O liberalismo moderno, também chamado aqui de liberalismo naturalista não pode ser considerado uma religião cristã porque não atende à proposta redentora da verdadeira religião. Pelo fato de ser arraigada no próprio naturalismo, que nega toda intervenção sobrenatural de Deus, não atende, portanto à essa proposta. O liberalismo naturalista surgiu nos últimos cem anos, trazendo inclusive o abandono de convicções, e princípios fidedignos em nome da satisfação das necessidades e do ego humano.
Ao passo que o cristianismo ao longo dos séculos, apela para a verdade das suas alegações, o liberalismo apela para a superficialidade da experiência humana, e esta vem distorcendo dia após dia o conteúdo da verdade cristã. Diante disso, chegam até mesmo a divorciar a religião da ciência, por não acreditarem que elas possam coexistir.
Outro ponto em que podemos enfocar aqui é que o liberalismo se ocupa de questões relacionadas com os métodos de pregação ao passo que o cristianismo preocupa-se com o conteúdo dessa mensagem. Isso implica que não há um compromisso dos liberais modernos em pregar a veracidade das sagradas letras. Eles até possuem certo respeito a esse princípio, mas não um compromisso com ele.
O declínio da arte, da cultura, do compromisso com o cristianismo, a formatação dos métodos de ensino das escolas, reduzidas somente às públicas, e até mesmo a melhoria material da vida das pessoas favoreceram a ascensão e a consolidação do pensamento liberal moderno.
O liberalismo moderno está presente em nossas igrejas sendo sorrateiramente ensinados em pequenas porções chamadas “lições”, nos púlpitos de nossas igrejas. Quando certo ensinamento adquire respeito por parte, não de seu conteúdo, mas por parte do seu ensinador, o conteúdo vai ser paulatinamente absorvido e ganhará grandes adeptos. Por exemplo, um dos pontos controversos do liberalismo é a questão da doutrina da paternidade universal de Deus e da irmandade universal dos homens.
Para os liberais, todos são filhos de Deus, sem distinção e inevitavelmente, todos os homens são irmãos, sem distinção. Isso tem inclusive causado certo ecumenismo religioso que leva os liberais a acreditarem que todos os credos são igualmente válidos, pois se baseiam na experiência. Mas isso não é verdade. O cristianismo, por exemplo, que traz vida, é ao mesmo tempo uma religião de vida, mas também de doutrina.Essa, por sua vez é fundamentada pelas Escrituras que ocupam um papel teológico e histórico. Este último se refere à narrativa de fatos concretos já acontecidos, que no seu montante formam um conjunto de doutrinas. Através de certas colocações credais, os liberais caem nos antigos erros dos agnósticos e gnósticos.
O cristianismo sem sombra de dúvidas é vida, mas também é doutrina, pois essa se fundamenta em fatos registrados, o conteúdo revelacional especial de Deus na sua Santa Palavra. Os próprios registros mostram que o cristianismo é doutrina, pois seus proclamadores viveram e transmitiram essas doutrinas, e ao mesmo tempo vida, pois o cristianismo é a religião do Cristo ressurreto, logo, tudo nele é vida. Não há como afirmarmos que o cristianismo é vida e não doutrina, ou doutrina e não vida, sendo que ambos estão intrinsecamente ligados.
Então o que traz vida é o conteúdo narrativo e doutrinário das Escrituras Sagradas, que nos informa quem é Jesus, como seguí-lo, e como obtermos a salvação e vivermos até chegarmos à eternidade, uma vida abundante. E o conteúdo doutrinário que traz vida, nada mais é do que o Cristo crucificado e ressurreto. Outra mensagem além dessa é considerado anátema.
Cristo morreu: isso é história; Cristo morreu pelos nossos pecados: isso é doutrina. Nesse ínterim o pregador liberal distorce as idéias doutrinárias levando os ouvintes a uma degradação intelectual e credal, já que o entendimento se dá conforme a interpretação liberal. No caso do paternalismo e do fraternalismo universais, a grande confusão que traz certo conforto conveniente aos liberais modernos acaba infectando de forma excessivamente nociva a mente de pessoas não totalmente esclarecidas com relação à verdade bíblica. O paternalismo e o fraternalismo universais anulam em sua ênfase, a obra sacrificial de Cristo, já que indistintamente todos são filhos de Deus e todos são irmãos.
