segunda-feira, 12 de julho de 2010

EU CREIO NO PAI, NO FILHO E NO ESPÍRITO SANTO (RESUMO)

  Desde os mais simples símbolos na história até os símbolos de fé mais sistemáticos que hoje temos, as declarações credais estão presentes no cotidiano de cada pessoa, implícita ou explicitamente, tendo em vista que o homem é um ser essencialmente simbólico. Os símbolos existentes, servem para representar algo, sem o uso de palavras. Eles se classificam em: símbolo convencional, símbolo acidental e símbolo universal. A própria Bíblia está cheia de símbolos. Ex: cores, números, animais, metais, pedras preciosas,etc. esses símbolos servem para elucidar um significado específico.
  Na história da igreja, o credo apostólico se tornou o símbolo de uma declaração essencialmente apostólica, visto que seu conteúdo traz princípios e declarações sistemáticas de fé. Em se tratando de credos, o termo “credo” surgiu do latim “credo” e significa “eu creio”. Dentro dessa premissa, surge os catecismos maior e menor e mais tarde as Institutas de Calvino. As principais confissões que surgiram a partir daí, foram: A Segunda Confissão Helvética, Cânones de Dort, Confissão de Augusburgo, Confissão de Fé de Westminster, Confissão dos Valdenses, etc. Essas confissões norteavam e instruíam com relação à fé Bíblica e embora os reformadores não desejassem um cisma na igreja, eles defendiam a firmeza doutrinária e ensinavam aos fiéis que não fizessem acordos em pontos doutrinários das Escrituras. Os 3 objetivos principais dos credos eram: evidenciar os fundamentos bíblicos de seus ensinos; demonstrar consenso entre os credos (Apostólico, Niceno, Constantinopolitano); mostrar sua postura teológica diante da teologia romanista.
  Após a afirmação pública da fé e das convicções teológicas da igreja Cristã, inevitavelmente ocorre a Reforma Protestante, que não se deu da noite por dia, mas teve seu início em Lutero (1517) e se estendeu por longos anos. Após o rompimento dos Fiéis Reformados da Igreja Romana, o Evangelho foi direcionado a diversas partes do mundo, agora com uma mensagem diferente. Nessa progressão encontramos a instalação da Igreja Presbiteriana no Brasil em 12/08/1859. A partir desse período vários ministros vieram de fora na intenção de evangelizar e organizar igrejas, o que de fato, foi ocorrendo com o passar dos anos. Pastores foram chegando, pessoas convertendo-se, homens chamados para o ministério foram ordenados, presbitérios foram organizados, sociedades internas surgiram, e o evangelho tomou uma grande proporção no Brasil. Esses homens adotavam os catecismos e os símbolos de fé da igreja e transmitiam esses princípios tanto para adultos quanto para crianças. O ensino foi muito enfatizado nesse período por esses homens que agiam como os reformadores que os antecederam, visto que os credos e catecismos também tinham esse fim.
  Os Padrões de Westminster foram adotados por todas as igrejas reformadas de origem inglesa ou escocesa. Porém no uso dessas confissões e catecismos é necessário enfatizar que são limitados, uma vez que o único livro infalível é a Palavra de Deus. Porém cremos que são a mais fiel sistematização doutrinária das Sagradas Escrituras. Enquanto permanecem fiéis as escrituras esses símbolos devem ser cridos e obedecidos.
  As várias controvérsias que surgiram no decorrer dos séculos desde as heresias mais antigas até o liberalismo moderno sempre tendem a questionar a autoridade, inspiração e inerrância das Escrituras Sagradas negando que sejam inspiradas por Deus. Não há como subscrever um credo, como por exemplo, o Apostólico adotado por várias igrejas reformadas sem crer na inspiração divina das Escrituras. Aliás é impossível ter uma verdadeira fé em Deus negando essa verdade.
