos cotidianas, nas boas obras, no cumprimento das suas promessas, no testemunho cristão, na vocação ministerial), escatologicamente (no regresso triunfante de Jesus Cristo, na ressurreição final, na confissão feita pela igreja e pelos anjos, na manifestação das verdades não reveladas, no juízo final). Diante de todo o poder do Deus Onipotente e Soberano devemos nos submeter à sua vontade de forma prazerosa, confiar Nele alegremente, buscar crescimento Espiritual, adorá-lo e proclamá-lo entre todos.
  Nessa excepcional exposição dos princípios credais registra-se também Deus como o criador de todas as coisas, partindo da premissa verdadeira de que Ele é eterno, e como ser eterno, é a causa de toda a existência. Gênesis é a narrativa não da criação de Adão, mas de toda a humanidade. Deus fez todas as coisas pelo poder de Sua própria Palavra, com a participação do Filho e do Espírito Santo. As mais importantes confissões como por exemplo o Catecismo de Heidelberg, a Segunda Confissão Helvética, a Confissão de Westminster, entre outras, confessam essa verdade. A Trindade delibera, sob o conselho do próprio Deus. Somente o Deus Todo-Poderoso é capaz de fazer existir as coisas do nada, e soprar o fôlego de vida nos seres viventes.
  Mas no meio desses seres, somente o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, sendo que somente ele pode se relacionar intimamente com Ele. O homem possui muitas limitações que o transformam em um ser fraco e incapaz de se salvar. A mulher, por sua vez foi criada para ser companheira do homem com as mesmas limitações, visto que ele não podia se relacionar com inteligência com os outros seres. Esta, portanto, se torna sua ajudadora, idônea, e esposa. Porém, a mulher se encontra em igualdade com o homem, no sentido em que diante de Deus, ambos tem papéis importantes para cumprir, como por exemplo, a continuação da criação, pela procriação. Cristo é apresentado nas Escrituras como o intermediário da criação, sendo que todas as coisas existem por intermédio dele, finalizando a glória de Deus. Até a igreja existe para a Glória de Deus, por causa de Jesus. Todo o sofrimento presente é fruto do pecado, e somente Cristo pode redimir tanto os homens como toda a Criação, que alcança nova vida Nele.
  Esse mesmo Cristo que faz novas todas as coisas, foi predito em toda a Escritura. No Antigo Testamento a unção, por exemplo significava a vinda do Ungido de Deus, o Messias, O Cristo. Essa promessa de Deus se cumpriu na encarnação no período de grande inquietação política, religiosa, e moral, aos quais chamamos “A plenitude do tempo”. Porém a expectativa Judaica era na verdade a chegada de um libertador político-econômico e religioso, fato este evidente na rejeição à Jesus. Quando Jesus encarna, toda sua vida nos dá incontestáveis provas da sua consciência messiânica. Os primeiros cristãos testemunharam ser Cristo, o ungido, o Messias predito pelas Escrituras. A própria Palavra de Deus o faz.
  Sobre a pessoa de Cristo, podemos enfatizar que Ele é o Deus-homem. daí podemos dizer que sua Divindade foi profetizada nas Escrituras, reconhecida Pelo Pai e pelo Espírito Santo, por Ele mesmo, pelos seus discípulos, e até pelos demônios. Sua divindade é ainda demonstrada pelos títulos divinos, e pelas perfeições divinas (onisciência, onipotência, onipresença, imutabilidade, santidade, imortalidade). Tem o mesmo poder do Pai como por exemplo: autoridade para perdoar pecados, cura miraculosa, poder sobre os demônios, sobre a natureza, autoridade sobre o sábado, criação e preservação, autor da salvação e objeto da fé, doador do Espírito Santo, da Santificação, a ressurreição do seu povo, o juízo final. Como homem sabemos que sua concepção foi de forma imaculada, bem como toda sua vida. Sua humanidade também foi profetizada, reconhecida e demonstrada. Como homem ele possui corpo e alma, estando sujeito às leis da natureza (nascimento, crescimento, obediência e morte). Teve também necessidades oriundas da limitação humana (fome, sede, cansaço, simpatia, sono, tristeza, sofrimento, indignação, compaixão, admiração, alegria, foi tentado e ainda orou). Tudo isso até aqui mencionado não exclui a impecabilidade do Deus-Homem.