O cristianismo bíblico porém aponta para a idéia verídica que a salvação não é para todos, logo nem todos são filhos de Deus no sentido relacional, mas sim no sentido criativo, e em ultimo, nem todos são irmãos no sentido redentivo mas sim no sentido humano, humanitário e também criativo. Nessa observação, Deus é o pai de toda a criação sim, mas pai espiritual e salvífico apenas dos redimidos em Cristo Jesus, logo são irmãos os que igualmente se enquadram nessas condições.
É de se notar que o evangelho anunciado por Jesus e pelos seus discípulos não era baseado em um mero moralismo comportamental, como ensinam os liberais, mas sim um evangelho comprometido com o reino de Deus e com as Sagradas Letras. Isso é o que chamamos de princípio redentivo do evangelho. Dentro desse próprio princípio redentivo está à consciência messiânica de Jesus. Suas palavras têm poder porque Ele é o messias, e ele aplicou a si mesmo essa categoria, ao contrário do que muitos liberais afirmam, dizendo que Jesus nem sequer pensou ser o messias. Toda a Escritura está repleta de informações que autenticam essa premissa.
Jesus é o centro da teologia cristã. E isso é enfatizado em todo o Novo Testamento, de forma indubitável. Ao passo que os liberais afirmam que Jesus vive somente através de suas palavras e obras registradas, reduzindo-o a um idealista meramente humano, o cristianismo crê que ele vive em todos os aspectos. Não há como supervalorizar a mensagem e negligenciar a pessoa central dessa mensagem, nem negligenciarmos a mensagem e supervalorizarmos apenas a pessoa. Ambos estão essencialmente ligados, de sorte que o Jesus a quem nos referimos é o dono da mensagem e nele e em sua mensagem cremos e encontramos salvação. O pregador liberal, porém rejeita de forma imperativa toda a base do cristianismo, que é constituída por doutrina, ao contrário do cristianismo que de forma indicativa triunfa. O liberalismo satisfaz a vontade humana e o cristianismo anuncia a graça de Deus.
O liberalismo não está presente entre nós para dividir, mas simplesmente para poluir e denegrir a verdadeira doutrina cristã, ao supervalorizar a ação humana e negar qualquer intervenção natural, desde as bases cristãs até mesmo às formas de Deus agir.
Ao contrário do que nos diz as Escrituras, os liberais crêem que Deus não pode ser conhecido, mas apenas sentido. Isso os induz novamente ao erro dos agnósticos. Essa concepção de um Deus distante é totalmente oposta à Bíblia. Os liberais crêem que Deus só pode ser conhecido através de Jesus, ao passo que a própria Bíblia nos afirma que Deus pode ser conhecido pelas obras da criação, pela lei moral, pela revelação escrita, e claramente pela encarnação do verbo, bem como sua mensagem e obra.
Ao contrário do que os liberais argumentam, os discípulos procuraram não somente conhecer a Jesus, mas também manter um relacionamento íntimo de comunhão com ele. Ao afirmarem que Jesus não conhecia a Deus pela teoria e sim pela prática, transgridem também o princípio de que Ele e o Pai são um. Isso quer dizer que Jesus possuía conhecimento teórico da mente de Deus e agia de acordo com sua vontade. Isso é teoria e prática. Os discípulos tiveram a oportunidade de aprender a teoria e praticá-la na presença tangível de Jesus e mais tarde intangível.
Com relação à verdade, se todos os meios para se chegar a ela forem válidos, terão em seus resultados uma harmonia perfeita. Porém, a religião agnóstica não pode ser chamada de religião cristã, uma vez que não se pode conhecer seu criador. Deus é um Deus real e pessoal que se relaciona e se deixa ser conhecido pelos seus filhos. À essa expressão filhos, encontramos ainda um termo que os liberais usam, de forma equivocada, “Pai”. Como ter um pai que não pode ser conhecido?
Eles na verdade pensam no Pai, sob o princípio do paternalismo universal, isto é, Deus é o pai de todos os homens, logo inserem também um segundo princípio de que todos os homens são indistintamente, irmãos. Essa idéia não pode ser sustentada pelos evangelhos. Porque eles impõem condições para a filiação paternal e a irmandade dos homens. Logo, elas não são universais, mas sim limitadas. Deus no sentido criacionista é o pai de toda a criação, tanto de homens, como de animais e vegetais. Mas no sentido relacional e redentivo, ele é o Pai somente dos remidos, e logo todos os remidos são irmãos. Na tentativa de se definir Deus, os liberais também se reduzem à delimitação panteísta, transformando toda substância em Deus, esquecendo-se que o Deus imanente ao mundo não é substancialmente todas as coisas, mas nele existe, e subsiste todas as coisas. O Deus imanente (que não deixa de ser também transcendente) é o criador voluntario do mundo e seu sustentador. Essa verdade é combatida pelos liberais modernos.