  As Escrituras foram inspiradas por Deus. Deus soprou, expirou todo o conteúdo na mente e nos corações de seus co-autores. Isso não implica que eles foram acometidos por um transe sobrenatural e inexplicável, mas eles estavam conscientes de sua limitação de sorte que Deus preservou suas características humanas. Em outras palavras, a Bíblia nasceu da mente de Deus, e Ele próprio transmitiu todo o conteúdo para os escritores, de sorte que a inspiração foi plenária (de forma plena), dinâmica (Deus não anulou a personalidade dos escritores), verbal (Deus falou). Esses escritores exerceram o papel passivo (receberam de Deus) e ativo (usaram suas aptidões naturais nos seus registros). Vários testemunhos são dados com relação à inspiração e inerrância das Escrituras: os profetas, os apóstolos, Jesus Cristo e a própria Escritura.
  No quesito fé, sabemos que ela é indispensável para a Salvação. Mas o mais importante no ato de se crer, é basicamente no que se crê. A fé deve repousar na Palavra de Deus e em suas promessas. A fé salvadora é a habilitação divina a nós concedida para nos capacitar a crer em Cristo. Essa fé envolve nosso intelecto, nossas emoções e nossa vontade, mas contudo, ela vem de Deus. Essa graça, portanto, antecede à fé e ao conhecimento. A fé salvadora é direcionada para Deus e para sua Palavra, sendo que quem crê no filho, crê no pai, e não é possível crer em Cristo sem Crer em Deus, e vice versa. Essa fé deve ser baseada em toda a Palavra, visto que toda ela aponta Jesus. A fé salvadora apóia-se no poder e na fidelidade de Deus, e é o resultado da nossa eleição. Só recebe a fé salvadora, aquele que foi eleito para a eternidade com Deus. A fé salvadora não é fruto da auto-sugestão psicológica humana, mas é um ato gracioso de Deus aplicado em nossos corações. A fé vem de Deus.
  A fé salvadora evidencia-se na transformação genuína do pecador arrependido, no seu desejo de professá-la publicamente, no desejo de se batizar, e da crescente necessidade prazerosa de se relacionar com Deus e viver para Ele. Toda a plenitude da obra da redenção realizada no pecador se dá pela ação da fé salvadora produzida em nossos corações através do Espírito Santo que nos convence do pecado, da justiça e do juízo.
  Deus é mencionado tanto no Antigo Testamento quanto no novo como Pai. No AT, como pai de Israel, e no NT como o Pai Nosso. Deus é o pai de todos os seres no sentido criacionista. Mas no sentido relacional e salvífico, Ele é pai somente dos Eleitos arrependidos que passaram pelo processo da adoção em Cristo Jesus. Todos esses argumento derrubam a idéia do paternalismo e fraternalismo universais, ensinados pelos liberais modernos. Somos portanto, filhos adotivos de Deus, resultante de sua própria graça e de seu amor eterno. No entanto, para sermos de fato filhos de Deus, devemos: nascer de novo, receber a Cristo e depositar nele nossa fé. Nos tornamos herdeiros de Deus e Co-Herdeiros com Cristo através da adoção em Cristo.
  Uma das primeiras ênfases do Credo Apostólico é no poder de Deus. Sobre essa matéria podemos mencionar que “poder” é a capacidade de fazer ou realizar algo. Deus tem todo o poder como afirma o credo. Ele é livre e pela sua soberania pode todas as coisas. Dentro desse conceito de poder, encontramos umas características: auto-existência, determinação livre, execução livre, auto-limitação, de sorte que seu poder se manifesta na criação, nas obras da providência, no controle absoluto dos anjos caídos, na vida de Cristo (nascimento virginal, ministério, morte, ressurreição, no lugar ocupado à destra de Deus), na vida dos eleitos (salvação, fortalecimento diário, nas bênçãos cotidianas, nas boas obras, no cumprimento das suas promessas, no testemunho cristão, na vocação ministerial), escatologicamente (no regresso triunfante de Jesus Cristo, na ressurreição final, na confissão feita pela igreja e pelos anjos, na manifestação das verdades não reveladas, no juízo final). Diante de todo o poder do Deus Onipotente e Soberano devemos nos submeter à sua vontade de forma prazerosa, confiar Nele alegremente, buscar crescimento Espiritual, adorá-lo e proclamá-lo entre todos.