  A sua Deidade plena foi necessária para que se cumprisse toda a obra da redenção, desde sua encarnação até sua segunda vinda. Sua natureza humana se deu para que Ele cumprisse e suportasse tudo aquilo que nós não suportaríamos, como: cumprimento das leis, dos propósitos de Deus, representação do homem agora como o 2º Adão, e para ser o padrão do nosso corpo redimido. As duas naturezas são inseparáveis em uma só pessoa. O credo apostólico derruba apologeticamente as posições heréticas que defraudam a pessoa de Cristo com as duas naturezas, como por exemplo, o Ebionismo (miserável, mendigo, pobre), o Gnosticismo (conhecimento – Jesus foi um homem comum, usado por Deus e abandonado no Calvário, não tendo nada da divindade), Monarquianismo (um só Deus – Jesus era um homem revestido por um poder sobrenatural no batismo, e a trindade três formas de manifestação de Deus), Arianismo (o Pai criou o Filho e através do Filho criou o Espírito Santo), Apolinarianismo (Jesus humano fisicamente, mas não psicologicamente – alma racional, alma animal e corpo), Nestorianismo (Jesus era constituído de duas pessoas e de duas naturezas), Etiquianismo (resultado da fusão da natureza humana com a divina. Então Jesus não era nem verdadeiro homem nem verdadeiro Deus). Na concepção reformada, porém, cremos que Jesus é plenamente homem e plenamente Deus. Uma pessoa com duas naturezas, porém uma única personalidade.
  Se um dos atributos de Deus é a sua eternidade, logo, na concepção reformada, entendemos que essa eternidade se estende também à geração eterna do filho, sendo que o Filho é Eterno assim como o Pai. E como filho Ele se relaciona intimamente com o Pai. Sobre a nossa relação com o Filho, entendo que somos misticamente unidos à Cristo, em todas as nuances de sua obra. Seu sofrimento, morte, ressurreição, e reinado glorioso, e sobretudo, alvo de todas as bênçãos decorrentes de nossa redenção e entrega total a Ele. O que nos resta é adorá-lo, honrá-lo, crer nele, confessá-lo, ser batizado em seu nome, conhecê-lo cada vez mais, atender à sua Palavra e proclamá-lo.
  Jesus Cristo também é apresentado nas Escrituras e no Credo Apostólico como nosso Senhor. Não há como crer em Cristo e rejeitar seu Senhorio e Soberania absolutos, poder e toda sua obra redentiva. Seu senhorio se estende desde a eternidade com o pai e vai até a consumação eterna de seu reino glorioso. Na terra, Cristo foi mestre por excelência se distinguindo dos outros mestres, por ser ele a essência da sabedoria de Deus. Foi também pastor de seu povo (todos que o aceitaram), intercessor, e terapeuta. .
  O sofrimento de Cristo se deu em conseqüência do pecado do homem, uma vez que somente Cristo foi capaz de removê-lo. Deus, por causa de sua justiça e amor reconciliador quis enviar seu Filho para sofrer para a remoção da maldição do pecado, porém Cristo foi eternamente voluntário para isso, tendo plena consciência do que estava por vir, quando encarnasse. Portanto, ele obedeceu perfeitamente aos auspícios redentivos de Deus, mas de forma voluntária e ativa. Portanto ele se entrega e morre como um maldito condenado. Seu sofrimento foi físico, espiritual e psicológico. Seu sacrifício foi plenamente eficaz e suficiente. Assim sendo, ele se constitui nosso único e suficiente Salvador. E a salvação foi necessária porque o pecado condenou a raça humana, a comunhão com Deus foi perdida, o homem morreu espiritualmente, fisicamente, e eternamente. Jesus veio para reverter todo esse quadro. Ele é o prometido de Deus em toda a Escritura. A salvação que Cristo oferece é pela vontade do Pai mediante a pregação da Palavra, é o resultado da nossa eleição, é obra da graça de Deus, efetivada pelo seu poder soberano, segundo sua misericórdia e longanimidade. Porém essa salvação é somente para seu povo eleito fragmentado em raças, línguas, nações e diversas culturas, sendo necessário arrependimento, fé, regeneração, obediência, santificação, perseverança e confissão pública. Seu sacerdócio foi universal, único, sendo que como mediador, ofereceu-se a si mesmo como sacrifício vivo, suficiente e totalmente eficaz, para nossa reconciliação com o Pai e nossa eterna salvação. Sua obra redentora se deu debaixo de todo o sofrimento que podemos enumerar assim: encarnação, sofrimento, crucificação, morte, sepultamento. Apenas o fato de ter tabernaculado entre os homens já constitui uma grande humilhação. Tudo isso foi precedido pela início de sua exaltação que começa com sua ressurreição. Nossa tarefa agora é proclamá-lo, viver nova vida Nele, aguardar nossa ressurreição (ou transformação). Após sua ressurreição Ele subiu ao céu denotando a responsabilidade da igreja de viver como seu corpo no mundo, autenticou a vitória sobre a morte, cumpriu as Escrituras e as palavras de Cristo, sendo que a substância física de seu corpo é eterna. Como nosso sumo sacerdote eterno cremos que Ele nos conduzirá ao céu. Sua ascensão precede o derramamento do Espírito Santo, e logo após seu regresso glorioso.