Essa premissa diferencia o cristianismo do liberalismo, já que o cristianismo também uma idéia diferente também do conceito homem. Enquanto o cristianismo enfatiza a natureza caída e corrompida do homem, o liberalismo, por outro lado perdeu a própria consciência do pecado. Existe, de acordo com o liberalismo moderno uma autonomia humana, que interfere inclusive na consciência do pecado. Essa consciência somente pode ser restaurada através da proclamação da lei de Deus. A pregação liberal moderna, no entanto traz ao coração do homem a salvação pelo esforço pessoal, pelos sentimentos, sem a necessidade de negar-se a si mesmo. Isso causa a perda da consciência não somente de quem é Deus, mas de quem nós somos. Somente Deus através da sua Palavra pode restaurar a consciência perdida daquilo que somos e de quem Ele é.
Toda a mensagem cristã que não deixa de ser doutrina vem inegavelmente da Bíblia. Isso a torna exclusiva para a salvação. Tudo está narrado nas Escrituras. Porém os liberais a têm trocado pela experiência, e a busca isolada da experiência tem caudado o distanciamento de muitos da Palavra de Deus. A experiência só é válida quando confirmada pela narrativa histórica da Bíblia. Por isto, ela se torna a nossa única e suficiente regra de fé e prática. Até mesmo a inspiração plena das Bíblia tem sido questionada ao se levantar pressupostos de que os autores dos livros bíblicos escreveram o que eles achavam que deveria registrado. Isso não é verdade. Os autores estavam inspirados pelo Espírito Santo que conservou suas individualidades, cosmovisões, sentimentos etc. Isso implica que esses homens usaram nas suas narrativas suas características pessoais, sem transgredir quaisquer princípios revelados por Deus. Eles não estavam em um transe divino ao fazer esses registros, mas sim conscientes de suas capacidades humanas e na dependência do Espírito de Deus. Os liberais até não negam essa inspiração, mas tem a Bíblia como um livro importante como outro livro qualquer, e nega claramente, sim, a autoridade de Jesus.
Isso se dá porque eles não aceitam as palavras de Jesus da forma em que foram registradas nos evangelhos. Se eles não aceitam a autoridade de Jesus, logo não aceitam a autoridade da própria Bíblia. Isso produz nos liberais o que já mencionamos anteriormente: a supervalorização da experiência cristã. A Palavra de Deus é deixada de lado e é trocada pela experiência subjetiva. O cristianismo é baseado na Bíblia, porém o liberalismo é baseado nas emoções diversificadas dos homens pecadores.
Há também um conflito aqui entre o liberalismo e o cristianismo no tocante à própria pessoa e obra de Cristo. Cristo é para o cristianismo o objeto da fé cristã. O liberal moderno não tem uma fé verdadeira em Jesus, visto que sua concepção da natureza de Jesus é equivocada. Os liberais modernos acreditam que Jesus foi o primeiro cristão porque ele foi quem fundou o cristianismo. A partir daí, surge alguns questionamentos quanto à consciência messiânica de Jesus. Os liberais acreditam que Jesus alcançou a consciência messiânica em um determinado ponto distinto de sua vida terrena. Isso portanto coloca até mesmo a reputação moral de Jesus em questão. Segundo eles, Jesus adotou mais tarde em sua vida CONTRA A SUA VONTADE, a classificação falha de messias. Isso conflita com os registros bíblicos tanto vétero quanto neotestamentários que autenticam a impecabilidade de Cristo, que é crida pelos verdadeiros cristãos.
Outro ponto em questão é justamente a questão da atitude de Jesus com relação ao pecado. Os historiadores liberais não crêem na plenitude da impecabilidade de Cristo. Na concepção bíblica, Jesus não somente lidou com o pecado, como também o venceu de forma invicta, em todas as suas facetas. Para os liberais, o cristianismo é uma forma de nos livrarmos do pecado, ao passo que para os verdadeiros cristãos, Jesus é a única forma de nos livrarmos dele. Portanto nesse aspecto Jesus não teve como os homens a religião cristã visto que o cristianismo é um modo do homem se livrar do pecado, Jesus não teve do que se livrar. A religião de Jesus com certeza foi a religião do paraíso, e não uma religião de homens pecadores.