  Nessa excepcional exposição dos princípios credais registra-se também Deus como o criador de todas as coisas, partindo da premissa verdadeira de que Ele é eterno, e como ser eterno, é a causa de toda a existência. Gênesis é a narrativa não da criação de Adão, mas de toda a humanidade. Deus fez todas as coisas pelo poder de Sua própria Palavra, com a participação do Filho e do Espírito Santo. As mais importantes confissões como por exemplo o Catecismo de Heidelberg, a Segunda Confissão Helvética, a Confissão de Westminster, entre outras, confessam essa verdade. A Trindade delibera, sob o conselho do próprio Deus. Somente o Deus Todo-Poderoso é capaz de fazer existir as coisas do nada, e soprar o fôlego de vida nos seres viventes.
  Mas no meio desses seres, somente o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, sendo que somente ele pode se relacionar intimamente com Ele. O homem possui muitas limitações que o transformam em um ser fraco e incapaz de se salvar. A mulher, por sua vez foi criada para ser companheira do homem com as mesmas limitações, visto que ele não podia se relacionar com inteligência com os outros seres. Esta, portanto, se torna sua ajudadora, idônea, e esposa. Porém, a mulher se encontra em igualdade com o homem, no sentido em que diante de Deus, ambos tem papéis importantes para cumprir, como por exemplo, a continuação da criação, pela procriação. Cristo é apresentado nas Escrituras como o intermediário da criação, sendo que todas as coisas existem por intermédio dele, finalizando a glória de Deus. Até a igreja existe para a Glória de Deus, por causa de Jesus. Todo o sofrimento presente é fruto do pecado, e somente Cristo pode redimir tanto os homens como toda a Criação, que alcança nova vida Nele.
  Esse mesmo Cristo que faz novas todas as coisas, foi predito em toda a Escritura. No Antigo Testamento a unção, por exemplo significava a vinda do Ungido de Deus, o Messias, O Cristo. Essa promessa de Deus se cumpriu na encarnação no período de grande inquietação política, religiosa, e moral, aos quais chamamos “A plenitude do tempo”. Porém a expectativa Judaica era na verdade a chegada de um libertador político-econômico e religioso, fato este evidente na rejeição à Jesus. Quando Jesus encarna, toda sua vida nos dá incontestáveis provas da sua consciência messiânica. Os primeiros cristãos testemunharam ser Cristo, o ungido, o Messias predito pelas Escrituras. A própria Palavra de Deus o faz.
  Sobre a pessoa de Cristo, podemos enfatizar que Ele é o Deus-homem. daí podemos dizer que sua Divindade foi profetizada nas Escrituras, reconhecida Pelo Pai e pelo Espírito Santo, por Ele mesmo, pelos seus discípulos, e até pelos demônios. Sua divindade é ainda demonstrada pelos títulos divinos, e pelas perfeições divinas (onisciência, onipotência, onipresença, imutabilidade, santidade, imortalidade). Tem o mesmo poder do Pai como por exemplo: autoridade para perdoar pecados, cura miraculosa, poder sobre os demônios, sobre a natureza, autoridade sobre o sábado, criação e preservação, autor da salvação e objeto da fé, doador do Espírito Santo, da Santificação, a ressurreição do seu povo, o juízo final. Como homem sabemos que sua concepção foi de forma imaculada, bem como toda sua vida. Sua humanidade também foi profetizada, reconhecida e demonstrada. Como homem ele possui corpo e alma, estando sujeito às leis da natureza (nascimento, crescimento, obediência e morte). Teve também necessidades oriundas da limitação humana (fome, sede, cansaço, simpatia, sono, tristeza, sofrimento, indignação, compaixão, admiração, alegria, foi tentado e ainda orou). Tudo isso até aqui mencionado não exclui a impecabilidade do Deus-Homem.