  A 2ª vinda de Cristo se dará em um tempo de muita tensão da igreja, na expectativa ansiosa do “já” e “ainda não”, porém, ela é certeira. Ninguém sabe o dia nem a hora, será repentina, decisiva, definitiva, pessoal, audível, visível, física, triunfante, gloriosa, glorificante para manifestar seu reino, consumar a salvação de seu povo, ressuscitar os mortos e transformar os vivos, julgar a raça humana, libertar a igreja, destruir os inimigos de Deus, restaurar o cosmos. Negar que Cristo ressuscitou e foi assunto aos céus é afirmar que ele não regressará, visto que sob essa concepção está morto até hoje, e conseqüentemente negar a realidade do juízo final. O credo Apostólico combate também essa premissa herética, levantada pelos pressupostos conflitantes com as Escrituras.
  O juízo final vem por causa do pecado. O tempo de duração do juízo, não sabemos, mas as Escrituras nos informam que os anjos e os remidos serão auxiliares de Cristo no Juízo. Todos os homens serão julgados indiscriminadamente. Os ímpios quanto às suas obras más e principalmente a negação da pessoa e obra de Cristo. Os justos quanto ao galardão. Os anjos caídos também serão julgados, e no caso de Satanás, ele já está condenado. O critério do julgamento é a aceitação ou rejeição da pessoa de Cristo.
  Toda a obra da redenção é aplicada por intermédio do Espírito Santo, dentro da perspectiva cristocêntrica. Ele que nos faz entender tudo sobre Cristo. O credo Apostólico subscreve a fé na 3ª pessoa da Divindade, e confronta algumas seitas arianas como as Testemunhas de Jeová, que dizem que o Espírito Santo é uma energia impessoal sem inteligência. Porém, como uma Pessoa Divina, ele é onisciente, onipresente e onipotente, como o Deus Pai e o Deus Filho. Ele age no homem no nível físico e intelectual, religioso-moral, profético-revelacional. No Antigo Testamento há varias menções do Espírito Santo agindo em favor do Povo de Deus, e no Novo Testamento, nada era feito sem sua atuação direta. No judaísmo posterior, quem possuía o Espírito Santo era profeta. Como uma pessoa, ele possui Unicidade, personalidade (inteligência, vontade, sensibilidade), é o autor de toda a vida intelectual, é o consolador e possui os seguintes atos: trabalha, intercede, proíbe, decide, perscruta, fala, testifica, ensina, consola, reprova, regenera, ora, guia, glorifica a Cristo, chama ao trabalho dirigindo nas atividades especificas. Como procedente do Pai e do Filho possui o mesmo poder e eternidade. Possui as mesmas perfeições do Pai e do Filho, e seus atributos bem como a mesma Glória. Nós somos sua casa, sua morada, seu templo.
  A igreja de Deus, Uma, Santa e Universal é constituída pelos fiéis vivos que são a igreja militante e os que já estão com o Senhor, isto é a igreja triunfante. Pode ser denominada como uma comunidade local, um conjunto de igrejas locais, e todos aqueles que confessam a Jesus. Igreja é a comunidade de pecadores regenerados. O credo subscreve a crença bíblica na igreja redimida, santa, imaculada, chamada por Deus para a santidade e para a salvação em Cristo, e nega a idéia de que a única e verdadeira igreja é a romana, uma vez que esta se transformou numa instituição proeminentemente herética. De acordo com os reformadores, e creio eu que isso confere com as Escrituras, as marcas da verdadeira igreja são: a verdadeira pregação da Palavra, a correta administração dos sacramentos (batismo e ceia) e o exercício fiel da disciplina. Se alguma igreja foge a um desses princípios, não é uma verdadeira igreja cristã.
  Como membros do corpo de Cristo, os crentes são unidos pela fé comum em Cristo e pelos objetivos de Deus, selados pelo Espírito Santo, de sorte que agora a somatória de todos esses membros, e a união dos mesmos forma a igreja militante e triunfante. O padrão universal da unidade da igreja é a Trindade. Essa unidade é produzida pelo Espírito Santo, de forma essencial e com propósito de glorificar a Deus. Devemos portanto ser responsáveis e nos esforçar diligentemente para manter essa unidade, que deve ser vivenciada.
  Como igreja temos a responsabilidade de buscar a santidade em Cristo, uma vez que o pecado já não nos domina, pois não estamos debaixo do pecado mas da graça regeneradora de Cristo, que é o fundamento da nossa santificação. Por isso, somos santificados somente através dos méritos de Cristo, pela aplicação de sua graça redentiva por obra do Espírito Santo. Essa deve ser nossa meta.
  A igreja de Cristo, é, segundo as Escrituras e de acordo com a formulação credal apostólica, apenas uma, embora existam diversas denominações e diversas formas hermenêuticas, essas igrejas quando mantidas sob a jurisdição da Trindade e da Palavra são a Igreja espiritual, católica, universal, única de Cristo. É universal, por causa da universalidade da graça, que é dirigida a todos os povos, línguas e nações.