No aspecto humano, portanto, Jesus teve sua própria religião, e no aspecto divino, ele é o centro da religião cristã, que concede redenção ao pecador. Jesus, ao contrário do que pensa o liberalismo moderno, é um exemplo não apenas para o relacionamento do homem com o homem, mas também para o relacionamento do homem para com Deus.
Nessa definição da pessoa e obra de Cristo, o liberalismo define Jesus como um exemplo e guia, o cristianismo como Salvador; o liberalismo faz dele um exemplo de fé; o cristianismo, o objeto da fé. O liberalismo considera Jesus um humano honrado e excepcional, o cristianismo o considera como uma pessoa sobrenatural, isto é o Deus filho encarnado. Todo o Evangelho vai autenticar essa verdade, sobretudo através dos atos sobrenaturais do Homem-Deus. Sobrenatural é tudo aquilo que foge ao natural, ou mesmo à lógica humana. Natural pode ser definido como as obras da criação, ao passo que o sobrenatural, as obras da providência, embora ambos sejam obras de Deus, sem sombra de dúvidas. O pensamento Deísta nega as obras da providência de Deus, sobretudo os milagres. O Panteísmo identifica Deus como totalidade da natureza, e portanto qualquer coisa que fuja do natural não pode ser concebida. Porém, na visão cristã toda intervenção divina na natureza é totalmente concebível, seja chamada de milagre ou não, como um ato de Deus, ao que chamamos inevitavelmente de teísmo. A singularidade de Jesus atesta sua deidade, visto que nenhum homem comum conseguiu ressuscitar.
Alguns liberais questionam inclusive o nascimento virginal de Cristo, o que não dizer de sua consciência messiânica, de seus milagres e até mesmo de sua ressurreição? Visto que no liberalismo não existe consciência do pecado, também não há uma aceitação do sobrenatural. Os liberais modernos buscam um Jesus, portanto, meramente histórico e não sobrenatural, ao passo que os cristãos crêem que a história atesta a deidade do Jesus sobrenatural. Porém, não são todos os milagres que são rejeitados pela igreja liberal moderna, apenas alguns. O cristianismo crê em todos os milagres registrados na história do cristianismo. Logo Jesus é histórico e também sobrenatural.
Portanto até a conceituação de Jesus pelos liberais modernos é questionável ao passo que nem sempre há honestidade em suas alegações. Isso quer dizer que afirmar que Jesus é Deus, depende do que está implícito na afirmação. No caso dos liberais modernos depende do conceito que eles têm de Deus, que não é o mesmo conceito do cristianismo. Os liberais negam a deidade de Jesus. Esse é o centro da questão em foco.
Os liberais vêem Jesus como um homem, e não como Deus. Nesse ponto se igualam aos apolinarianos. Porém o cristianismo crê que Jesus é cem por cento homem e cem por cento Deus. Os sinóticos autenticam essa verdade. Os nestorianos, por sua vez, chegam a dizer que havia uma espécie de Jesus duplo, ou duas pessoas distintas, separadas em Jesus. O Novo Testamento apresenta duas naturezas distintas fundidas em uma só pessoa.
O liberalismo centraliza o homem dentro desse conceito de salvação enquanto que o cristianismo encontra essa salvação no ato gracioso de Deus. Para eles, a morte de Cristo não teve efeito sobre Deus, apenas sobre o homem. Portanto os liberais modernos atacam veementemente a doutrina da cruz. O liberalismo oferece uma resposta humana e simplesmente reflexiva sobre a questão da eternidade. Porém, o cristianismo apresenta Cristo, como a ponte para a eternidade com Deus, e a resposta para o problema da condenação eterna. O liberalismo não admite isso, porém apresenta soluções ineficazes, sempre tentando separar o Jesus histórico do Jesus Salvador. Portanto, a salvação através da cruz é criticada porque depende da história.
Ensinam ainda que todos os homens devem ter a igual chance de se salvar mesmo se nunca tiverem ouvido a mensagem de salvação. Isso tira a exclusividade de Cristo na obra da salvação, uma vez que a alegação dos liberais modernos nega que Cristo é o único caminho. Se o caminho de salvação não é oferecido a todos, a culpa não é do caminho, mas sim de seus proclamadores. O ato voluntário de Cristo em seu sacrifício também é questionado pelos liberais, porém autenticado pelas escrituras ao apresentar o Deus do amor. Jesus foi voluntário em seu sacrifício, o que não se compara a nenhum sacrifício humano. O sacrifício humano traz benefícios provisórios, o sacrifício de Jesus traz benefícios eternos. Como a deidade de Cristo é questionada pelos liberais modernos, também seu sacrifício expiatório também, já que a expiação depende da deidade de Cristo. O Cristo da concepção moderna naturalista nunca teria sofrido pelos pecados dos outros.