  A sua Deidade plena foi necessária para que se cumprisse toda a obra da redenção, desde sua encarnação até sua segunda vinda. Sua natureza humana se deu para que Ele cumprisse e suportasse tudo aquilo que nós não suportaríamos, como: cumprimento das leis, dos propósitos de Deus, representação do homem agora como o 2º Adão, e para ser o padrão do nosso corpo redimido. As duas naturezas são inseparáveis em uma só pessoa. O credo apostólico derruba apologeticamente as posições heréticas que defraudam a pessoa de Cristo com as duas naturezas, como por exemplo, o Ebionismo (miserável, mendigo, pobre), o Gnosticismo (conhecimento – Jesus foi um homem comum, usado por Deus e abandonado no Calvário, não tendo nada da divindade), Monarquianismo (um só Deus – Jesus era um homem revestido por um poder sobrenatural no batismo, e a trindade três formas de manifestação de Deus), Arianismo (o Pai criou o Filho e através do Filho criou o Espírito Santo), Apolinarianismo (Jesus humano fisicamente, mas não psicologicamente – alma racional, alma animal e corpo), Nestorianismo (Jesus era constituído de duas pessoas e de duas naturezas), Etiquianismo (resultado da fusão da natureza humana com a divina. Então Jesus não era nem verdadeiro homem nem verdadeiro Deus). Na concepção reformada, porém, cremos que Jesus é plenamente homem e plenamente Deus. Uma pessoa com duas naturezas, porém uma única personalidade.
  Se um dos atributos de Deus é a sua eternidade, logo, na concepção reformada, entendemos que essa eternidade se estende também à geração eterna do filho, sendo que o Filho é Eterno assim como o Pai. E como filho Ele se relaciona intimamente com o Pai. Sobre a nossa relação com o Filho, entendo que somos misticamente unidos à Cristo, em todas as nuances de sua obra. Seu sofrimento, morte, ressurreição, e reinado glorioso, e sobretudo, alvo de todas as bênçãos decorrentes de nossa redenção e entrega total a Ele. O que nos resta é adorá-lo, honrá-lo, crer nele, confessá-lo, ser batizado em seu nome, conhecê-lo cada vez mais, atender à sua Palavra e proclamá-lo.
  Jesus Cristo também é apresentado nas Escrituras e no Credo Apostólico como nosso Senhor. Não há como crer em Cristo e rejeitar seu Senhorio e Soberania absolutos, poder e toda sua obra redentiva. Seu senhorio se estende desde a eternidade com o pai e vai até a consumação eterna de seu reino glorioso. Na terra, Cristo foi mestre por excelência se distinguindo dos outros mestres, por ser ele a essência da sabedoria de Deus. Foi também pastor de seu povo (todos que o aceitaram), intercessor, e terapeuta. .