  O termo “Amém”, é utilizado tanto no Antigo Testamento como no Novo, e traz a idéia de concordância, resposta afirmativa a uma declaração verdadeira. Foi usada também por Jesus e pelos Apóstolos, bem como na liturgia da sinagoga, da igreja neo-testamentária, e é usado até hoje, como ratificação do que afirmamos. O Credo Apostólico diz amém à toda sistematização bíblico doutrinaria que faz jus à nossa fé nos distinguindo das demais denominações, confrontando o paganismo, as seitas, as heresias, e toda sorte de palavra anatematizada que vai contra a revelação Bíblica ou que tente desfazer as características da Trindade. A existência do Deus-Pai todo-poderoso, criador de todas as coisas, do Filho encarnado, que cumpriu sua obra redentiva desde sua encarnação até o momento vindouro de sua manifestação e julgamento, a ação do Espírito Santo tanto no AT como no NT, até os dias atuais, a existência da Igreja Uma, Santa, Imaculada, e gloriosa, são plenamente ratificadas pelo amém.
  Portanto à toda a vontade de Deus revelada na criação, na redenção, na Palavra, e pelo Espírito, dizemos Amém, e rejeitamos toda forma contrária que ataque as Escrituras e a todas elas dizemos Anátema. Porém para nós podemos subscrever essa fé de dizer amém com toda convicção ao Deus Pai, ao Deus Filho e ao Deus Espírito Santo, AMÉM!

COSTA, Hermisten M.P. Eu Creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo. São Paulo: Parakletos, 2002, 479p.



CRISTIANISMO E LIBERALISMO (RESUMO)


  O liberalismo moderno, também chamado aqui de liberalismo naturalista não pode ser considerado uma religião cristã porque não atende à proposta redentora da verdadeira religião. Pelo fato de ser arraigada no próprio naturalismo, que nega toda intervenção sobrenatural de Deus, não atende, portanto à essa proposta. O liberalismo naturalista surgiu nos últimos cem anos, trazendo inclusive o abandono de convicções, e princípios fidedignos em nome da satisfação das necessidades e do ego humano.
  Ao passo que o cristianismo ao longo dos séculos, apela para a verdade das suas alegações, o liberalismo apela para a superficialidade da experiência humana, e esta vem distorcendo dia após dia o conteúdo da verdade cristã. Diante disso, chegam até mesmo a divorciar a religião da ciência, por não acreditarem que elas possam coexistir.
  Outro ponto em que podemos enfocar aqui é que o liberalismo se ocupa de questões relacionadas com os métodos de pregação ao passo que o cristianismo preocupa-se com o conteúdo dessa mensagem. Isso implica que não há um compromisso dos liberais modernos em pregar a veracidade das sagradas letras. Eles até possuem certo respeito a esse princípio, mas não um compromisso com ele.
  O declínio da arte, da cultura, do compromisso com o cristianismo, a formatação dos métodos de ensino das escolas, reduzidas somente às públicas, e até mesmo a melhoria material da vida das pessoas favoreceram a ascensão e a consolidação do pensamento liberal moderno.
  O liberalismo moderno está presente em nossas igrejas sendo sorrateiramente ensinados em pequenas porções chamadas “lições”, nos púlpitos de nossas igrejas. Quando certo ensinamento adquire respeito por parte, não de seu conteúdo, mas por parte do seu ensinador, o conteúdo vai ser paulatinamente absorvido e ganhará grandes adeptos. Por exemplo, um dos pontos controversos do liberalismo é a questão da doutrina da paternidade universal de Deus e da irmandade universal dos homens.
  Para os liberais, todos são filhos de Deus, sem distinção e inevitavelmente, todos os homens são irmãos, sem distinção. Isso tem inclusive causado certo ecumenismo religioso que leva os liberais a acreditarem que todos os credos são igualmente válidos, pois se baseiam na experiência. Mas isso não é verdade. O cristianismo, por exemplo, que traz vida, é ao mesmo tempo uma religião de vida, mas também de doutrina.Essa, por sua vez é fundamentada pelas Escrituras que ocupam um papel teológico e histórico. Este último se refere à narrativa de fatos concretos já acontecidos, que no seu montante formam um conjunto de doutrinas. Através de certas colocações credais, os liberais caem nos antigos erros dos agnósticos e gnósticos.
  O cristianismo sem sombra de dúvidas é vida, mas também é doutrina, pois essa se fundamenta em fatos registrados, o conteúdo revelacional especial de Deus na sua Santa Palavra. Os próprios registros mostram que o cristianismo é doutrina, pois seus proclamadores viveram e transmitiram essas doutrinas, e ao mesmo tempo vida, pois o cristianismo é a religião do Cristo ressurreto, logo, tudo nele é vida. Não há como afirmarmos que o cristianismo é vida e não doutrina, ou doutrina e não vida, sendo que ambos estão intrinsecamente ligados.