Na concepção naturalista, a obra da salvação é colocada nas mãos dos próprios homens, ao passo que, para eles serem salvos, basta desejarem isso. Isso implica que Deus não pode salvar o pecador, se este não desejar e não buscar em seus esforços humanos a salvação, segundo o liberalismo. O Cristianismo apresenta a salvação como algo dos eternos propósitos de Deus, revelada e assegurada em sua totalidade em todos os méritos de Cristo. Aos que são alcançados por Cristo, uma coisa lhes resta. Desenvolver sua salvação fugindo do pecado, santificando sua vida, e buscando sempre comunhão íntima e pura com Deus. Isso nos leva a entender que os salvos não somente fogem do pecado mas trabalham para reparar as conseqüências desses no mundo a sua volta e sobretudo na vida do seu próximo.
Os liberais rejeitam toda a idéia da expiação vicária de Cristo tendo-a como um ato fora de Deus. Pregam uma falsa alegria, um falso conforto, que somente encontramos na convicção da nossa salvação hodierna e eterna como um ato gracioso e suficiente da graça de Deus revelada na Pessoa de Seu filho. A doutrina da expiação segundo os liberais modernos é que o mal do mundo pode ser vencido pelo bem do mundo. E isso, segundo as Escrituras é algo que só pode ser removido pelo ato gracioso de Deus aplicado pelo Espírito Santo.
Até a fé dos liberais ou qualquer outro segmento, é falsa, quando o objeto da não oferece total confiabilidade. Portanto sua propaganda salvífica é equivocada e essencialmente mentirosa. O cristianismo crê que a Salvação é pela graça mediante a fé em Cristo Jesus. O liberalismo crê que pode ser através da concepção naturalista liberal, onde a resposta se encontra no homem.
A salvação afeta todas as áreas da vida humana: moral, profissional, educacional, familiar, religiosa, ao passo que o cristianismo se ocupa de transformar todos esses segmentos da sociedade, fragmentado em instituições. O liberalismo também tem infectado todas as nuances da sociedade com sua proposta antropocêntrica. No cristianismo, o homem existe por causa de Deus. No liberalismo, Deus existe por causa do homem. A proposta bíblica para a questão da salvação é simples e derruba todos os argumentos liberalistas: é necessário nascer de novo.
Ao contrário do que ensina o liberalismo, no paternalismo universal, e no fraternalismo também universal, somente os que são salvos é que são filhos de Deus e conseqüentemente irmãos entre si. A isso chamamos igreja.
A ocupação principal da igreja é anunciar as verdades salvíficas contidas nas Escrituras, e lutar apologeticamente contra o liberalismo e outros inimigos da fé Cristã sempre embasado na doutrina bíblica. Esses inimigos muitas vezes estão dentro das igrejas. Nos ocupamos de combater problemas externos e nos esquecemos de que esses internos, agem sorrateiramente causando grandes males à igreja.
É do conhecimento de todos que o liberalismo é um perigoso inimigo da fé cristã. Esse inimigo, porém está dentro das igrejas. E ganha forças através de ministros ou mestres pseudo-reformados, que desonestamente pervertem todo o princípio bíblico que a reforma sempre defendeu. Esses por sua vez tentarão nos fazer crer que as diferenças são insignificantes e que podem conviver em paz reformados e liberais. No tocante ao poder que eles exercem, se a autonomia total lhes for concedida nos concílios um cisma será necessário, pois suas crenças e ensinos são incompatíveis com as escrituras e com a visão reformada.
Isso diminuiria o tamanho das igrejas. Mas a grande questão é essa: que tipo de crescimento o liberalismo ocasiona? Provavelmente o inchamento de comunidades que buscam o conforto do superficialismo, desculpas para suas displicências. Portanto, aos líderes cristãos a tarefa que lhes cabem é encorajar os soldados que lutam contra os liberalistas, mudar os critérios de ordenação de candidatos ao sagrado ministério, cobrar fidelidade dos oficiais cristãos (não sua eloqüência) e renovação da educação cristã.
Tudo isso se resume em um princípio fundamental e geral da reforma: a submissão as Escrituras Sagradas. Se os liberais aceitassem isso, a igreja não teria essas diferenças teológicas e com certeza cresceria de verdade.
MACHEN, J. Gresham. Cristianismo e Liberalismo. São Paulo: Editora Os Puritanos, 2001, 181p.