  O sofrimento de Cristo se deu em conseqüência do pecado do homem, uma vez que somente Cristo foi capaz de removê-lo. Deus, por causa de sua justiça e amor reconciliador quis enviar seu Filho para sofrer para a remoção da maldição do pecado, porém Cristo foi eternamente voluntário para isso, tendo plena consciência do que estava por vir, quando encarnasse. Portanto, ele obedeceu perfeitamente aos auspícios redentivos de Deus, mas de forma voluntária e ativa. Portanto ele se entrega e morre como um maldito condenado. Seu sofrimento foi físico, espiritual e psicológico. Seu sacrifício foi plenamente eficaz e suficiente. Assim sendo, ele se constitui nosso único e suficiente Salvador. E a salvação foi necessária porque o pecado condenou a raça humana, a comunhão com Deus foi perdida, o homem morreu espiritualmente, fisicamente, e eternamente. Jesus veio para reverter todo esse quadro. Ele é o prometido de Deus em toda a Escritura. A salvação que Cristo oferece é pela vontade do Pai mediante a pregação da Palavra, é o resultado da nossa eleição, é obra da graça de Deus, efetivada pelo seu poder soberano, segundo sua misericórdia e longanimidade. Porém essa salvação é somente para seu povo eleito fragmentado em raças, línguas, nações e diversas culturas, sendo necessário arrependimento, fé, regeneração, obediência, santificação, perseverança e confissão pública. Seu sacerdócio foi universal, único, sendo que como mediador, ofereceu-se a si mesmo como sacrifício vivo, suficiente e totalmente eficaz, para nossa reconciliação com o Pai e nossa eterna salvação. Sua obra redentora se deu debaixo de todo o sofrimento que podemos enumerar assim: encarnação, sofrimento, crucificação, morte, sepultamento. Apenas o fato de ter tabernaculado entre os homens já constitui uma grande humilhação. Tudo isso foi precedido pela início de sua exaltação que começa com sua ressurreição. Nossa tarefa agora é proclamá-lo, viver nova vida Nele, aguardar nossa ressurreição (ou transformação). Após sua ressurreição Ele subiu ao céu denotando a responsabilidade da igreja de viver como seu corpo no mundo, autenticou a vitória sobre a morte, cumpriu as Escrituras e as palavras de Cristo, sendo que a substância física de seu corpo é eterna. Como nosso sumo sacerdote eterno cremos que Ele nos conduzirá ao céu. Sua ascensão precede o derramamento do Espírito Santo, e logo após seu regresso glorioso.
  A 2ª vinda de Cristo se dará em um tempo de muita tensão da igreja, na expectativa ansiosa do “já” e “ainda não”, porém, ela é certeira. Ninguém sabe o dia nem a hora, será repentina, decisiva, definitiva, pessoal, audível, visível, física, triunfante, gloriosa, glorificante para manifestar seu reino, consumar a salvação de seu povo, ressuscitar os mortos e transformar os vivos, julgar a raça humana, libertar a igreja, destruir os inimigos de Deus, restaurar o cosmos. Negar que Cristo ressuscitou e foi assunto aos céus é afirmar que ele não regressará, visto que sob essa concepção está morto até hoje, e conseqüentemente negar a realidade do juízo final. O credo Apostólico combate também essa premissa herética, levantada pelos pressupostos conflitantes com as Escrituras.
  O juízo final vem por causa do pecado. O tempo de duração do juízo, não sabemos, mas as Escrituras nos informam que os anjos e os remidos serão auxiliares de Cristo no Juízo. Todos os homens serão julgados indiscriminadamente. Os ímpios quanto às suas obras más e principalmente a negação da pessoa e obra de Cristo. Os justos quanto ao galardão. Os anjos caídos também serão julgados, e no caso de Satanás, ele já está condenado. O critério do julgamento é a aceitação ou rejeição da pessoa de Cristo.
  Toda a obra da redenção é aplicada por intermédio do Espírito Santo, dentro da perspectiva cristocêntrica. Ele que nos faz entender tudo sobre Cristo. O credo Apostólico subscreve a fé na 3ª pessoa da Divindade, e confronta algumas seitas arianas como as Testemunhas de Jeová, que dizem que o Espírito Santo é uma energia impessoal sem inteligência. Porém, como uma Pessoa Divina, ele é onisciente, onipresente e onipotente, como o Deus Pai e o Deus Filho. Ele age no homem no nível físico e intelectual, religioso-moral, profético-revelacional. No Antigo Testamento há varias menções do Espírito Santo agindo em favor do Povo de Deus, e no Novo Testamento, nada era feito sem sua atuação direta. No judaísmo posterior, quem possuía o Espírito Santo era profeta. Como uma pessoa, ele possui Unicidade, personalidade (inteligência, vontade, sensibilidade), é o autor de toda a vida intelectual, é o consolador e possui os seguintes atos: trabalha, intercede, proíbe, decide, perscruta, fala, testifica, ensina, consola, reprova, regenera, ora, guia, glorifica a Cristo, chama ao trabalho dirigindo nas atividades especificas. Como procedente do Pai e do Filho possui o mesmo poder e eternidade. Possui as mesmas perfeições do Pai e do Filho, e seus atributos bem como a mesma Glória. Nós somos sua casa, sua morada, seu templo.