  Então o que traz vida é o conteúdo narrativo e doutrinário das Escrituras Sagradas, que nos informa quem é Jesus, como seguí-lo, e como obtermos a salvação e vivermos até chegarmos à eternidade, uma vida abundante. E o conteúdo doutrinário que traz vida, nada mais é do que o Cristo crucificado e ressurreto. Outra mensagem além dessa é considerado anátema.
  Cristo morreu: isso é história; Cristo morreu pelos nossos pecados: isso é doutrina. Nesse ínterim o pregador liberal distorce as idéias doutrinárias levando os ouvintes a uma degradação intelectual e credal, já que o entendimento se dá conforme a interpretação liberal. No caso do paternalismo e do fraternalismo universais, a grande confusão que traz certo conforto conveniente aos liberais modernos acaba infectando de forma excessivamente nociva a mente de pessoas não totalmente esclarecidas com relação à verdade bíblica. O paternalismo e o fraternalismo universais anulam em sua ênfase, a obra sacrificial de Cristo, já que indistintamente todos são filhos de Deus e todos são irmãos.
  O cristianismo bíblico porém aponta para a idéia verídica que a salvação não é para todos, logo nem todos são filhos de Deus no sentido relacional, mas sim no sentido criativo, e em ultimo, nem todos são irmãos no sentido redentivo mas sim no sentido humano, humanitário e também criativo. Nessa observação, Deus é o pai de toda a criação sim, mas pai espiritual e salvífico apenas dos redimidos em Cristo Jesus, logo são irmãos os que igualmente se enquadram nessas condições.
  É de se notar que o evangelho anunciado por Jesus e pelos seus discípulos não era baseado em um mero moralismo comportamental, como ensinam os liberais, mas sim um evangelho comprometido com o reino de Deus e com as Sagradas Letras. Isso é o que chamamos de princípio redentivo do evangelho. Dentro desse próprio princípio redentivo está à consciência messiânica de Jesus. Suas palavras têm poder porque Ele é o messias, e ele aplicou a si mesmo essa categoria, ao contrário do que muitos liberais afirmam, dizendo que Jesus nem sequer pensou ser o messias. Toda a Escritura está repleta de informações que autenticam essa premissa.
  Jesus é o centro da teologia cristã. E isso é enfatizado em todo o Novo Testamento, de forma indubitável. Ao passo que os liberais afirmam que Jesus vive somente através de suas palavras e obras registradas, reduzindo-o a um idealista meramente humano, o cristianismo crê que ele vive em todos os aspectos. Não há como supervalorizar a mensagem e negligenciar a pessoa central dessa mensagem, nem negligenciarmos a mensagem e supervalorizarmos apenas a pessoa. Ambos estão essencialmente ligados, de sorte que o Jesus a quem nos referimos é o dono da mensagem e nele e em sua mensagem cremos e encontramos salvação. O pregador liberal, porém rejeita de forma imperativa toda a base do cristianismo, que é constituída por doutrina, ao contrário do cristianismo que de forma indicativa triunfa. O liberalismo satisfaz a vontade humana e o cristianismo anuncia a graça de Deus.
  O liberalismo não está presente entre nós para dividir, mas simplesmente para poluir e denegrir a verdadeira doutrina cristã, ao supervalorizar a ação humana e negar qualquer intervenção natural, desde as bases cristãs até mesmo às formas de Deus agir.
  Ao contrário do que nos diz as Escrituras, os liberais crêem que Deus não pode ser conhecido, mas apenas sentido. Isso os induz novamente ao erro dos agnósticos. Essa concepção de um Deus distante é totalmente oposta à Bíblia. Os liberais crêem que Deus só pode ser conhecido através de Jesus, ao passo que a própria Bíblia nos afirma que Deus pode ser conhecido pelas obras da criação, pela lei moral, pela revelação escrita, e claramente pela encarnação do verbo, bem como sua mensagem e obra.
  Ao contrário do que os liberais argumentam, os discípulos procuraram não somente conhecer a Jesus, mas também manter um relacionamento íntimo de comunhão com ele. Ao afirmarem que Jesus não conhecia a Deus pela teoria e sim pela prática, transgridem também o princípio de que Ele e o Pai são um. Isso quer dizer que Jesus possuía conhecimento teórico da mente de Deus e agia de acordo com sua vontade. Isso é teoria e prática. Os discípulos tiveram a oportunidade de aprender a teoria e praticá-la na presença tangível de Jesus e mais tarde intangível.
  Com relação à verdade, se todos os meios para se chegar a ela forem válidos, terão em seus resultados uma harmonia perfeita. Porém, a religião agnóstica não pode ser chamada de religião cristã, uma vez que não se pode conhecer seu criador. Deus é um Deus real e pessoal que se relaciona e se deixa ser conhecido pelos seus filhos. À essa expressão filhos, encontramos ainda um termo que os liberais usam, de forma equivocada, “Pai”. Como ter um pai que não pode ser conhecido?
  Eles na verdade pensam no Pai, sob o princípio do paternalismo universal, isto é, Deus é o pai de todos os homens, logo inserem também um segundo princípio de que todos os homens são indistintamente, irmãos. Essa idéia não pode ser sustentada pelos evangelhos. Porque eles impõem condições para a filiação paternal e a irmandade dos homens. Logo, elas não são universais, mas sim limitadas. Deus no sentido criacionista é o pai de toda a criação, tanto de homens, como de animais e vegetais. Mas no sentido relacional e redentivo, ele é o Pai somente dos remidos, e logo todos os remidos são irmãos. Na tentativa de se definir Deus, os liberais também se reduzem à delimitação panteísta, transformando toda substância em Deus, esquecendo-se que o Deus imanente ao mundo não é substancialmente todas as coisas, mas nele existe, e subsiste todas as coisas. O Deus imanente (que não deixa de ser também transcendente) é o criador voluntario do mundo e seu sustentador. Essa verdade é combatida pelos liberais modernos.
  Essa premissa diferencia o cristianismo do liberalismo, já que o cristianismo também uma idéia diferente também do conceito homem. Enquanto o cristianismo enfatiza a natureza caída e corrompida do homem, o liberalismo, por outro lado perdeu a própria consciência do pecado. Existe, de acordo com o liberalismo moderno uma autonomia humana, que interfere inclusive na consciência do pecado. Essa consciência somente pode ser restaurada através da proclamação da lei de Deus. A pregação liberal moderna, no entanto traz ao coração do homem a salvação pelo esforço pessoal, pelos sentimentos, sem a necessidade de negar-se a si mesmo. Isso causa a perda da consciência não somente de quem é Deus, mas de quem nós somos. Somente Deus através da sua Palavra pode restaurar a consciência perdida daquilo que somos e de quem Ele é.
  Toda a mensagem cristã que não deixa de ser doutrina vem inegavelmente da Bíblia. Isso a torna exclusiva para a salvação. Tudo está narrado nas Escrituras. Porém os liberais a têm trocado pela experiência, e a busca isolada da experiência tem caudado o distanciamento de muitos da Palavra de Deus. A experiência só é válida quando confirmada pela narrativa histórica da Bíblia. Por isto, ela se torna a nossa única e suficiente regra de fé e prática. Até mesmo a inspiração plena das Bíblia tem sido questionada ao se levantar pressupostos de que os autores dos livros bíblicos escreveram o que eles achavam que deveria registrado. Isso não é verdade. Os autores estavam inspirados pelo Espírito Santo que conservou suas individualidades, cosmovisões, sentimentos etc. Isso implica que esses homens usaram nas suas narrativas suas características pessoais, sem transgredir quaisquer princípios revelados por Deus. Eles não estavam em um transe divino ao fazer esses registros, mas sim conscientes de suas capacidades humanas e na dependência do Espírito de Deus. Os liberais até não negam essa inspiração, mas tem a Bíblia como um livro importante como outro livro qualquer, e nega claramente, sim, a autoridade de Jesus.
  Isso se dá porque eles não aceitam as palavras de Jesus da forma em que foram registradas nos evangelhos. Se eles não aceitam a autoridade de Jesus, logo não aceitam a autoridade da própria Bíblia. Isso produz nos liberais o que já mencionamos anteriormente: a supervalorização da experiência cristã. A Palavra de Deus é deixada de lado e é trocada pela experiência subjetiva. O cristianismo é baseado na Bíblia, porém o liberalismo é baseado nas emoções diversificadas dos homens pecadores.
   Há também um conflito aqui entre o liberalismo e o cristianismo no tocante à própria pessoa e obra de Cristo. Cristo é para o cristianismo o objeto da fé cristã. O liberal moderno não tem uma fé verdadeira em Jesus, visto que sua concepção da natureza de Jesus é equivocada. Os liberais modernos acreditam que Jesus foi o primeiro cristão porque ele foi quem fundou o cristianismo. A partir daí, surge alguns questionamentos quanto à consciência messiânica de Jesus. Os liberais acreditam que Jesus alcançou a consciência messiânica em um determinado ponto distinto de sua vida terrena. Isso portanto coloca até mesmo a reputação moral de Jesus em questão. Segundo eles, Jesus adotou mais tarde em sua vida CONTRA A SUA VONTADE, a classificação falha de messias. Isso conflita com os registros bíblicos tanto vétero quanto neotestamentários que autenticam a impecabilidade de Cristo, que é crida pelos verdadeiros cristãos.