  A igreja de Deus, Uma, Santa e Universal é constituída pelos fiéis vivos que são a igreja militante e os que já estão com o Senhor, isto é a igreja triunfante. Pode ser denominada como uma comunidade local, um conjunto de igrejas locais, e todos aqueles que confessam a Jesus. Igreja é a comunidade de pecadores regenerados. O credo subscreve a crença bíblica na igreja redimida, santa, imaculada, chamada por Deus para a santidade e para a salvação em Cristo, e nega a idéia de que a única e verdadeira igreja é a romana, uma vez que esta se transformou numa instituição proeminentemente herética. De acordo com os reformadores, e creio eu que isso confere com as Escrituras, as marcas da verdadeira igreja são: a verdadeira pregação da Palavra, a correta administração dos sacramentos (batismo e ceia) e o exercício fiel da disciplina. Se alguma igreja foge a um desses princípios, não é uma verdadeira igreja cristã.
  Como membros do corpo de Cristo, os crentes são unidos pela fé comum em Cristo e pelos objetivos de Deus, selados pelo Espírito Santo, de sorte que agora a somatória de todos esses membros, e a união dos mesmos forma a igreja militante e triunfante. O padrão universal da unidade da igreja é a Trindade. Essa unidade é produzida pelo Espírito Santo, de forma essencial e com propósito de glorificar a Deus. Devemos portanto ser responsáveis e nos esforçar diligentemente para manter essa unidade, que deve ser vivenciada.
  Como igreja temos a responsabilidade de buscar a santidade em Cristo, uma vez que o pecado já não nos domina, pois não estamos debaixo do pecado mas da graça regeneradora de Cristo, que é o fundamento da nossa santificação. Por isso, somos santificados somente através dos méritos de Cristo, pela aplicação de sua graça redentiva por obra do Espírito Santo. Essa deve ser nossa meta.
  A igreja de Cristo, é, segundo as Escrituras e de acordo com a formulação credal apostólica, apenas uma, embora existam diversas denominações e diversas formas hermenêuticas, essas igrejas quando mantidas sob a jurisdição da Trindade e da Palavra são a Igreja espiritual, católica, universal, única de Cristo. É universal, por causa da universalidade da graça, que é dirigida a todos os povos, línguas e nações.
  O termo “Amém”, é utilizado tanto no Antigo Testamento como no Novo, e traz a idéia de concordância, resposta afirmativa a uma declaração verdadeira. Foi usada também por Jesus e pelos Apóstolos, bem como na liturgia da sinagoga, da igreja neo-testamentária, e é usado até hoje, como ratificação do que afirmamos. O Credo Apostólico diz amém à toda sistematização bíblico doutrinaria que faz jus à nossa fé nos distinguindo das demais denominações, confrontando o paganismo, as seitas, as heresias, e toda sorte de palavra anatematizada que vai contra a revelação Bíblica ou que tente desfazer as características da Trindade. A existência do Deus-Pai todo-poderoso, criador de todas as coisas, do Filho encarnado, que cumpriu sua obra redentiva desde sua encarnação até o momento vindouro de sua manifestação e julgamento, a ação do Espírito Santo tanto no AT como no NT, até os dias atuais, a existência da Igreja Uma, Santa, Imaculada, e gloriosa, são plenamente ratificadas pelo amém.
  Portanto à toda a vontade de Deus revelada na criação, na redenção, na Palavra, e pelo Espírito, dizemos Amém, e rejeitamos toda forma contrária que ataque as Escrituras e a todas elas dizemos Anátema. Porém para nós podemos subscrever essa fé de dizer amém com toda convicção ao Deus Pai, ao Deus Filho e ao Deus Espírito Santo, AMÉM!

COSTA, Hermisten M.P. Eu Creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo. São Paulo: Parakletos, 2002, 479p.