  Outro ponto em questão é justamente a questão da atitude de Jesus com relação ao pecado. Os historiadores liberais não crêem na plenitude da impecabilidade de Cristo. Na concepção bíblica, Jesus não somente lidou com o pecado, como também o venceu de forma invicta, em todas as suas facetas. Para os liberais, o cristianismo é uma forma de nos livrarmos do pecado, ao passo que para os verdadeiros cristãos, Jesus é a única forma de nos livrarmos dele. Portanto nesse aspecto Jesus não teve como os homens a religião cristã visto que o cristianismo é um modo do homem se livrar do pecado, Jesus não teve do que se livrar. A religião de Jesus com certeza foi a religião do paraíso, e não uma religião de homens pecadores.
  No aspecto humano, portanto, Jesus teve sua própria religião, e no aspecto divino, ele é o centro da religião cristã, que concede redenção ao pecador. Jesus, ao contrário do que pensa o liberalismo moderno, é um exemplo não apenas para o relacionamento do homem com o homem, mas também para o relacionamento do homem para com Deus.
  Nessa definição da pessoa e obra de Cristo, o liberalismo define Jesus como um exemplo e guia, o cristianismo como Salvador; o liberalismo faz dele um exemplo de fé; o cristianismo, o objeto da fé. O liberalismo considera Jesus um humano honrado e excepcional, o cristianismo o considera como uma pessoa sobrenatural, isto é o Deus filho encarnado. Todo o Evangelho vai autenticar essa verdade, sobretudo através dos atos sobrenaturais do Homem-Deus. Sobrenatural é tudo aquilo que foge ao natural, ou mesmo à lógica humana. Natural pode ser definido como as obras da criação, ao passo que o sobrenatural, as obras da providência, embora ambos sejam obras de Deus, sem sombra de dúvidas. O pensamento Deísta nega as obras da providência de Deus, sobretudo os milagres. O Panteísmo identifica Deus como totalidade da natureza, e portanto qualquer coisa que fuja do natural não pode ser concebida. Porém, na visão cristã toda intervenção divina na natureza é totalmente concebível, seja chamada de milagre ou não, como um ato de Deus, ao que chamamos inevitavelmente de teísmo. A singularidade de Jesus atesta sua deidade, visto que nenhum homem comum conseguiu ressuscitar.
  Alguns liberais questionam inclusive o nascimento virginal de Cristo, o que não dizer de sua consciência messiânica, de seus milagres e até mesmo de sua ressurreição? Visto que no liberalismo não existe consciência do pecado, também não há uma aceitação do sobrenatural. Os liberais modernos buscam um Jesus, portanto, meramente histórico e não sobrenatural, ao passo que os cristãos crêem que a história atesta a deidade do Jesus sobrenatural. Porém, não são todos os milagres que são rejeitados pela igreja liberal moderna, apenas alguns. O cristianismo crê em todos os milagres registrados na história do cristianismo. Logo Jesus é histórico e também sobrenatural.
  Portanto até a conceituação de Jesus pelos liberais modernos é questionável ao passo que nem sempre há honestidade em suas alegações. Isso quer dizer que afirmar que Jesus é Deus, depende do que está implícito na afirmação. No caso dos liberais modernos depende do conceito que eles têm de Deus, que não é o mesmo conceito do cristianismo. Os liberais negam a deidade de Jesus. Esse é o centro da questão em foco. 
  Os liberais vêem Jesus como um homem, e não como Deus. Nesse ponto se igualam aos apolinarianos. Porém o cristianismo crê que Jesus é cem por cento homem e cem por cento Deus. Os sinóticos autenticam essa verdade. Os nestorianos, por sua vez, chegam a dizer que havia uma espécie de Jesus duplo, ou duas pessoas distintas, separadas em Jesus. O Novo Testamento apresenta duas naturezas distintas fundidas em uma só pessoa.
  O liberalismo centraliza o homem dentro desse conceito de salvação enquanto que o cristianismo encontra essa salvação no ato gracioso de Deus. Para eles, a morte de Cristo não teve efeito sobre Deus, apenas sobre o homem. Portanto os liberais modernos atacam veementemente a doutrina da cruz. O liberalismo oferece uma resposta humana e simplesmente reflexiva sobre a questão da eternidade. Porém, o cristianismo apresenta Cristo, como a ponte para a eternidade com Deus, e a resposta para o problema da condenação eterna. O liberalismo não admite isso, porém apresenta soluções ineficazes, sempre tentando separar o Jesus histórico do Jesus Salvador. Portanto, a salvação através da cruz é criticada porque depende da história.
  Ensinam ainda que todos os homens devem ter a igual chance de se salvar mesmo se nunca tiverem ouvido a mensagem de salvação. Isso tira a exclusividade de Cristo na obra da salvação, uma vez que a alegação dos liberais modernos nega que Cristo é o único caminho. Se o caminho de salvação não é oferecido a todos, a culpa não é do caminho, mas sim de seus proclamadores. O ato voluntário de Cristo em seu sacrifício também é questionado pelos liberais, porém autenticado pelas escrituras ao apresentar o Deus do amor. Jesus foi voluntário em seu sacrifício, o que não se compara a nenhum sacrifício humano. O sacrifício humano traz benefícios provisórios, o sacrifício de Jesus traz benefícios eternos. Como a deidade de Cristo é questionada pelos liberais modernos, também seu sacrifício expiatório também, já que a expiação depende da deidade de Cristo. O Cristo da concepção moderna naturalista nunca teria sofrido pelos pecados dos outros.
  Na concepção naturalista, a obra da salvação é colocada nas mãos dos próprios homens, ao passo que, para eles serem salvos, basta desejarem isso. Isso implica que Deus não pode salvar o pecador, se este não desejar e não buscar em seus esforços humanos a salvação, segundo o liberalismo. O Cristianismo apresenta a salvação como algo dos eternos propósitos de Deus, revelada e assegurada em sua totalidade em todos os méritos de Cristo. Aos que são alcançados por Cristo, uma coisa lhes resta. Desenvolver sua salvação fugindo do pecado, santificando sua vida, e buscando sempre comunhão íntima e pura com Deus. Isso nos leva a entender que os salvos não somente fogem do pecado mas trabalham para reparar as conseqüências desses no mundo a sua volta e sobretudo na vida do seu próximo.
  Os liberais rejeitam toda a idéia da expiação vicária de Cristo tendo-a como um ato fora de Deus. Pregam uma falsa alegria, um falso conforto, que somente encontramos na convicção da nossa salvação hodierna e eterna como um ato gracioso e suficiente da graça de Deus revelada na Pessoa de Seu filho. A doutrina da expiação segundo os liberais modernos é que o mal do mundo pode ser vencido pelo bem do mundo. E isso, segundo as Escrituras é algo que só pode ser removido pelo ato gracioso de Deus aplicado pelo Espírito Santo.
  Até a fé dos liberais ou qualquer outro segmento, é falsa, quando o objeto da não oferece total confiabilidade. Portanto sua propaganda salvífica é equivocada e essencialmente mentirosa. O cristianismo crê que a Salvação é pela graça mediante a fé em Cristo Jesus. O liberalismo crê que pode ser através da concepção naturalista liberal, onde a resposta se encontra no homem.
  A salvação afeta todas as áreas da vida humana: moral, profissional, educacional, familiar, religiosa, ao passo que o cristianismo se ocupa de transformar todos esses segmentos da sociedade, fragmentado em instituições. O liberalismo também tem infectado todas as nuances da sociedade com sua proposta antropocêntrica. No cristianismo, o homem existe por causa de Deus. No liberalismo, Deus existe por causa do homem. A proposta bíblica para a questão da salvação é simples e derruba todos os argumentos liberalistas: é necessário nascer de novo.
  Ao contrário do que ensina o liberalismo, no paternalismo universal, e no fraternalismo também universal, somente os que são salvos é que são filhos de Deus e conseqüentemente irmãos entre si. A isso chamamos igreja.
  A ocupação principal da igreja é anunciar as verdades salvíficas contidas nas Escrituras, e lutar apologeticamente contra o liberalismo e outros inimigos da fé Cristã sempre embasado na doutrina bíblica. Esses inimigos muitas vezes estão dentro das igrejas. Nos ocupamos de combater problemas externos e nos esquecemos de que esses internos, agem sorrateiramente causando grandes males à igreja.
É do conhecimento de todos que o liberalismo é um perigoso inimigo da fé cristã. Esse inimigo, porém está dentro das igrejas. E ganha forças através de ministros ou mestres pseudo-reformados, que desonestamente pervertem todo o princípio bíblico que a reforma sempre defendeu. Esses por sua vez tentarão nos fazer crer que as diferenças são insignificantes e que podem conviver em paz reformados e liberais. No tocante ao poder que eles exercem, se a autonomia total lhes for concedida nos concílios um cisma será necessário, pois suas crenças e ensinos são incompatíveis com as escrituras e com a visão reformada.
  Isso diminuiria o tamanho das igrejas. Mas a grande questão é essa: que tipo de crescimento o liberalismo ocasiona? Provavelmente o inchamento de comunidades que buscam o conforto do superficialismo, desculpas para suas displicências. Portanto, aos líderes cristãos a tarefa que lhes cabem é encorajar os soldados que lutam contra os liberalistas, mudar os critérios de ordenação de candidatos ao sagrado ministério, cobrar fidelidade dos oficiais cristãos (não sua eloqüência) e renovação da educação cristã.
  Tudo isso se resume em um princípio fundamental e geral da reforma: a submissão as Escrituras Sagradas.  Se os liberais aceitassem isso, a igreja não teria essas diferenças teológicas e com certeza cresceria de verdade.

MACHEN, J. Gresham. Cristianismo e Liberalismo. São Paulo: Editora Os Puritanos, 2001, 181p.